A Cooperativa Central de Comercialização Extrativista no Acre (Cooperacre) está presente na 18ª edição da NaturalTech, a maior feira de negócios em produtos naturais da América Latina, que está acontecendo de 12 a 15 de junho, no Distrito Anhembi, em São Paulo.
A feira abrange o ramo de produtos naturais, integrais, probióticos, fitoterápicos, tratamentos complementares, nutrição esportiva, entre outros. Sendo referência em negócios, a NaturalTech é uma oportunidade para os expositores apresentarem seus produtos, inovações e lançamentos de consumo, criando experiências e promovendo a interação entre profissionais, expositores e visitantes.
A programação inclui palestras e workshops sobre práticas sustentáveis na produção de alimentos, inovações em produtos orgânicos e veganos, tendências de consumo ecológico, entre outros. Especialistas do setor estão presentes para compartilhar insights e promover discussões sobre os desafios e oportunidades na indústria de produtos naturais.
A Cooperacre está sendo representada na NaturalTech pelo Gerente de Vendas Kássio Almada e pela Conselheira Fiscal da cooperativa, Fátima Nascimento, com a exposição de produtos da bioeconomia como a castanha-da-Amazônia, palmito de pupunha, óleo de castanha e as castanhas saborizadas no estande da Associação Brasileira de Nozes e Castanhas (ACNC) e no estande da OCB Nacional.
“Esse é o evento mais importante do mercado orgânico no Brasil e na América Latina.” Kássio Almada – Foto: Cedida
Segundo Kássio, o evento é uma oportunidade para apresentar os produtos da floresta amazônica para este segmento que está em pleno crescimento. “Estamos apresentando a nossa castanha, reconhecida mundialmente pela sua qualidade, além de outros produtos, esse é um segmento promissor, nossa expectativa é de fazer bons negócios. Aproveito para agradecer ao Sistema OCB/Sescoop pelo apoio para a nossa participação na feira, estamos empenhados em tornar os produtos da bioeconomia e da nossa floresta, cada vez mais conhecidos no mundo, e esse apoio é fundamental”, disse.
Foto: Sérgio vale / Vale Produção
Sustentabilidade ambiental através da bioeconomia
A Cooperacre é uma cooperativa acreana com mais de 20 anos de atuação, que vem se consolidando como modelo de negócio que alia a sustentabilidade ambiental através da bioeconomia, com geração de renda. A prática extrativista adotada pela rede de cooperativas concilia a geração de renda para mais de quatro mil famílias e a manutenção da floresta em pé, e busca alternativas que possam potencializar a produção agroflorestal e consolidar cadeias produtivas sustentáveis.
“Atualmente, a Cooperacre exporta para mais de 10 países…” Manoel Monteiro, superintendente da Cooperacre.
Com 22 associações e 14 cooperativas que entregam produtos para a Cooperacre tem como objetivo o fortalecimento das cadeias produtivas da borracha, castanha-da-Amazônia, café, palmito e polpa de frutas. “Nossa missão é desenvolver atividades produtivas sustentáveis, com valorização dos produtos florestais não madeireiros, acreditamos que esse é o caminho para se alcançar a sustentabilidade na Amazônia”, enfatizou Manoel Monteiro, superintendente da Cooperacre.
Volume de negócios e geração de renda
Em 2023, a Cooperacre movimentou mais de 48 milhões de reais em bioeconomia, beneficiando diretamente 2.343 famílias extrativistas. Somente na cadeia da borracha, foram produzidas 720 toneladas, gerando 8,6 milhões de reais. Com a coleta da castanha, o retorno ao produtor foi ainda maior: 20,5 milhões de reais com a comercialização de 350 mil latas de castanha (cada lata custa em média 60 reais).
Nos dias 20 e 21 de junho, a Prefeitura de Rio Branco e a Igreja Batista Moriá promoveram uma ação social no bairro João Eduardo I, com a oferta de serviços de saúde, assistência social e distribuição de alimentos. A iniciativa atendeu dezenas de famílias em situação de vulnerabilidade.
Mesmo durante o ponto facultativo, estruturas foram montadas para garantir o funcionamento das atividades. Profissionais da saúde e da assistência social prestaram atendimento diretamente no bairro.
O prefeito em exercício, Alysson Bestene, esteve presente e ressaltou a proposta da gestão municipal de aproximar os serviços públicos das comunidades. Foram oferecidos atendimentos médicos e sociais, exames, vacinação e serviços odontológicos.
A Secretaria Municipal de Saúde disponibilizou atendimentos de clínica geral, pediatria, nutrição, exames como eletrocardiograma e espirometria, além de ações de prevenção e orientação. Também foram realizados cadastros e atualizações do Bolsa Família, CadÚnico e orientações previdenciárias.
O secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, afirmou que a descentralização dos serviços de saúde faz parte das diretrizes da pasta, com foco em ações fora das unidades tradicionais.
A Igreja Batista Moriá participou da mobilização por meio de voluntários e da coordenação local. O pastor Jobson Farias declarou que a igreja atuou como apoio na execução da ação e no atendimento aos moradores.
Durante os dois dias, moradores como Eliane Matias, mãe de um bebê, puderam acessar serviços de saúde de forma direta, sem necessidade de deslocamento para outras regiões.
Os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE-AC), Ronald Polanco, Naluh Gouveia e Dulce Benício, divulgaram uma nota pública nesta quarta-feira (19) em defesa da atuação dos órgãos ambientais federais no cumprimento de decisão judicial que resultou na apreensão de gado dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes. A manifestação também rechaça os ataques dirigidos à ministra Marina Silva e à atuação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
De acordo com os conselheiros, a operação foi realizada em estrito cumprimento de ordem judicial da Justiça Federal, respeitando o devido processo legal, com ampla defesa às partes envolvidas. “A apreensão de gado na área protegida não foi fruto de arbitrariedade, mas de determinação judicial, como exige o devido processo legal em um país que se pauta pela ordem jurídica”, afirmam.
A nota alerta para a escalada de tensões promovida por setores políticos e econômicos que, segundo os signatários, vêm estimulando a população contra a aplicação da lei. O episódio mais recente, apontam, foi a tentativa de retirada forçada de gado apreendido, o que classificam como “rompimento do limite da legalidade” e um ato de “banditismo” incompatível com a democracia.
“Ao tentar, à força, retomar bens apreendidos pela Justiça, rompe-se o limite da legalidade e se entra no campo do banditismo – comportamento incompatível com a democracia e que jamais deveria ser aplaudido por agentes públicos”, enfatizam os conselheiros.
Eles destacam ainda que o debate sobre o modelo de desenvolvimento do Acre é legítimo e necessário, mas precisa ocorrer de forma responsável e com base na Constituição Federal. A Reserva Extrativista Chico Mendes, segundo o texto, “não é um entrave ao desenvolvimento, mas sim uma área estratégica para a manutenção do clima, da biodiversidade e da segurança hídrica em todo o Vale do Acre”.
Os conselheiros também abordam o problema agrário do estado, argumentando que não se trata de falta de terra, mas de má distribuição e uso ineficiente das áreas já desmatadas. “Vastas áreas ao longo da BR-364 seguem improdutivas ou voltadas à especulação fundiária”, criticam.
Por fim, o documento faz um apelo à sociedade e às lideranças políticas pelo respeito à legalidade e à preservação ambiental. “O Acre precisa de racionalidade, de políticas públicas baseadas em ciência, de diálogo institucional e de compromisso com o bem comum. O respeito à Justiça e às leis é a base da convivência democrática.”
A nota conclui com um chamado à união em defesa da floresta, da legalidade e dos direitos das futuras gerações:
“Defender a floresta, a Justiça e o Estado de Direito é defender o povo acreano e seu direito a uma vida decente e a um futuro digno e próspero.”
Preocupado com os impactos da Operação Suçuarana, do ICMBio, e os recentes conflitos na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, o senador Sergio Petecão (PSD-AC) se reuniu, nesta quarta-feira (18), com o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires. O encontro foi marcado por um entendimento aberto, com o objetivo de esclarecer os fatos e buscar soluções equilibradas para a situação das famílias que vivem na reserva.
“Tivemos uma conversa franca com o presidente Mauro Pires. Tirei muitas dúvidas e ouvi a versão do órgão. Meu papel é esse: buscar o entendimento, procurar outros órgãos, se for preciso, para garantir os direitos das pessoas que moram na reserva. Temos problemas? Temos. Acredito, porém, que com trabalho a gente conseguirá amenizar o sofrimento dessas famílias”, afirmou Petecão.
Destacou ainda que o diálogo precisa prevalecer, com transparência e compromisso com quem mais precisa. “O melhor caminho é o entendimento. Às vezes, a verdade não agrada, mas meu mandato é para ajudar a todos, principalmente os que mais sofrem”, completou.
Durante a reunião, o presidente do ICMBio, Mauro Pires, explicou que a operação em andamento se concentra em casos específicos e graves, e não em famílias tradicionais da reserva. Segundo ele, a ação foi precedida por diversas notificações ao longo dos últimos anos.
“O que está acontecendo é uma operação de fiscalização em duas áreas específicas da Resex. Uma, foi notificada pela primeira vez em 2011 e a outra, em 2016. Foram várias notificações para a retirada voluntária do gado, mas as ordens não foram cumpridas. Essas áreas estão ocupadas por pessoas que não são extrativistas tradicionais. São grandes criadores, com 200, 300 cabeças de gado, prática incompatível com os objetivos da reserva”, esclareceu Pires.
O presidente reforçou que a atuação do órgão é pautada pela lei e tem como foco a preservação ambiental e a proteção das comunidades extrativistas que vivem na região há gerações.
“A Resex Chico Mendes tem mais de 3 mil famílias que vivem ali de forma sustentável. A reserva permite a agricultura de subsistência, a pequena criação de animais. O que estamos combatendo são grandes ocupações ilegais, muitas vezes com decisão judicial favorável ao ICMBio. Não se trata de expulsar pequenos produtores. É garantir que essa área pública cumpra sua função social e ambiental”, afirmou.
A Reserva Chico Mendes, criada nos anos 1990, possui cerca de 970 mil hectares e exerce papel fundamental na preservação ambiental do Acre, especialmente no equilíbrio do ciclo das águas do Rio Acre.