O Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE-AC) realizou, nesta segunda-feira (22), uma reunião de mediação para tratar da instabilidade geotécnica nas margens do Igarapé São Francisco, no trecho entre as ruas Tabaco e Nanain, no Loteamento Joafra I, em Rio Branco. O encontro ocorreu no gabinete da Presidência do TCE-AC e reuniu representantes de órgãos públicos, academia, Ministério Público, e comunidade local.
Relatório técnico da Ufac
O professor Dr. Ricardo Ribeiro do Nascimento, do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Federal do Acre (Ufac), apresentou um relatório técnico elaborado no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica firmado entre o TCE-AC, a Ufac e a Fundape. O estudo traz recomendações a serem observadas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Seinfra) e servirá de subsídio para soluções voltadas à contenção do assoreamento e à recuperação da área afetada.
Atuação dos órgãos busca solucionar problemas vivenciados pelos moradores
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) destacou que instaurou procedimento preparatório para apurar irregularidades na rede de esgoto local, apontadas como uma das causas do assoreamento e da destruição parcial da via pública.
Na sequência, o representante da Seinfra apresentou os estudos já realizados, demonstrando disposição em alinhar os trabalhos com base nas recomendações técnicas da Ufac.
A presidente do TCE-AC, conselheira Dulcinéa Benício de Araújo, ressaltou a importância da cooperação entre as instituições.
“O Tribunal tem buscado não apenas exercer sua função de fiscalização, mas também atuar como mediador em temas sensíveis que afetam diretamente a qualidade de vida da sociedade”, afirmou.
O secretário-geral da Presidência do TCE-AC, Evandro Luzia Teixeira, apresentou os encaminhamentos registrados em memória da reunião, enfatizando a necessidade de integração entre órgãos técnicos, gestores municipais e comunidade para a superação do problema.
O promotor de Justiça Luis Henrique Rolim, representante do MPAC, destacou a relevância da iniciativa do TCE e a articulação com a comunidade:
“O trabalho de consensualização desenvolvido pelo Tribunal é louvável. A convocação decorreu da solicitação da comunidade do Joafra, que buscou apoio das instituições. Há dois processos distintos: um, emergencial, referente à erosão nas ruas Tabaco e Nanain; outro, em andamento desde 2008, que trata da regularização completa do bairro. O encontro foi muito proveitoso, especialmente com a apresentação do professor Ricardo, que trouxe alternativas inovadoras de engenharia”.
Rolim adiantou ainda que, na próxima semana, haverá nova reunião com representantes da Seinfra e da Prefeitura, para discutir um termo de ajuste de conduta. Segundo ele, a colaboração do TCE poderá acelerar tanto a solução emergencial quanto o andamento da ação judicial em curso.
Voz da comunidade
A presidenta da Associação de Moradores do Bairro Joafra I, Isabel Rivasplata, reforçou os impactos enfrentados pela população:
“Nosso bairro vem sofrendo com o acúmulo de sedimentos, que provoca o avanço do igarapé e já afetou diversas residências. Alguns moradores perderam parte de seus terrenos e, em 2023, a cheia agravou ainda mais a situação. Vivemos um estado de emergência e buscamos neste Tribunal de Contas a intermediação para que, junto ao Ministério Público e aos demais órgãos, possamos encontrar uma solução definitiva”.
Representatividade e cooperação
Além de representantes de órgãos públicos, o encontro contou com a participação de lideranças do bairro, reforçando o caráter colaborativo da iniciativa. A diversidade de atores envolvidos destacou o compromisso das instituições em construir soluções conjuntas para um problema urbano e ambiental que impacta diretamente a vida de dezenas de famílias.
Cooperparquet completa 15 anos e consolida modelo de inclusão, trabalho digno e serviços de qualidade no Acre
Cooperativa fundada por mulheres nasce do sonho do parquet e se reinventa na prestação de serviços; hoje reúne 185 cooperados e atende órgãos estratégicos do Estado
A Cooperativa de Trabalho Tropical Parquet (Cooperparquet) celebra, neste 20 de setembro, 15 anos de atuação no Acre. Nascida do ideal de um grupo de mulheres formadas em um curso técnico de gestão, a cooperativa começou com a proposta de fabricar placas de parquet a partir de retalhos de madeira, iniciativa que originou o nome e moldou a identidade do empreendimento. Ao longo do caminho, o projeto evoluiu e a Cooperparquet se reinventou na prestação de serviços, mantendo o DNA de inclusão, participação e geração de renda.
Quem a Cooperparquet atende e o que faz
Atualmente com 185 cooperados, a cooperativa presta serviços para instituições como Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE-AC), Universidade Federal do Acre (UFAC) (inclusive no Campus Cruzeiro), Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), órgãos da administração estadual e municipal, Unimed Rio Branco, entre outros. O portfólio inclui apoio administrativo e operacional (auxiliar administrativo, recepção, serviços gerais, jardinagem, roçagem, copeiragem, garçom), interpretação de Libras, cuidado e apoio em diversas funções, além de gestão de contratos.
Da marcenaria ao serviço: a história que virou referência
A presidente Joelma Brasil Lima acompanha a cooperativa desde a fundação. Ela recorda que a primeira proposta era montar, em casa, placas de madeira para posterior padronização em marcenaria e venda ao mercado, um arranjo pensado para permitir que mulheres com filhos pequenos pudessem trabalhar sem se afastar da família.
“A cooperativa nasceu de um sonho pensado por mulheres. Quando percebemos a falta de recursos para escalar a produção de parquet, migramos para a prestação de serviços sem abrir mão da nossa essência: acolher pessoas e gerar oportunidades”.
“A cooperativa significa muito, não só para mim, mas para os 185 cooperados. É a nossa fonte de renda e de dignidade. Juntos somos mais fortes”.
Vozes que constroem a Cooperparquet
“Gratidão que vira oportunidade”, diz Nasa, gestora de contrato no TCE-AC
A trajetória de Maria de Nazaré, a Nasa, traduz o ciclo de formação, trabalho e ascensão que a cooperativa promove.
“Cheguei em 2011, por convite de amigas que queriam ajudar famílias, especialmente mães sem com quem deixar os filhos. Comecei na limpeza, depois aceitei o desafio de ser copeira por dez anos, e mais tarde me convidaram para ser gestora dos cooperados no Tribunal de Contas. Muita gente acha que cooperativa não dá chance de crescer. Eu sou a prova de que dá. Ver novos cooperados começando me enche de alegria; a gente orienta, acompanha e vibra com cada passo”.
Para Nasa, o diferencial está no acolhimento e na liderança comprometida.
“A Cooperparquet é família que abraça. Tenho gratidão à Joelma e à Gabriela, que dão o sangue para fazer acontecer. Hoje somos mais de 180 cooperados; só no TCE-AC, 32. Já expandimos para outros órgãos e até a Unimed. Meu sentimento é de gratidão e esperança: vejo a cooperativa em um patamar ainda maior nos próximos anos”.
“Humanização que muda a vida”, afirma Dainara Sales, auxiliar de limpeza no Juizado Cível
Com um ano de casa, Dainara resume a quebra de preconceitos sobre o cooperativismo.
“Entrei receosa porque já tinha ouvido muita coisa negativa sobre cooperativa. Descobri um ambiente acolhedor, com garantia de direitos, descanso e substituição organizada quando precisamos nos ausentar. É diferente: você fala com a presidência, com a coordenação, e sempre há uma solução”.
O incentivo à formação também marcou sua experiência:
“A cooperativa estimula cursos para crescer. Se eu estudar administração, posso subir de função. Nas assembleias, tudo é votado por nós; participamos dos ganhos quando há sobras. Não é só trabalho: é pertencimento. Aos novos, digo: não tenham medo, aqui a gente cresce junto”.
“Cooperação na prática, respeito à família”, salienta Onélia Abreu, tradutora e intérprete de Libras (UFAC)
Com 18 anos de profissão, Onélia Abreu chegou à Cooperparquet pela UFAC em 2023, em um momento de transição para o modelo cooperativista.
“Eu não conhecia o cooperativismo. Houve estranheza no início. A cooperativa nos apresentou um curso e explicou direitos como descanso e auxílio natalino. Aquilo clareou as ideias. O que mais me marcou foi a humanização: quando precisei me ausentar por motivo de saúde dos filhos, houve substituição e apoio. Senti a diferença entre um comando distante e uma gestão que ouve e cuida”.
Onélia destaca a gestão democrática e o diálogo cotidiano:
“Participamos de assembleias em que tudo é colocado com transparência. Temos voz para avaliar gestores e processos. No dia a dia, o gestor nos escuta, entende necessidades familiares, ajusta horários e garante cobertura para que o serviço não pare”.
Esse cuidado transformou sua rotina e a presença junto à família:
“Antes, trabalhava 44 horas e não tinha vida fora da instituição. Com a cooperativa, 30 horas, mais qualidade de vida e até a possibilidade de outro vínculo. Posso ir à escola dos meus filhos, viajar com eles, e voltar sabendo que o posto estará coberto. Isso melhora o meu trabalho e a minha paz”.
Emocionada, ela deixa um recado aos que ainda têm dúvidas:
“Há três anos, passei por uma cirurgia do coração e recebi uma segunda chance. Digo a quem está chegando: conheça a cooperativa, dê-se a chance de ser acolhido. Aqui a gente encontra união, respeito e caminho para crescer. Sinto orgulho de fazer parte dessa família”.
Impacto social e trabalho com propósito
A Cooperparquet se consolidou como porta de entrada no mercado para diferentes perfis: jovens no primeiro emprego, pessoas acima de 40 anos, egressos do sistema prisional e trabalhadores em requalificação. O ambiente de gestão democrática, com assembleias, avaliação de lideranças e divisão de sobras, fortalece a cultura de justiça e corresponsabilidade.
Durante a pandemia, a direção garantiu renda a cooperados em tratamento de saúde e organizou transporte para reduzir riscos, mantendo contratos e proteção social.
“Nenhum cooperado ficou desamparado. A gente se reinventou para atravessar a crise e seguir de pé, juntos”, relembra Joelma.
Inovação, crescimento e próximos passos
Depois de encerrar o ano anterior com 84 cooperados, a Cooperparquet praticamente dobrou de tamanho e projeta chegar a 200 até o fim do ano, ampliando contratos e áreas de atuação, com qualificação continuada e serviços digitais.
“Para os próximos 15 anos, queremos ampliar a participação de novas lideranças e manter o foco na qualidade com cuidado às pessoas”, conclui Joelma Brasil.
Sistema OCB/AC destaca a relevância da cooperativa para a economia acreana
O presidente do Sistema OCB no Acre, Valdemiro Rocha, ressalta a contribuição estrutural da Cooperparquet:
“A Cooperparquet traduz o melhor do cooperativismo de trabalho: inclusão produtiva, governança participativa e entrega de valor ao contratante. Ao abrir portas para quem mais precisa e garantir serviços qualificados aos órgãos públicos, a cooperativa movimenta a economia local, profissionaliza mão de obra e prova que o cooperativismo é caminho concreto de desenvolvimento com dignidade”.
Serviço
Cooperativa: Cooperparquet – Cooperativa de Trabalho Tropical Parquet.
Fundação: 2010 (15 anos)
Cooperados: 185
Atuação: Prestação de serviços (administrativos, operacionais, Libras, gestão de contratos etc.)
Órgãos e instituições atendidos: TCE-AC, UFAC (incluindo o Campus Cruzeiro), TJAC, órgãos estaduais e municipais, Cooperativa Unimed Rio Branco, entre outros.
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, recebeu nesta segunda-feira (15) em Brasília dois prêmios concedidos pelo Tesouro Nacional. A cerimônia ocorreu no Centro Cultural Banco do Brasil e reuniu autoridades do Ministério da Fazenda e representantes de diferentes estados e municípios.
A capital do Acre foi reconhecida por manter nota A na CAPAG (Capacidade de Pagamento) e também no Ranking Siconfi. A CAPAG mede a situação financeira de estados e municípios, indicando a capacidade de honrar compromissos e assumir novos financiamentos. O Ranking Siconfi avalia a consistência e qualidade das informações fiscais enviadas pelos entes federativos ao governo federal.
Durante a cerimônia, Bocalom afirmou que o resultado é coletivo e reflete o trabalho da equipe da prefeitura.
“Esse reconhecimento é resultado da dedicação de toda a equipe que represento. Quem ganha é a população de Rio Branco, que pode confiar em uma gestão que respeita os recursos públicos”, disse o prefeito.
Com os dois reconhecimentos, Rio Branco se posiciona entre as capitais com melhores indicadores de responsabilidade fiscal no país.
Na liderança de um esforço interinstitucional para recuperar a bacia do Igarapé São Francisco, o Tribunal de Contas do Acre (TCE-AC) apresentou, nesta terça-feira, 16, na sede da instituição, um painel com os primeiros resultados do trabalho.
O ato fez parte da programação do Mês da Amazônia na Corte de Contas. Servidores e membros do TCE-AC e Ministério Público de Contas (MPC-AC) além de órgãos estaduais, municipais e federais participaram.
O projeto é liderado pelo Grupo de Trabalho ‘Adjunto aos Cuidados do Igarapé São Francisco’ (GTACISF) criado em 2024 e reformulado neste ano.
De acordo com o coordenador do GT, Rômulo Eugênio, três Acordos de Cooperação Técnica foram assinados com a Universidade Federal do Acre (Ufac) para atuação nas áreas ambiental, de infraestrutura e de socioeconomia. O trabalho vai viabilizar estudos na região, incluindo o mapeamento da área, avaliação de riscos, proposição para recuperação da área de floresta, mapeamento do perfil socioeconômico, dentre outros.
Além disso, ressaltou que mais de 20 mil toneladas de lixo já foram retiradas em 2024 em trechos do Igarapé São Francisco, como resultado de esforços conjuntos com a Secretaria de Estado de Habitação e Urbanismo e a Prefeitura Municipal de Rio Branco.
“O mais importante é nós considerarmos que isso não é um trabalho isolado, pois, envolve a participação de muitas instituições do Poder Executivo e a própria Assembleia Legislativa do Acre. O propósito é a construção de um modelo de gestão ambiental que também conecta toda parte socioeconômica e de infraestrutura, que deve beneficiar as comunidades da bacia, então, pensando a respeito disso é que essa a visão integrada”, enfatizou.
Resposta a eventos climáticos extremos A iniciativa surgiu originalmente como uma resposta aos eventos climáticos extremos que atingiram a área em 2021 e principalmente em 2023, quando uma enxurrada atingiu 27 bairros de Rio Branco afetando diretamente mais de 6 mil pessoas e mais de 70 mil indiretamente.
Os eventos provocaram danos ambientais, de infraestrutura e socioeconômicos. Os prejuízos ultrapassaram R$ 800 milhões.
“Hoje nós temos 29% de florestas e 61% de pastagens, então nosso grande desafio é propor áreas prioritárias para recuperação na bacia do Igarapé São Francisco que ajude a minimizar os eventos extremos de inundação na região”, explicou o professor de ecologia Fernando Augusto Schmidt, coordenador do GT Ambiental da Ufac.
Além da fiscalização tradicional O projeto tem como meta contribuir para a recuperação das condições físicas e ambientais da bacia, reforçando sua resiliência, garantindo serviços ecossistêmicos e promovendo desenvolvimento sustentável e proteção social.
A atuação do TCE vai além da fiscalização tradicional. A instituição se posiciona como um agente indutor da formulação e execução de políticas públicas, promovendo a boa governança e a articulação entre as diversas entidades envolvidas.
“A gente vive aqui um momento de transição de um olhar meramente formal do gasto público, de comparativos se o gasto está certo ou errado e passa a olhar para a vida das pessoas, para o resultado [das políticas públicas]”, salientou o vice-presidente do TCE-AC, conselheiro Ronald Polanco, que atua como um dos coordenadores gerais do grupo em conjunto com as conselheiras Dulce Benício e Naluh Gouveia.
Eixos estratégicos
O GTACISF possui uma abordagem integrada e técnica, atuando em quatro eixos estratégicos: • Ambiental: focado na proposição de ações que promovam a conservação e a recuperação dos ecossistemas e a sustentabilidade dos recursos; • Infraestrutura: voltado ao mapeamento, avaliação e proposição da infraestrutura necessária; • Socioeconômico: direcionado à proposição de políticas que fomentem a equidade e o bem-estar da população, geração de renda e o bem-estar das comunidades; • Governança: responsável por orientar estrategicamente, motivando a integração genuína das instituições.
O projeto está alinhado ao Planejamento Estratégico do TCE e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. O TCE atua em conjunto com parceiros como a UFAC e diversas instituições do Poder Executivo, além do Poder Legislativo.
Atualmente fazem parte da parceria: Assembleia Legislativa, Coordenadorias Estadual e Municipal de Proteção e Defesa Civil, Embrapa, IBGE, Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), Ministério Público do Acre (MPAC), as Secretaria de Estado de Agricultura, Assistência Social e Direitos Humanos, Educação e Cultura, Fazenda, Meio Ambiente e Planejamento, além do Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre. Já as pastas ligadas a Prefeitura de Rio Branco que participam são: Meio Ambiente, Assistência Social e Direitos Humanos, Infraestrutura e Mobilidade Urbana e Sistema de Abastecimento de Água (Saerb).
A visão é construir um modelo de gestão ambiental e social integrada que beneficie milhares de vidas e proteja um ecossistema vital, trabalhando por um futuro de resiliência para a bacia.