MEIO AMBIENTE

Estudo relaciona demarcação de terras indígenas à redução de doenças respiratórias e infecciosas

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Um estudo publicado na revista científica Nature concluiu que a demarcação de Terras Indígenas (TIs) contribui para a redução de doenças respiratórias e infecciosas em cidades localizadas até 500 quilômetros de distância desses territórios. A pesquisa analisou dados coletados entre 2000 e 2019 nos nove países da Amazônia e apontou que áreas legalmente protegidas apresentam maior capacidade de mitigar os efeitos da poluição causada por queimadas e de frear a disseminação de enfermidades tropicais, como malária, leishmaniose e hantavírus.

A investigação foi conduzida por Julia Barreto, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), e Paula Prist, da União Internacional pela Conservação da Natureza. Segundo Prist, o estudo avaliou o impacto do material particulado fino, emitido pelas queimadas e transportado por longas distâncias, que afeta o sistema respiratório e aumenta a incidência de doenças cardiovasculares. “Analisamos a população inteira da Amazônia. Precisa-se de muito mais floresta para proteger um município degradado. A Terra Indígena protegida equilibra toda a região”, afirmou.

O levantamento identificou que a integridade florestal influencia diretamente na saúde da população. Municípios com grande devastação fora das áreas indígenas dependem mais das reservas demarcadas para compensar os efeitos da poluição. Em locais com preservação abaixo de 40%, a influência dessas áreas sobre a redução de doenças se torna residual. O estudo também destaca que florestas e TIs ajudam a remover partículas poluentes do ar por meio da deposição seca, funcionando como barreiras naturais contra a degradação ambiental.

Para Barreto, os resultados evidenciam a função dos territórios indígenas além da garantia de direitos ancestrais. “A importância desses territórios está além do reconhecimento do direito ancestral. Eles têm um papel sobre a saúde humana, com evidências de seus benefícios”, disse. A pesquisadora enfatizou ainda que os efeitos positivos não se restringem aos povos indígenas, mas se estendem a comunidades urbanas próximas, já que essas áreas atuam como serviços ambientais que fortalecem a qualidade de vida em toda a região.

As pesquisadoras reforçam que os dados levantados estão disponíveis gratuitamente para apoiar novas análises e políticas públicas. O estudo indica que ampliar a proteção de florestas sob manejo indígena pode reduzir poluentes atmosféricos e melhorar a saúde em escala regional, integrando preservação ambiental e prevenção de doenças.

Fonte e foto: Agência Brasil

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