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Documentário registra luta dos povos indígenas do Juruá contra empreendimentos sem consulta

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Um documentário em produção busca dar visibilidade à luta dos povos indígenas do Juruá diante das ameaças representadas por projetos de estrada na fronteira entre o Brasil e o Peru. A obra, financiada pela Lei Paulo Gustavo – Acre (Edital de Audiovisual nº 006/2023), conta com apoio da Fundação Elias Mansour, do Governo do Acre e do Governo Federal, e tem como proponente Arison Jardim. O filme está sendo realizado em parceria com a Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (Opirj) e Associação Apiwtxa, inclui gravações em Marechal Thaumaturgo, na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, na Serra do Divisor, além de entrevistas com lideranças locais, representantes do Ministério Público Federal e especialistas peruanos.

O objetivo é registrar as narrativas de comunidades indígenas e tradicionais que enfrentam o avanço de empreendimentos viários, como a estrada UC-105, aberta ilegalmente no Peru, e a proposta de ligação entre Cruzeiro do Sul (AC) e Pucallpa (PE). O documentário reúne pesquisa bibliográfica, depoimentos de lideranças como Francisco Piyãko, coordenador da Opirj, e análises técnicas, como a do procurador da República Lucas Dias e do diretor da ONG ProPurús, Iván Brehaut. O material destaca ainda a resistência das comunidades e a mobilização em defesa da floresta.

A produção dialoga com decisões recentes da Justiça, que suspendeu a construção da estrada entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa por falta de estudos técnicos e de consulta livre, prévia e informada às comunidades indígenas. Também incorpora denúncias feitas por organizações como a Associação Ashaninka do Rio Amônia – Apiwtxa, que alertam para os riscos da estrada Nueva Italia – Puerto Breu (UC-105), apontada como rota para desmatamento, narcotráfico e invasão de territórios indígenas. Estudos da Conservation Strategy Fund (CSF) reforçam os argumentos ao concluir que o projeto não é economicamente viável, geraria desmatamento superior a 24 mil hectares e prejuízos sociais de quase R$ 1 bilhão no Peru e R$ 960 milhões no Brasil. Pesquisas acadêmicas, como a da Universidade Federal do Acre, também apontam que alternativas como ferrovias causariam menos impacto ambiental do que rodovias na região.

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