MEIO AMBIENTE

Cientistas estudam sedimentos da Amazônia para investigar mudanças ambientais ao longo de milhões de anos

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Mais de dois mil tubos contendo amostras do subsolo da Amazônia serão enviados nas próximas semanas do Instituto de Geociências (IGc) da USP para a Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. As amostras fazem parte do Projeto de Perfuração Transamazônica (TADP), que busca investigar a evolução geológica e ambiental da maior floresta tropical do planeta.

Os materiais foram extraídos entre maio e setembro de 2024 na margem sul da Ilha de Marajó, no município de Bagre (PA), e alcançaram 924 metros de profundidade. Cada tubo corresponde a um segmento do poço de perfuração e contém sedimentos depositados pelo Rio Amazonas ao longo de aproximadamente 25 milhões de anos.

As perfurações integram um esforço internacional envolvendo pesquisadores de 12 países. No Brasil, o projeto é coordenado pelo geólogo André Sawakuchi, da USP, e conta com a participação de cientistas de outras dez universidades públicas, além do Museu Paraense Emílio Goeldi.

O material será analisado em laboratórios nos Estados Unidos e em outros países para estudos físicos, químicos e biológicos. As análises incluem a identificação de vestígios de pólen, partículas de carvão e grãos de quartzo, o que permitirá reconstituir aspectos do clima, da paisagem e da biodiversidade da Amazônia em diferentes períodos históricos.

Parte das análises será feita em um laboratório escuro, com técnicas de luminescência que permitem determinar a idade e a origem geográfica dos grãos de areia. A identificação da procedência dos sedimentos é fundamental para entender como os eventos geológicos, como o soerguimento da Cordilheira dos Andes, influenciaram a formação da Bacia Amazônica e os sistemas fluviais atuais.

O TADP também realizou uma perfuração anterior, entre junho e dezembro de 2023, no município de Rodrigues Alves, no Acre. Essa escavação alcançou 923 metros de profundidade. Ambas as operações enfrentaram dificuldades técnicas e limitações de recursos, o que impediu que as metas iniciais de perfurar até 2 mil metros fossem atingidas.

Apesar dos desafios, os pesquisadores consideram que o material coletado representa um avanço nas investigações sobre a história da Amazônia. As perfurações realizadas foram as mais profundas já conduzidas na região.

Com informações de globo.com – Foto: Herton Escobar / USP Imagens

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