O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta sexta-feira (10), em São Paulo, o novo modelo de crédito imobiliário que passa a reestruturar o uso da poupança para ampliar a oferta de financiamento habitacional, com foco na classe média. O anúncio ocorreu durante o evento Incorpora 2025, um dos principais do setor de construção civil.
A principal mudança é o aumento do valor máximo dos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. Além disso, o modelo extingue gradualmente os depósitos compulsórios que hoje os bancos mantêm no Banco Central, tornando o total dos recursos depositados na poupança a nova referência para o volume de crédito habitacional.
Atualmente, 65% dos recursos captados na poupança são obrigatoriamente destinados ao crédito imobiliário, 15% ficam livres para outras operações e 20% vão para o Banco Central como depósito compulsório. A partir da transição, esses percentuais serão modificados. O volume dos compulsórios será reduzido para 15% e parte dos recursos passará a compor o novo regime de financiamento.
Segundo o governo, o objetivo é modernizar as regras do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e ampliar o volume de crédito disponível. “Na medida em que mais valores são depositados em poupança, mais crédito será disponibilizado para financiamento imobiliário, o que tende a ampliar a oferta de crédito”, informou o comunicado oficial.
Com a mudança, a Caixa Econômica Federal estima financiar cerca de 80 mil novas moradias até 2026. A reforma também amplia o acesso das instituições financeiras ao mercado imobiliário, permitindo que bancos que não captam poupança concedam crédito habitacional em condições equivalentes. “O novo modelo aumenta a competição, pois incorpora os depósitos interfinanceiros imobiliários ao direcionamento”, afirmou o governo.
A transição para o novo sistema começa ainda em 2025 e deve ser concluída em janeiro de 2027. Durante esse período, as operações de crédito seguirão as regras do SFH, que limitam os juros a 12% ao ano. O governo espera que o modelo contribua para estabilizar o mercado de habitação, fortalecer o financiamento para a classe média e estimular o setor da construção civil.
Foto: Pedro Devani