A edição de 2025 da Expoacre, principal feira agropecuária e de negócios do estado, celebra 50 anos com expectativa de movimentar meio bilhão de reais em negócios. O evento será realizado de 26 de julho a 3 de agosto, no Parque de Exposições Wildy Viana, em Rio Branco, com mais de 500 expositores confirmados.
A projeção do governo estadual é superar os R$ 391 milhões registrados na edição anterior. Segundo o governador Gladson Cameli, a feira tem se consolidado como uma vitrine para o agronegócio, indústria, comércio e setor de serviços, movimentando também a economia da capital em áreas como hotelaria, alimentação e transporte. “Queremos apresentar o Acre para o Brasil e gerar novas oportunidades de negócios”, afirmou.
A estrutura do evento inclui programação cultural, leilões, rodeio e shows com artistas nacionais. Estão previstas apresentações de Gusttavo Lima, Jorge e Mateus, Zezé Di Camargo, Matheus & Kauan e Fernanda Brum. A entrada para os shows será garantida com a doação de dois quilos de alimentos não perecíveis, como parte de uma ação social de arrecadação organizada pelo governo.
A vice-governadora Mailza Assis destacou o caráter social da feira. Os alimentos arrecadados nas noites de show serão destinados a famílias em situação de vulnerabilidade. “Essa participação do público nos ajuda a reforçar a solidariedade e alcançar quem mais precisa”, explicou.
O secretário de Agricultura, José Luiz Tchê, ressaltou as inovações previstas, como o uso de tecnologia para análise de solo em tempo real e a promoção de produtos locais como café e cacau. A programação inclui ainda cerca de 50 peões no rodeio e diversos leilões.
De acordo com levantamento do Sebrae, a edição da feira em Cruzeiro do Sul, realizada no início de julho, registrou R$ 87 milhões em volume total de negócios e obteve avaliação média de 9 entre os visitantes. Com base nesse desempenho, a expectativa do governo é atrair cerca de 400 mil pessoas ao evento na capital.
A pesquisa “Cultura nas Capitais”, divulgada em junho, aponta a Expoacre como o segundo evento cultural mais importante de Rio Branco, atrás apenas das festas juninas. O levantamento também indica que o sertanejo é o gênero musical mais popular entre os moradores da capital, em sintonia com a programação de shows da feira.
A Terra Indígena Puyanawa, localizada em Mâncio Lima (AC), recebe entre os dias 18 e 23 de julho a sétima edição do Festival Atsa, evento organizado pela própria comunidade com o objetivo de promover a cultura, a espiritualidade e a economia do povo Puyanawa. A expectativa da organização é que até 15 mil pessoas participem das atividades ao longo da programação.
Com entrada paga e estrutura montada pelos próprios indígenas, o festival oferece imersão em práticas ancestrais e atrações como danças tradicionais, rituais, oficinas, apresentações artísticas e esportes indígenas, além da comercialização de produtos cultivados na aldeia, como alimentos e artesanato. A hospedagem também é organizada pela comunidade, com pacotes que incluem transporte e alimentação, contribuindo diretamente para a renda das famílias locais.
O cacique Joel Puyanawa destacou o significado do evento para o fortalecimento do povo indígena. Segundo ele, o festival representa um momento de reafirmação da cultura e da espiritualidade diante da sociedade. “É uma missão que carrego com honra. Celebramos algo que não imaginávamos viver, reafirmando nossa capacidade e passando adiante esse aprendizado para os mais jovens”, afirmou.
Francisco Piyãko, coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (Opirj), também acompanhou a abertura do evento e reforçou o papel do festival na valorização da cultura local. “Se os povos estiverem fortes, com certeza a região, o Brasil e o mundo inteiro vão receber essa energia, porque aqui é uma região sagrada, com uma diversidade de povos e uma riqueza única. A Opirj é a instituição que faz esse elo entre território e o mundo também”, declarou.
Entre as atrações, a Casa da Pintura é um dos espaços mais visitados. Nela, os visitantes podem conhecer os significados das grafias corporais feitas com tinturas naturais. As pinturas representam saberes tradicionais, como o símbolo da jibóia, associado à proteção e à sabedoria.
Além de reunir indígenas e não indígenas, o festival também atrai atenção internacional. Nesta edição, a equipe de um programa europeu sobre culturas originárias esteve presente para registrar o evento e conversar com a comunidade. Para os Puyanawa, compartilhar sua história com o mundo é uma forma de resistência e continuidade.
O evento reafirma o protagonismo indígena na condução de iniciativas culturais com impacto territorial, turístico e simbólico. A cada edição, o Festival Atsa se consolida como um espaço de troca, reconhecimento e valorização da diversidade cultural no Acre.
‘Saiti Munuti’ brilha em estreia no FestCine Originários durante Mariri Yawanawá 2025
Pelo segundo ano consecutivo, o FestCine Originários integrou a programação do Mariri Yawanawa, fortalecendo a visibilidade das narrativas audiovisuais indígenas.
A Floresta Amazônica foi palco de uma significativa celebração cultural e cinematográfica com a realização do FestCine Originários na Aldeia Mutum, Terra Indígena Yawanawá do Rio Gregório, Tarauacá (AC) – durante o Mariri Yawanawa 2025.
Entre os dias 12 e 16 de junho, o Festival de Cinema Indígena Itinerante, que já havia marcado presença na COParente, destacou-se pela exibição de diversas produções, culminando com a aclamada estreia de “Saiti Munuti: Cantos e Encantos”, documentário dirigido por Nedina Yawanawa – liderança do povo Yawanawá do Acre e diretora na Secretaria de Estado de Povos Indígenas (Sepi).
Pelo segundo ano consecutivo, o FestCine Originários integrou a programação do Mariri Yawanawa, fortalecendo a visibilidade das narrativas audiovisuais indígenas. As sessões ocorreram na shovu (casa de cerimonial) da Aldeia Mutum, atraindo moradores e visitantes de diversas partes do mundo.
Estreia de peso
O ponto alto da programação foi a estreia de “Saiti Munuti: Cantos e Encantos”. Com direção de Nedina Yawanawá, o curta-metragem emocionou o público com sua poderosa abordagem.
“Nós trazemos uma história real de como uma jovem indígena consegue andar em dois mundos, duas visões: ela faz parte do povo Yawanawa e Ashaninka, e através da música, ela fortalece a sua identidade, cultura e tradição. E traz um pouco de como é a vida atualmente do jovem que vive a tradição, mas também consegue dialogar com a sociedade não indígena”, explicou Nedina Yawanawá sobre a obra, que aborda temas de identidade e pertencimento cultural.
Eriyá Luíza Yawanawa, protagonista do curta, destaca suas vivências. “Essa transição de aldeia e cidade, como eu cresci, como eu me desenvolvi dentro da música e, a partir dela também falando sobre a minha história dentro dos povos, que têm essa riqueza tão profunda e pura que é a música”, disse.
A recepção do filme foi marcada por aplausos e grande comoção, evidenciando a capacidade da produção em ressoar profundamente com a audiência.
Além de “Saiti Munuti”, a sessão de segunda-feira, 14 de julho, incluiu a exibição de outros filmes que compõem o panorama da produção audiovisual indígena:
‘Bimi Shul Kaya’ (direção: Isaka Huni Kuin e Zezinho Yube)
‘Brasil é Terra Indígena’ (direção: Maya Dourado)
‘Awara Nane Putane: Uma História do Cipó’ (direção: Sérgio de Carvalho)
‘Sementes’ (direção: Isabelle Amsterdam)
‘Sukande Kasáká: Terra Doente’ (direção: Kamikia Kisedje e Fred Rahal)
‘Noke Koi – A Festa do Povo Verdadeiro’ (direção: Sérgio de Carvalho e Alexandre Barros)
‘Rami Rami Kirani’ (direção: Lira Mawapai Huni Kuin e Luciana Tira Huni Kuin)
‘Mundurukuyü: A Floresta das Mulheres Peixe’ (direção: Aldira Akay, Beca Munduruku e Rilcélia Akay)
Apoio e parceria
O FestCine Originários foi viabilizado com o apoio do Governo Federal e da Prefeitura de Rio Branco, por meio do Ministério da Cultura e da Fundação Municipal de Cultura Garibaldi Brasil (FGB), com financiamento da Aldir Blanc (2024). O festival tem como objetivo central amplificar as vozes e narrativas dos povos originários, oferecendo um panorama abrangente da produção audiovisual que rompe barreiras étnicas e culturais.
A edição 2025 do evento também contou com parcerias importantes do deputado estadual do Acre, Edvaldo Magalhães, Chapeleira Sole Lua, Associação Sociocultural Yawanawá e Saci Filmes.
O FestCine Originários continua sua jornada. Em agosto, as exibições de todas as películas selecionadas pela curadoria – composta por Wewito Piyãko, Rose Farias e Sérgio de Carvalho – chegam à capital acreana, Rio Branco. A programação completa pode ser acessada através do perfil oficial do festival: @festcineoriginarios.
O município de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, sedia nesta sexta-feira (18) e sábado (19) mais uma edição do Arraial Cultural. A programação será realizada no complexo esportivo do bairro Aeroporto Velho e inclui apresentações culturais, comercialização de alimentos típicos e atividades voltadas à valorização da cultura popular.
De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, foram credenciados 20 empreendedores para atuar na venda de comidas e bebidas. Além disso, dez vendedores ambulantes também participarão do evento. Proprietários de quiosques do local seguem com suas atividades durante os dois dias de programação, somando esforços para movimentar a economia local por meio da venda de produtos regionais.
O secretário municipal de Cultura, Flávio Rosas da Silva, ressaltou a importância da festa para a geração de renda: “A estrutura do arraial beneficia diretamente os trabalhadores do comércio popular e fortalece a cultura do município”.
A programação contempla quadrilhas juninas, apresentações de dança e atrações musicais. Na sexta-feira (18), se apresentam artistas como DJ Bargado, Elian Máximo e Banda, além da Junina Malacabados. No sábado (19), destaque para a Quadrilha Junina “Maria Você Me Mata!”, de Mâncio Lima, e para shows com Vanete Lima e DJ Magnum.
A gestão municipal reforça que o evento foi planejado como espaço de convivência familiar, com segurança e acesso gratuito para a população.
O Arraial Cultural integra o calendário de eventos promovidos pela Prefeitura de Cruzeiro do Sul e antecede outras atividades como o Festival da Farinha, voltadas à valorização da identidade cultural e ao estímulo à economia criativa.