A menos de uma semana do prazo final para atualização das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Acordo de Paris, os maiores emissores de gases de efeito estufa ainda não entregaram novas metas. O prazo se encerra em 30 de setembro e, segundo dados da organização World Resources Institute (WRI), até o momento apenas 50 países apresentaram compromissos, cobrindo 24% das emissões globais.
China, Índia, União Europeia e Rússia permanecem sem revisão de suas metas, o que gera preocupação diante da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro em Belém. Entre os países do G20, apenas Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Japão cumpriram o prazo inicial, em fevereiro deste ano. “Se a gente olhar os países do G20, que são os maiores emissores, somente cinco tinham enviado até o prazo correto”, afirmou Gustavo Souza, diretor de Políticas Públicas da Conservação Internacional (CI-Brasil).
No mesmo período, 16 países, entre eles Austrália, Angola e Chile, apresentaram atualizações. Apesar disso, o avanço é considerado insuficiente para reverter a trajetória de aquecimento global. O governo brasileiro, que tem buscado ampliar o engajamento internacional, estabeleceu como meta alcançar pelo menos 120 entregas até a COP30.
Durante a Assembleia Geral da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou para os riscos da falta de compromissos claros. “Sem ter o quadro completo das Contribuições Nacionalmente Determinadas caminharemos de olhos vendados para o abismo”, disse. A avaliação é de que a crise no multilateralismo dificulta avanços, mas especialistas destacam que as negociações climáticas já contribuíram para reduzir projeções de aquecimento global. Segundo o WWF-Brasil, a previsão de aumento de temperatura que já foi de 6°C caiu para 4,5°C com as medidas atuais, embora ainda acima do limite considerado seguro de 2,4°C.
O desafio permanece em torno da mobilização dos grandes emissores, cuja participação é essencial para que a COP30 produza resultados capazes de frear a intensificação da crise climática.