A frota de veículos no estado do Acre continua em constante crescimento, mantendo a tendência registrada em 2022. De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), o número de veículos cresceu 1,47% no período de janeiro a maio deste ano, saindo de 335.579 para 340.544.
Esses números revelam um incremento significativo na quantidade de veículos em circulação nas ruas do Acre. Considerando os resultados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente existem aproximadamente 2,5 moradores para cada veículo no estado, indicando uma alta demanda por transporte individual.
Dentre os quase 336 mil veículos em circulação, as motocicletas representam a maior parte, totalizando 143.952 unidades. Essa preferência pelas motos pode ser explicada pelos benefícios que esse meio de transporte oferece em termos de mobilidade e custo, principalmente em áreas urbanas e regiões de difícil acesso.
A capital do estado, Rio Branco, concentra a maior parte da frota, com 210.697 veículos, o que representa 61,8% do total registrado no Acre até maio de 2023. Essa concentração reflete o maior fluxo populacional e a demanda por transporte na região central do estado.
Comparando os números de maio deste ano com o mesmo período do ano anterior, observa-se um incremento de 4,62% em apenas um ano. Essa taxa de crescimento demonstra o contínuo aumento da motorização no estado do Acre e a necessidade de investimentos em infraestrutura viária para acompanhar essa demanda.
No entanto, é importante ressaltar que o crescimento da frota de veículos também traz desafios, como congestionamentos, poluição e segurança no trânsito. Portanto, é necessário que as autoridades e a sociedade busquem soluções eficientes para garantir um transporte sustentável e seguro para todos os cidadãos.
O sol do Acre não perdoa. Brilha firme sobre o asfalto quente da Avenida Ceará, onde o tempo parece se dividir entre o barulho das máquinas e o passo apressado de quem passa. Ali, no coração de Rio Branco, a cidade muda. Cada novo metro de via é um traço de modernidade. Cada rosto suado, uma história.
Entre eles, a de Wesley da Silva de Oliveira, 26 anos. Filho de uma doméstica e de um pedreiro, ele aprendeu com o pai que trabalho é mais do que sustento, é um modo de existir. “Meu pai era pedreiro, minha mãe doméstica. Eu segui o rumo do meu pai, porque era o que tinha em casa”, diz, olhando para o canteiro de obra que ajuda a erguer, com as mãos marcadas e um olhar que mistura força, cansaço e orgulho.
A obra da Avenida Ceará, executada pelo Governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Obras Públicas (SEOP), é uma dessas transformações que se enxergam de perto. Não é só sobre concreto e máquinas. É sobre o movimento de uma cidade que cresce, de pessoas que voltam a sonhar. É sobre um governo que escolheu fazer da infraestrutura um caminho de dignidade.
“É bom ver o governo dando oportunidade. A gente se anima, tem renda, melhora a condição da família”, conta Wesley. Atrás dele, outros homens e mulheres dividem a mesma rotina e o mesmo sentimento. São vozes que o Acre às vezes não ouve, mas que constroem, em silêncio, o futuro de todos nós.
O engenheiro civil Ítalo Almeida Lopes, secretário de Estado de Obras, caminha entre o barulho das máquinas e o calor do asfalto. Ele fala com o orgulho de quem também põe a mão no trabalho que conduz. “É um sentimento de realização e de responsabilidade muito grande”, diz. “Sou engenheiro formado na Universidade Federal do Acre e hoje trabalho com profissionais que são referência para o Estado todo. Essa obra vai muito além da técnica. Mobilidade urbana é qualidade de vida. É garantir que quem sai de casa cedo para trabalhar ou estudar tenha menos tempo no trânsito e mais tempo com a família.”
A Avenida Ceará é mais do que uma via em obras. É o símbolo de um Estado que se refaz, que investe na sua gente, que transforma o chão em esperança. “Eu me imagino nessa cidade daqui a um ano, tudo diferente. E já fico emocionado, porque participei disso”, diz Wesley, com um sorriso tímido. “O coração fica doido.”
No fim da tarde, o sol se despede em tons alaranjados e o reflexo do asfalto novo devolve à cidade um brilho que parecia esquecido. Wesley observa o que está ajudando a construir. “Nosso Acre não é excluído. A gente existe e tem força pra trabalhar”, diz, mais pra si do que pra quem ouve.
Talvez ele não perceba, mas sua frase carrega o sentido exato daquela obra, e de tantas outras que nascem do trabalho e da vontade de um governo que acredita nas pessoas. Porque, no fim das contas, o que se constrói ali não é apenas uma avenida. São sonhos que constroem o futuro.
“Nosso Acre não é excluído. A gente existe e tem força pra trabalhar” – Wesley da Silva de Oliveira
‘Vozes que o Acre às vezes não ouve, mas que constroem, em silêncio, o futuro de todos nós.’
Governo do Estado e trabalhadores unidos na revitalização da Avenida Ceará. Engenharia, força e esperança transformando Rio Branco. – Foto: Sérgio Vale
“Mobilidade urbana é qualidade de vida. Cada desafio de hoje é parte de um investimento que vai beneficiar gerações de acreanos.” Ítalo Almeida Lopes, secretário de Estado de Obras. – Foto: Sérgio Vale
O artesanato acreano tem ampliado fronteiras e alcançado reconhecimento internacional, com destaque para as biojoias produzidas por artesãs indígenas e ribeirinhas que aliam tradição, sustentabilidade e geração de renda. No Acre, cooperativas e associações locais, com apoio do Sebrae, transformaram o trabalho artesanal em um movimento que une identidade cultural e empreendedorismo, levando peças da floresta amazônica a eventos como a exposição na Organização das Nações Unidas (ONU), desfiles em Paris e páginas da revista Vogue.
A artesã Raimunda Nonata da Silva Pinheiro, do povo Huni Kuin, representa a Associação das Produtoras de Artesanato das Mulheres Indígenas Kaxinawá de Tarauacá e Jordão (Apaminktaj), que reúne mais de 500 mulheres. As peças, feitas com algodão cultivado nas aldeias e pigmentos naturais como açafrão e mogno, preservam técnicas repassadas por gerações. Raimunda iniciou o trabalho inspirada na avó, tecelã tradicional. Com o apoio do Sebrae, ela aprimorou a produção e alcançou novos mercados, sendo selecionada em 2013 para expor na ONU, em Nova York, na mostra Mulher Artesã Brasileira.
A artesã Maria José Menezes, de Cruzeiro do Sul, começou aos cinco anos observando as mulheres do Seringal Flora e hoje lidera a cooperativa Coopmave, produzindo biojoias e pinturas comercializadas na loja Cor Amazônia, em Rio Branco. Ela destaca que o artesanato representa independência econômica e preservação ambiental. “O artesanato vende história. Não vendemos apenas a semente, vendemos transformação”, afirma.
O trabalho das artesãs é parte de uma cadeia produtiva fortalecida por iniciativas de capacitação e empreendedorismo. Segundo Aldemar Maciel, responsável pelo projeto Artesanato no Sebrae Acre, o setor passou por reestruturação para aprimorar gestão, produção e comercialização. “Desenvolvemos uma metodologia específica com foco em planejamento, gestão financeira e de mercado. Isso gerou oportunidades e consolidou o artesanato como vetor de inclusão e empoderamento feminino”, explica.
Os resultados têm impacto direto na economia local. Na 25ª Feira Nacional de Negócios de Artesanato (Fenearte), em Pernambuco, artesãos acreanos faturaram mais de R$ 320 mil. O estado possui mais de 2 mil profissionais registrados, a maioria mulheres, e ocupa o quarto lugar na Região Norte em número de artesãos. Para o secretário de Turismo e Empreendedorismo do Acre, Marcelo Messias, o setor é estratégico. “O artesanato é uma das formas de sustento das famílias e reafirma nossa identidade e história”, afirmou.
Entre os nomes que levaram o Acre ao cenário global está a artesã Márcia Silvia de Lima, que atua desde 1989 e fundou a Associação Acreana Buriti da Amazônia, composta por 19 mulheres. Com apoio do Sebrae e da Apex Brasil, Márcia participou de eventos internacionais e firmou parceria com a estilista Flavia Aranha, criando peças que integraram desfiles com as primeiras-damas Brigitte Macron e Janja Lula. As produções também foram publicadas na revista Vogue.
Para a coordenadora do Artesanato Acreano, Risoleta Queiroz, as biojoias são o principal símbolo do setor. “O diferencial do artesanato acreano é a identidade e o respeito à floresta. Nossos produtos têm reconhecimento nacional e internacional e movimentam a economia local”, destacou.
A experiência mostra que a moda sustentável do Acre, ao mesmo tempo em que preserva saberes tradicionais, promove autonomia, gera renda e insere o estado em um circuito global de valorização da Amazônia e do trabalho das mulheres que vivem da floresta.
O Instituto Conhecimento Liberta lança nesta quinta-feira (23) o documentário Herzog – O Crime que Abalou a Ditadura, que reconstrói os últimos dias de vida do jornalista Vladimir Herzog, morto sob tortura há 50 anos, em 25 de outubro de 1975. A obra estará disponível no canal do ICL no YouTube e reúne depoimentos de familiares, amigos e colegas de profissão para recontar o impacto político e social do assassinato que se tornou símbolo da luta pela democracia no Brasil.
Dirigido e roteirizado pelo jornalista e documentarista Antônio Farinaci, o filme busca apresentar um novo olhar sobre um episódio amplamente documentado. “A grande preocupação era criar um interesse novo pela história, que já foi contada muitas vezes. A gente queria trazer um elemento novo”, disse Farinaci. Entre os depoimentos, estão os dos jornalistas Dilea Frate, Paulo Markun, Rose Nogueira e Sérgio Gomes, do cineasta João Batista de Andrade e de Ivo Herzog, filho do jornalista.
A diretora executiva de conteúdo do ICL, Márcia Cunha, afirmou que a produção optou por concentrar a narrativa em um período específico — de uma semana antes a uma semana depois do assassinato — para mostrar como o regime militar operava. “Escolhemos esse recorte para mostrar como a ditadura agia, o que era capaz de fazer e, inclusive, como alguns comportamentos e estratégias se repetem até hoje”, declarou, lembrando as campanhas de desinformação promovidas contra jornalistas e veículos de comunicação durante o regime.
Diante da escassez de registros visuais da época, a equipe utilizou storyboards e ilustrações em estilo de histórias em quadrinhos, criadas pela artista Paula Villar, para reconstruir cenas da prisão e da tortura de Herzog. Segundo Farinaci, as reconstituições foram baseadas em relatos de sobreviventes e testemunhas. “Era importante que o documentário mostrasse o que foi o terror daquela época, para evitar o erro de romantizar o regime militar”, explicou o diretor.
O filme também aborda a repercussão do crime e as divisões que ele provocou dentro do próprio regime militar. Márcia Cunha afirmou que a morte de Herzog foi determinante para acelerar o processo de abertura política no país. “O crime teve uma repercussão tão grande que evidenciou o conflito entre os grupos do governo. A partir dali, a linha que defendia a abertura começou a prevalecer”, disse.
Em paralelo ao lançamento do filme, o ICL apresenta o podcast Caso Herzog – A foto e a farsa, que analisa a imagem divulgada pelo regime para sustentar a versão de suicídio. A fotografia, feita por um perito da polícia técnica, mostrava inconsistências que ajudaram a desmascarar a falsificação. “Essa foto foi um dos principais fatores que contribuíram para provar a responsabilidade do Estado”, explicou Márcia Cunha.
A história de Herzog é relembrada como marco na defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos no Brasil. Décadas após o crime, a Justiça reconheceu que o jornalista foi torturado e morto por agentes do Estado, e o caso segue como referência na preservação da memória sobre os abusos da ditadura.