A crise ambiental no Acre se intensifica com o avanço das queimadas e a persistente seca que atinge a região desde o início de junho. Na última semana, municípios como Cruzeiro do Sul e Porto Acre registraram níveis alarmantes de poluição atmosférica, colocando a população em alerta devido à alta concentração de material particulado (PM 2.5) no ar.
Em Cruzeiro do Sul, a situação foi considerada crítica. Na terça-feira, 10 de setembro, a concentração de PM 2.5 chegou a 152 microgramas por metro cúbico (ug/m³), sete vezes acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No dia seguinte, as aulas foram suspensas, e a qualidade do ar foi classificada como uma das piores entre os 22 municípios do estado.
Porto Acre também enfrentou um cenário grave, registrando, no dia 6 de setembro, a maior concentração de poluentes no ar, com 277 ug/m³, o que representa 14 vezes o máximo recomendado pela OMS. As queimadas, impulsionadas pela preparação de áreas para agricultura e pecuária, são apontadas como a principal causa da deterioração da qualidade do ar. Nos primeiros 11 dias de setembro, Porto Acre teve oito dias classificados como de péssima qualidade.
O impacto da poluição não se limita ao ar. A falta de chuvas e o calor intenso também afetam os principais rios da região, que estão em níveis críticos de vazante. O rio Acre, em Rio Branco, registrou 1,27 metros de profundidade, apenas dois centímetros acima do menor volume já registrado em sua história. Em Brasiléia, o rio Acre está com 78 centímetros, o pior nível em cinco décadas. No Juruá, o cenário é similar, com rios apresentando níveis tão baixos que dificultam a navegação e o acesso das comunidades ribeirinhas.
O prolongamento da estiagem, associado ao aumento das queimadas, impõe desafios urgentes para o Acre. As previsões meteorológicas indicam que o estado deve enfrentar chuvas abaixo da média até o final do ano, aumentando a pressão sobre os recursos naturais e a população mais vulnerável.
Fonte: Fábio Pontes, O Varadouro – Foto: Sérgio Vale