A Terra Indígena Puyanawa, localizada em Mâncio Lima (AC), recebe entre os dias 18 e 23 de julho a sétima edição do Festival Atsa, evento organizado pela própria comunidade com o objetivo de promover a cultura, a espiritualidade e a economia do povo Puyanawa. A expectativa da organização é que até 15 mil pessoas participem das atividades ao longo da programação.
Com entrada paga e estrutura montada pelos próprios indígenas, o festival oferece imersão em práticas ancestrais e atrações como danças tradicionais, rituais, oficinas, apresentações artísticas e esportes indígenas, além da comercialização de produtos cultivados na aldeia, como alimentos e artesanato. A hospedagem também é organizada pela comunidade, com pacotes que incluem transporte e alimentação, contribuindo diretamente para a renda das famílias locais.
O cacique Joel Puyanawa destacou o significado do evento para o fortalecimento do povo indígena. Segundo ele, o festival representa um momento de reafirmação da cultura e da espiritualidade diante da sociedade. “É uma missão que carrego com honra. Celebramos algo que não imaginávamos viver, reafirmando nossa capacidade e passando adiante esse aprendizado para os mais jovens”, afirmou.
Francisco Piyãko, coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (Opirj), também acompanhou a abertura do evento e reforçou o papel do festival na valorização da cultura local. “Se os povos estiverem fortes, com certeza a região, o Brasil e o mundo inteiro vão receber essa energia, porque aqui é uma região sagrada, com uma diversidade de povos e uma riqueza única. A Opirj é a instituição que faz esse elo entre território e o mundo também”, declarou.
Entre as atrações, a Casa da Pintura é um dos espaços mais visitados. Nela, os visitantes podem conhecer os significados das grafias corporais feitas com tinturas naturais. As pinturas representam saberes tradicionais, como o símbolo da jibóia, associado à proteção e à sabedoria.
Além de reunir indígenas e não indígenas, o festival também atrai atenção internacional. Nesta edição, a equipe de um programa europeu sobre culturas originárias esteve presente para registrar o evento e conversar com a comunidade. Para os Puyanawa, compartilhar sua história com o mundo é uma forma de resistência e continuidade.
O evento reafirma o protagonismo indígena na condução de iniciativas culturais com impacto territorial, turístico e simbólico. A cada edição, o Festival Atsa se consolida como um espaço de troca, reconhecimento e valorização da diversidade cultural no Acre.