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MEIO AMBIENTE

Como os acordos internacionais influenciam a construção das políticas públicas ambientais do Acre abrindo janelas de oportunidades econômicas

Desenvolvimento Sustentável na Amazônia: Integrando Políticas Ambientais para a Recuperação da Vegetação Nativa

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*Por Julie Messias
Estamos diante de um cenário mundial que, evidenciado pelas mudanças climáticas, tem moldado os padrões de consumo e, consequentemente, a economia global. A nível regional, os impactos batem à porta, uma vez que o Estado é o responsável, em mais de 90%, pela implementação das políticas ambientais, ou seja, a primeira porta dos problemas, como também das soluções mais consistentes pelo olhar da realidade local.

Frente a esse desafio, adicionada à dimensão geopolítica, os países buscam convergir sobre a necessidade de frear o aquecimento global e a perda de biodiversidade, a partir das negociações nas grandes Conferências do Clima e da Biodiversidade, no marco da Organização das Nações Unidas (ONU). A COP Clima e a COP da Biodiversidade, possuem a finalidade de estabelecer compromissos e obrigações claras para os países nos temas específicos.

Resultado da COP Clima, o Acordo de Paris, assinado em 2015, foi um marco ao definir que cada país estabelecesse a sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês). Atualizada em 2023, a NDC brasileira estabelece a redução das emissões do país em 48% até 2025 e 53% até 2030, em relação às emissões de 2005. Além disso, reiterou seu compromisso de alcançar emissões líquidas neutras até 2050, ou seja, tudo que o país emitir deverá ser compensado com fontes de captura de carbono, como plantio de florestas, recuperação de biomas e outras tecnologias. Nessa, temos o compromisso assumido de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas.

Já a COP da Biodiversidade, realizada em Montreal, no Canadá, em dezembro de 2022, resultou o Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, com 23 metas que buscam orientar um novo padrão na relação da sociedade com a biodiversidade. Das metas, a restauração de pelo menos 30% do território terrestre, marinho e costeiro, degradado até 2030. Destacam-se, ainda, o aumento das áreas protegidas para 30% do território terrestre, o aporte de US$ 200 bilhões anuais para a proteção da natureza e redução em US$ 500 bilhões anuais os subsídios para atividades que ameaçam as espécies e seus habitats.

Para dar apoio aos países em desenvolvimento, no âmbito das COPs, foram estabelecidos mecanismos de financiamento climático como o Fundo Verde para o Clima (GCF), o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e o Fundo de Adaptação (AF), bem como outras fontes públicas bilaterais ou multilaterais.

É importante ressaltar que os acordos internacionais são construídos, a partir do reconhecimento da necessidade do trabalho cooperativo, a partir das condições necessárias para uma resposta eficaz a um problema comum às partes. Cada país, a respeito das suas particularidades, é o responsável pelo desenvolvimento dos devidos mecanismos para o cumprimento dos pactos estabelecidos. E, de fato, aos estados compete uma grande parcela de contribuição direta.

Ambiente favorável para o desenvolvimento da cadeia da recuperação da vegetação nativa 

Primeiro é importante reconhecer o potencial do desenvolvimento social e econômico da agenda da recuperação da vegetação nativa, observados os desafios de estabelecer um ambiente atrativo – legal, de investimentos e de estruturação da cadeia, da necessidade de metas objetivas, da regularização e integridade ambiental, da recuperação de ecossistemas e da biodiversidade, do reconhecimento da vocação local, da tradicionalidade, e outros.

Especialmente no Brasil, há um arcabouço de políticas públicas e recursos disponíveis associados às iniciativas voltadas à estratégia para a redução do desmatamento, recuperação e agricultura de baixo carbono. São alguns exemplos a Lei Nº 12.651/2012, que dispõe sobre a Proteção da Vegetação Nativa; a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO); o Plano de Agricultura de Baixas Emissões de Carbono (Plano ABC); o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf); a Lei Nº 14.119/2021, que institui a Política Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais (PNPSA); o Programa de Aquisições de Alimentos (PAA); o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); a Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg); o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg); e outros.

Sob o olhar local, o Estado do Acre estruturou suas políticas públicas ambientais que o qualifica diante das grandes discussões e iniciativas como essa. São alguns exemplos a Lei Estadual nº 1.903/2007, que institui o Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Acre, ZEE; o Decreto Estadual nº 1.904/2007, que regulamenta o Cadastro Ambiental Rural, CAR; o Decreto Estadual nº 9.025/2018, que instituiu o Programa de Regularização Ambiental das propriedades e posses rurais no âmbito do Estado do Acre, PRA Acre, a Lei Estadual nº 2.308/2010, que cria o Sistema de Incentivo aos Serviços Ambientais, SISA; o Decreto nº 11.372/2023, que instituiu o Plano Estadual de Prevenção e Controle de Desmata- mento e Queimadas no Acre – PPCDQ-AC. e outras.

O desafio é integrar todas essas políticas sob o viés da recuperação da vegetação nativa. Nesse contexto, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Acre (Sema) vem estabelecendo os estudos e procedimentos necessários para a elaboração do Plano Estadual da Recuperação da Vegetação Nativa (Peveg). 

A iniciativa de desenvolver um Plano de Recuperação em âmbito estadual surge como uma oportunidade valiosa para coordenar ações e estabelecer metas alinhadas às particularidades locais, prioridades emergentes e recursos disponíveis.

Esse processo se configura como uma política transversal que atravessa a questão ambiental, buscando promover uma eficaz adaptação dos proprietários rurais às normas ambientais, atendendo a um mercado consumidor cada vez mais consciente da sustentabilidade, da política de baixo carbono, e da necessidade de redução das emissões de gases do efeito estufa. Além disso, contribui para a mitigação dos impactos sobre o ciclo hidrológico e a biodiversidade, resultando no aumento e diversificação da produção de alimentos, maior rentabilidade econômica, geração de empregos e, consequentemente, na melhoria da qualidade de vida em resposta aos benefícios dos serviços ambientais.

Existe uma janela de oportunidades e com ela o desafio de integrar os vários esforços para dar escala à restauração de paisagens e florestas. Existe um movimento de colaboração dos diferentes setores para o desenvolvimento de novas áreas de negócios voltados à recuperação da vegetação nativa. O governo brasileiro anunciou R$ 1 bilhão para o arco da restauração, com R$ 450 milhões aprovados do Fundo Amazônia. A Salesforce se comprometeu a disponibilizar cerca de US$ 6 milhões até 2025, já o BNDES vem executando o Floresta Viva, com meta de investir 823 milhões ao longo de sete anos. Para além, novos mecanismos de financiamentos estão sendo desenvolvidos para promover a restauração, como o Fundo Fiduciário Multi-Parceiros e o Mecanismo de Capital Semente para Restauração.

Um estudo recente da Vitrine da Restauração da Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (Sobre) mostrou que a cadeia produtiva da restauração gerou 8.223 empregos diretos no Brasil em 2020, sendo 43% permanentes e 57% temporários. Os empregadores eram principalmente organizações sem fins lucrativos (48%) e empresas privadas (37%). Ainda de acordo com o estudo, comparativamente, na cadeia da soja é gerado um emprego a cada dez hectares, e a restauração pode criar até 0,42 empregos por hectare, a depender do método usado.

Ainda é importante reconhecer que não há incompatibilidade entre a produção agrícola e a conservação e restauração de ecossistemas nativos. Não se trata apenas de uma obrigação legal ou um ônus financeiro, pois há uma relação de serviços que os ecossistemas fornecem, na escala local, regional e até nacional.

Temos o necessário dever legal quanto ao meio ambiente, de protegê-lo e preservá-lo para as gerações presentes e futuras. Estabelecer um ambiente legal e atrativo para recuperação da vegetação nativa é parte do cumprimento deste dever, e o Acre tem buscado aplicar seu potencial inovador em prol do meio ambiente, da economia e da sociedade.

*Julie Messias é secretária de Estado de Meio Ambiente do Acre, presidente do Fórum de Secretários da Amazônia Legal e presidente da Força Tarefa dos Governadores pelo Clima e Florestas (GCF TF – Brasil)

MEIO AMBIENTE

Chuvas exigem respostas urgentes em Cruzeiro do Sul: Cidade enfrenta desafios e busca Soluções

Fenômenos climáticos extremos intensificam os desafios urbanos e reforçam a necessidade de respostas imediatas

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A Prefeitura de Cruzeiro do Sul mantém equipes realizando serviços essenciais para enfrentar o período de chuvas intensas. Entre as ações executadas estão desobstrução de sistemas de drenagem, limpeza de canais, remoção de escombros, reparos na rede de água e recuperação de vias, com o objetivo de mitigar os impactos causados pelas chuvas e garantir condições mínimas de circulação e segurança para a população.

A Secretaria Municipal de Obras, Urbanismo e Habitação já atuou em pontos críticos como a rua 17 de Novembro, Avenida Copacabana, Absolom Moreira, Travessa Paraná, Avenida São Paulo, Getúlio Vargas e Ramal Igarapé da Onça. Na última quinta-feira, uma área central, próxima ao Morro da Glória, sofreu desbarrancamento. Em resposta, as equipes da Secretaria executaram a recomposição do solo, evitando riscos maiores à mobilidade e ao entorno.

Enquanto os trabalhos de manutenção avançam, a cidade ainda se recupera do impacto emocional causado pela morte de um idoso de 90 anos, soterrado em um deslizamento de terra durante as chuvas intensas da última semana. O episódio revelou a gravidade das condições enfrentadas no período e deixou Cruzeiro do Sul de luto, destacando a necessidade urgente de medidas para evitar novas tragédias.

“Estamos enfrentando problemas estruturais agravados pelas chuvas, como bueiros entupidos e buracos em vias. Recentemente, registramos precipitações que causaram alagamentos, deslizamentos e interdições de ruas. Apesar disso, já solucionamos grande parte das ocorrências com medidas emergenciais, como desobstrução de bueiros e limpeza de galerias, para reduzir os impactos das próximas chuvas”, afirmou o secretário de Obras, Carlos Alves.

A gestão municipal segue mobilizada para enfrentar os desafios do inverno amazônico, priorizando a manutenção da infraestrutura e a resposta imediata aos problemas que surgem em decorrência das chuvas, enquanto a população busca superar a dor e as dificuldades impostas por esses eventos climáticos.

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MEIO AMBIENTE

Cruzeiro do Sul Promove Oficina para 1ª Conferência de Meio Ambiente

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A Prefeitura de Cruzeiro do Sul realizou, nesta quarta-feira (8), uma oficina preparatória para a 1ª Conferência Municipal de Meio Ambiente, no auditório da Escola Craveiro Costa. O encontro abordou cinco eixos temáticos que orientarão o evento principal, previsto para os dias 23 e 24 de janeiro, e serviu para elaboração de propostas preliminares.

Os eixos temáticos discutidos foram: mitigação de emissões de gases de efeito estufa, adaptação e prevenção de desastres, justiça climática, transformação ecológica e governança e educação ambiental. Participaram da oficina representantes do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMA), do Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC), do Instituto Federal do Acre (IFAC), sindicatos, comunidades locais e órgãos municipais.

Durante o encontro, foram analisadas questões específicas do município, como queimadas, desmatamento e seca em regiões antes não afetadas. Os participantes trabalharam na adaptação das diretrizes nacionais à realidade local para aprimorar a formulação de políticas ambientais.

A secretária de Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade de Cruzeiro do Sul, Edna Fonseca, afirmou que a iniciativa busca integrar as etapas municipal, estadual e nacional da conferência. Segundo ela, a inclusão de educação ambiental nas escolas é uma das prioridades debatidas.

O evento faz parte de uma agenda que pretende estruturar ações para reduzir impactos ambientais e propor soluções alinhadas ao contexto do município. A oficina foi um passo inicial no planejamento das atividades que serão apresentadas e debatidas durante a conferência.

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MEIO AMBIENTE

Rio Branco decreta emergência na ETA 1: Erosão ameaça estrutura que abastece 40% da capital

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A Prefeitura de Rio Branco decretou situação de emergência na Estação de Tratamento de Água 1 (ETA 1) devido à erosão que compromete sua estrutura de captação. O decreto, publicado nesta quinta-feira (2) no Diário Oficial do Estado, tem validade de 180 dias e busca agilizar ações para prevenir o desabastecimento de mais de 40% dos domicílios da capital, além de hospitais, escolas e presídios.

O prefeito Tião Bocalom informou que o governo estadual deverá liberar cerca de R$ 10 milhões para deslocar a estação para uma área mais segura e fora da zona de risco. O parecer técnico nº 004/2024 da Defesa Civil alertou sobre o avanço da erosão desde dezembro, apontando risco iminente de colapso da estrutura.

As licitações para as obras serão realizadas de forma acelerada, com previsão de início dos trabalhos definitivos em até 60 dias. Enquanto isso, a Defesa Civil continuará monitorando a situação para mitigar a velocidade da erosão e garantir a segurança no abastecimento da cidade.

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