Destaque no Txai Amazônia, empreendimento familiar une fé e preservação em produção de óleos essenciais na Chapada Diamantina
Com quase 19 mil seguidores no Instagram, o empreendimento une sociobiodiversidade e economia, principais temas do Seminário Internacional Txai Amazônia, realizado entre os dias 25 e 28 de junho, no espaço eAmazônia da Universidade Federal do Acre, em Rio Branco.
Fruto do sonho de uma família, a Essências da Chapada é uma empresa familiar de produção de óleos essenciais, nascida na Chapada Diamantina, na Bahia. Jé, Paulinho, Madu e Maga, a Família X, transformaram Ibicoara em seu laboratório, onde a fé e preservação se tornam cheiro e saúde. Com quase 19 mil seguidores no Instagram, o empreendimento une sociobiodiversidade e economia, principais temas do Seminário Internacional Txai Amazônia, realizado entre os dias 25 e 28 de junho, no espaço eAmazônia da Universidade Federal do Acre, em Rio Branco.
O “Essências” será um dos casos de sucesso emblemáticos da bioeconomia regional presentes no TXAI Amazônia. Paulinho, um dos fundadores, fala sobre o início de sua jornada. Para ele, o encanto pelas belezas naturais e a história da região, aliado à indignação com o crescimento constante da produção de resíduos sólidos, contribuíram para a construção do projeto:
“E, no passo seguinte, veio a curiosidade pelas plantas, os raizeiros e todo esse conhecimento popular. A Jé começou, junto com a Liz e a Isa, a fazer sabonete. Começamos a usar e vimos que era interessante. Mas eu gostaria de frisar que o foco principal era o aproveitamento dos resíduos mesmo e, obviamente, a parte medicinal e ecológica veio junto. Foi um mundo que a gente acabou gostando e também enxergou como uma possibilidade de fonte de renda, já que o turismo e a hospedagem estavam crescendo muito”, revela.
31,9% dos municípios brasileiros ainda utilizam lixões como unidade de disposição final de resíduos sólidos, considerada a pior forma de destinação, segundo o IBGE em 2023. A preocupação da Família X gerou renda e apontou uma rota que não só preserva o meio ambiente, mas também o torna produtivo. Outro aspecto da empresa é o resgate histórico-cultural da Chapada Diamantina, além da conexão com os antepassados dos produtores: “A gente acaba resgatando uma herança que era até da nossa família. A avó da Jé já fazia sabão e minha avó paterna benzia”.
A participação do empreendimento no Txai Amazônia será na sexta-feira, 27, às 10h30, no eAmazônia (Ufac). Para participar, os interessados devem efetivar a sua inscrição por meio do site do Txai Amazônia. O link também está disponível nas redes sociais do @txai.amazonia.
Consolidação e desafios
A marca nasceu em 2018 (Foto: Arquivo Pessoal)
A marca iniciou a comercialização de produtos como sabonetes, shampoos, óleos essenciais, águas aromáticas, pomadas, desodorantes e outros fitocosméticos em 2018. Todos são elaborados com plantas nativas ou cultivadas na Chapada Diamantina. A proposta sempre foi oferecer produtos 100% naturais, voltados tanto para uso familiar quanto para a comunidade e visitantes.
Com o tempo, eles construíram um laboratório no Campo Redondo, comunidade rural de Ibicoara, o que permitiu ampliar a produção e elevar a qualidade dos produtos, consolidando assim a marca. Em cinco anos de atuação, produziu óleos essenciais de 30 espécies de plantas brasileiras, incluindo oito espécies nativas da região.
“A gente despertou ainda mais esse querer de estar junto com a comunidade, de fortalecer tudo isso. O que eu vejo são esses fatores: da gente não só fazer parte diretamente da comunidade, mas também inseri-la dentro do nosso projeto”, declara Paulinho.
Contudo, a Essências da Chapada também enfrenta desafios, como a falta de investimento. Mesmo com uma forte rede de apoio, o retorno financeiro segue sendo um desafio, assim como a ausência de iniciativas do poder público para o fortalecimento de marcas populares como esta.
“O que a gente sonha mesmo é com a estabilização, que ela possa gerar renda pra gente conseguir viver bem, em harmonia com o Campo Redondo, com nossos quereres. Imaginando que essas comunidades têm até mais potencial do que a gente, porque já vivenciam mesmo, de fato, esse conhecimento popular. A Essências da Chapada só tende a somar”, finaliza o entrevistado.
E esse é um dos pontos de retorno do Txai Amazônia, impulsionar o fomento de possíveis investidores nos empreendimentos que atuam na área de bioeconomia e sociodiversidade do país, em especial, da Região Amazônica.
Sobre o TXAI Amazônia
Estreando no Acre, o seminário reunirá líderes dos nove estados da Amazônia Legal, além de Bolívia e Peru, para promover a bioeconomia e a valorização da sociobiodiversidade como base para o desenvolvimento econômico da região.
O seminário é organizado pelo Instituto SAPIEN, uma instituição científica, tecnológica e de inovação dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional, em parceria com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, suas secretarias e 25 instituições locais.
Durante quatro dias, o TXAI Amazônia abordará sete temas em 15 painéis, apresentando 20 casos de sucesso da bioeconomia regional e uma Mostra Artística que integrará povos tradicionais, comunidade acadêmica e autoridades. O evento tem expectativa de 2 mil participantes presenciais e é totalmente gratuito.
A escritora Conceição Evaristo será homenageada na 15ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup), que ocorre em novembro, no Rio de Janeiro. É a primeira vez que o festival presta homenagem em vida a uma personalidade, decisão anunciada pela organização do evento.
A Flup já destacou em anos anteriores nomes como Beatriz Nascimento, Machado de Assis, Mãe Beata de Iemanjá, Pixinguinha, Aldir Blanc, Lélia Gonzalez e Carolina Maria de Jesus. Este ano, a organização afirma que a trajetória de Conceição Evaristo se conecta com a própria história do festival e com o público que acompanha a programação. Segundo o idealizador e diretor da Flup, Julio Ludemir, ao homenagear a autora, o festival “reconhece a escrevivência como um gesto político e poético, capaz de reencantar o mundo a partir das vozes negras e periféricas”. Ele afirma que a visibilidade de Evaristo acompanha o crescimento da Flup e que “a cada segundo aparece um novo leitor da Conceição Evaristo”.
Ludemir explica que a escolha também simboliza o reconhecimento a um Brasil que passou a ocupar espaços de produção intelectual e artística por meio de ações afirmativas e políticas públicas. Para ele, “homenagear Conceição Evaristo é homenagear a obra dela, a militância dela, a biografia”, ressaltando a relação da escritora com leitores que se reconhecem em sua trajetória.
A programação da edição de 2025 será realizada no Viaduto de Madureira, na Central Única das Favelas (CUFA), e no espaço Zê Êne. O festival terá mesas, oficinas, mostra audiovisual e o Campeonato Brasileiro de Slam Poetry. Entre os convidados estão artistas e pensadores do Brasil, Caribe, África, Europa e América do Norte. Estão previstas presenças de Achille Mbembe, Ana Maria Gonçalves, Mireille Fanon Mendès-France, Eliana Alves Cruz e Steve McQueen, além de shows de Sandra Sá, Mano Brown, Luedji Luna, Jonathan Ferr e Majur.
A curadoria internacional é assinada pela pesquisadora franco-senegalesa Mame-Fatou Niang, dentro da temporada cultural França-Brasil. Segundo ela, compreender a presença negra na cultura brasileira é um desafio, afirmando: “eu cresci assistindo novelas e amando o Carnaval, mas eu não sabia que o Brasil era um país negro”.
Ludemir destaca que a parceria com a França acompanha a Flup desde sua criação e que o projeto conquistou reconhecimento internacional antes mesmo de ser amplamente valorizado no Brasil. Ele diz que, em momentos sem Ministério ou Secretaria de Cultura, o festival manteve edições graças ao apoio internacional.
A Flup ocorrerá entre 19 e 23 e 27 e 30 de novembro, com participação de Conceição Evaristo em todos os dias do evento.
Com a proposta de levar serviços gratuitos à população, como atendimentos médicos e de saúde, corte de cabelo, design de sobrancelhas, massagem, palestras, atividades infantis, apresentações culturais e musicais, o Senac realiza nesta sexta-feira, 7, o programa Senac na Comunidade, na unidade do Senac no município de Cruzeiro do Sul.
A iniciativa, que tem foco especial nas regiões de maior vulnerabilidade social do Estado, será realizada na unidade do Senac no município, localizada na Avenida Lauro Müller, bairro Artur Maia, em frente ao Areal do Albir, a partir das 8h.
“O objetivo do programa é fortalecer os vínculos entre escola, família e sociedade, promovendo a cidadania e oferecendo oportunidades reais de transformação pessoal e coletiva”, destacou o diretor regional do Senac Acre, Deywerson Galvão.
A analista técnica do Senac Acre e uma das organizadoras do evento, Areta Araújo, explicou que, com esse programa, o Senac busca aproximar-se ainda mais das pessoas e criar oportunidades reais de cuidado, aprendizado e transformação social. “O Senac na Comunidade foi pensado para atender quem mais precisa, levando serviços essenciais e capacitação até aqueles que, muitas vezes, não têm acesso a essas ações no dia a dia”, afirmou.
Na área de Saúde e Bem-Estar, serão oferecidos serviços como aferição de pressão arterial, teste de glicemia, testes rápidos, triagem, vacinação e atendimento médico.
Para quem busca cuidados estéticos, haverá corte de cabelo, tranças, maquiagem, design de sobrancelhas e massagem. Na Gastronomia, o público poderá participar de oficinas práticas de técnicas de confeitaria, preparo de peixe-delícia, hambúrguer e mini pizzas.
A qualificação profissional é destaque, com oficinas e palestras sobre edição de fotos e elaboração de currículos com Inteligência Artificial, além de temas como o profissional do futuro, transformação digital e comportamento no mercado de trabalho.
A programação inclui ainda atividades culturais e de lazer, com recreação infantil, apresentações artísticas e um show de talentos.
Antes mesmo de iniciar a sessão de estreia do documentário “Criativos” o público presente teve uma prévia do que iria encontrar no curta-metragem. A entrada do Teatro Banzeiros abrigou dezenas de obras dos artistas Geraldo Cruz e Eryle Aguiar. Olhos gigantes, flores e formas abstratas deram as boas-vindas ao público. No palco, Bira Lourenço performou parte de sua dramaturgia sonora, brindando os espectadores com sonoridades extraídas de objetos do cotidiano, como canos, vassoura e bacia de alumínio. Os artistas convidados deram o tom do lançamento do curta-metragem idealizado por Jordan Cruz e produzido pela Casaquatro.
Após a performance, aconteceu a primeira exibição do filme. “Criativos” apresenta o processo artístico de cinco fazedores de cultura de Rondônia, revelando ao público desafios e a beleza da criação de Bira Lourenço na pesquisa e produção de sons, Ubiratan Suruí, o primeiro fotógrafo indígena de Rondônia, a musicalidade de Kali Tourinho e a arte visual Geraldo Cruz e Eryle Aguiar. A sessão especial aconteceu na última quinta-feira (30), em Porto Velho.
Eryle, que está há um tempo afastada da pintura, comenta da emoção de ver o filme na tela e como se sentiu motivada a voltar a pintar. “Ter participado desse curta foi muito importante pra mim. Ver este documentário me incentivou muito a retornar a pintar, mas de uma forma diferente, uma Eryle, nova, que vai pegar num pincel, neste novo recomeço”, comenta emocionada.
Jordan Cruz, que divide a direção do documentário com Géssica Castro, destaca a capacidade criativa de Rondônia e do desejo de levar o filme a muitos lugares. “É um documentário que vai chegar em muitos corações. A gente tem uma fonte tão rica de criadores e eu acho que quanto mais a gente conseguir registar essa esfera criativa de Rondônia, mais perto a gente vai estar do nosso objetivo que é o reconhecimento da riqueza do nosso estado”, finaliza.
O curta-metragem foi contemplado pelo Edital nº 01/2024 – SEJUCEL – Audiovisual – Bolsas para Artes em Vídeo – Lei Paulo Gustavo e é uma produção da Casaquatro, com direção e fotografia de Jordan Cruz, codireção de Géssica Castro, roteiro de Ana Clara Duzanowski, produção de Talita Gusmão, operação de Câmera de Kelvily Nascimento e Gabriel Uchida, fotografia Still de Giovanna Régis, montagem de Rafael Carmo, pós-produção de Gualter Tabosa, coordenação de projetos de Bernardo Beduino (B2B Produção Cultural), assessoria de Comunicação de Juraci Júnior e identidade visual de Elivelton Valeriano.