Estudos conduzidos pela Embrapa Meio Ambiente e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indicam que óleos essenciais de origem vegetal podem substituir fungicidas químicos no controle de doenças fúngicas pós-colheita em mamão e laranja. A pesquisa foi divulgada em julho de 2025.
Os testes laboratoriais mostraram que extratos de orégano, canela casca, alecrim pimenta e manjericão-cravo conseguiram inibir o crescimento de fungos responsáveis por perdas que chegam a 50% no mamão e 40% na laranja. O estudo foi realizado com base em amostras isoladas de frutos infectados e cultivadas em meio de cultura.
No caso do mamão, o óleo de alecrim pimenta apresentou inibição total de cinco patógenos testados, incluindo Phoma caricae-papayae e Colletotrichum gloeosporioides, mesmo em baixas concentrações. Já o óleo de orégano demonstrou forte ação contra a maioria dos fungos com concentração mínima inibitória de 0,50 μL/mL.
Na pesquisa com laranjas, os óleos também foram eficazes contra os fungos Penicillium digitatum e Geotrichum citri-aurantii, causadores do mofo verde e da podridão azeda. O óleo de canela casca foi o mais eficiente nesse caso, controlando ambos os fungos com a menor dosagem aplicada.
Segundo os pesquisadores, os compostos químicos majoritários desses óleos — carvacrol, timol, eugenol e cinamaldeído — foram os principais responsáveis pela ação antifúngica. Em misturas, esses compostos apresentaram efeito sinérgico, aumentando a eficácia do controle.
A equipe também destacou a necessidade de padronização dos óleos, já que diferentes lotes apresentaram variação na composição química, mesmo com origem e fornecedor idênticos.
Para Daniel Terao, pesquisador da Embrapa, os dados apontam para o potencial de formulações comerciais com base nesses óleos. “É necessário testar as soluções em frutas armazenadas em condições reais para avaliar a viabilidade de uso em larga escala”, afirmou.
Os resultados reforçam a possibilidade de adoção de bioinsumos no manejo pós-colheita, com impacto direto na redução de perdas e no atendimento a demandas de sustentabilidade e segurança alimentar.
As publicações científicas associadas ao estudo estão disponíveis nas revistas Anais da Academia Brasileira de Ciências e Arabian Journal for Science and Engineering.