A Embrapa apresentou, no dia 12 de novembro, em Frutal (MG), duas novas variedades de abacaxi desenvolvidas para resistir à fusariose, doença que afeta a produção nacional e causa perdas nas lavouras. O lançamento ocorreu durante um dia de campo reunindo produtores, técnicos e instituições parceiras, com foco na BRS Sol Bahia e BRS Diamante, materiais que passaram por testes desde 2018 e foram registrados em 2022.
A fusariose, causada pelo fungo Fusarium guttiforme, compromete frutos, mudas e o desenvolvimento das plantas, o que pressiona produtores a adotarem manejo químico intensivo. As novas variedades foram apresentadas como alternativas para reduzir perdas e custos. Segundo o pesquisador Davi Junghans, da Embrapa, “esses materiais representam um salto de qualidade e segurança para a abacaxicultura brasileira, com resistência total à fusariose”.
Os experimentos ocorreram na Fazenda Agrícola Boa Vista, onde, em 2023, áreas com a variedade Pérola foram afetadas pela doença, enquanto plantas da Embrapa permaneceram preservadas. Os resultados indicam produtividade de até 56 toneladas por hectare, superior à média nacional de 26 toneladas por hectare, conforme dados do IBGE.
As duas cultivares, chamadas de “irmãos germanos” por compartilharem origem genética, derivam do cruzamento entre uma variedade amazônica e a cultivar Gold (MD-2). Os frutos pesam entre 1,37 kg e 1,67 kg, apresentam polpa doce e acidez equilibrada, além de folhas com poucos espinhos e manejo simplificado. Junghans afirma que o BRS Sol Bahia e o BRS Diamante chegam para substituir materiais mais vulneráveis à doença e ampliar a segurança da produção.
As novas variedades já foram testadas em diferentes estados produtores, incluindo Bahia, Minas Gerais, Pará, Ceará, Paraíba, Espírito Santo, Mato Grosso e Rio de Janeiro. A maturação diferenciada amplia a janela de comercialização: o BRS Sol Bahia amadurece duas semanas depois do Pérola, enquanto o BRS Diamante tem colheita cerca de 30 dias mais tardia. As análises sensoriais da Embrapa registraram boa aceitação entre consumidores.
A produção de mudas está sendo realizada por micropropagação em biofábricas, com posterior multiplicação por meio da Rede Ananás, criada pela Embrapa para garantir material genético padronizado. O coordenador da Rede, Herminio Rocha, destaca que “é essencial que o agricultor adquira mudas de licenciados oficiais, que seguem protocolos da Embrapa e garantem a origem e a sanidade das plantas”.
Minas Gerais, terceiro maior produtor do país, cultiva cerca de 5,2 mil hectares, com destaque para Frutal, responsável por 2,6 mil hectares. No Brasil, a produção anual chega a 1,5 bilhão de frutos, colocando o país na quarta posição mundial, segundo a FAO. A adoção das novas variedades se conecta ao esforço de reduzir riscos sanitários e ampliar ganhos econômicos na cadeia produtiva.