O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) publicou, no último dia 20 de março, a Recomendação nº 6/2025, que orienta a adoção de práticas restaurativas no sistema prisional brasileiro. O documento, que visa fortalecer a reintegração social de pessoas privadas de liberdade, contou com a participação da juíza acreana Andrea Brito, titular da Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas (VEPMA) do Tribunal de Justiça do Acre.
A recomendação tem como base decisões do Supremo Tribunal Federal, como a ADPF 347, que reconhece o “estado de coisas inconstitucional” do sistema carcerário brasileiro, e está alinhada com tratados internacionais de direitos humanos, as Regras de Mandela, as Regras de Bangkok e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
O objetivo da medida é implantar práticas restaurativas nas unidades prisionais para promover a cultura de paz, reduzir conflitos e apoiar a reintegração dos presos. Entre as diretrizes da recomendação estão o uso da comunicação não-violenta, o tratamento de faltas leves e médias sem abertura automática de processos disciplinares e a capacitação de facilitadores com base em parâmetros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A magistrada acreana destacou a importância da iniciativa: “Essa é uma ação valiosa do CNPCP porque o plano Pena Justa traz a Justiça Restaurativa como componente do cumprimento da decisão do STF sobre a ADPF 347”, afirmou.
O programa também prevê governança colaborativa com envolvimento de órgãos estaduais, Judiciário, Defensoria Pública, Ministério Público e sociedade civil, além da coleta de dados para monitoramento de resultados e expansão gradual para todo o país, iniciando por estados com maiores índices de superlotação.
A Recomendação nº 6/2025 está em vigor desde a data de sua publicação e será acompanhada, nos próximos 45 dias, por um livro digital com roteiros detalhados e formulários para avaliação das práticas nas unidades prisionais.