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Mulheres fora do mercado de trabalho têm maior risco de violência doméstica no Brasil

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A 11ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher apontou que mulheres que estão fora do mercado de trabalho têm três vezes mais risco de sofrer violência doméstica no Brasil. O levantamento, divulgado nesta quinta-feira (27) pelo DataSenado e pela Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, ouviu 21.641 brasileiras em todas as regiões do país para identificar efeitos, impactos e padrões relacionados às agressões.

Segundo os dados, sete em cada dez mulheres que passaram por violência doméstica tiveram mudanças na rotina após as agressões, o que representa cerca de 24 milhões de brasileiras. O estudo mostra ainda que 68% relataram impactos nas relações sociais, 46% tiveram prejuízo no trabalho remunerado e 42% enfrentaram dificuldades nos estudos. Entre as entrevistadas que já sofreram violência, 66% recebem até dois salários mínimos, indicando relação direta entre vulnerabilidade econômica e exposição ao risco.

A pesquisa revela que 12% das mulheres fora da força de trabalho sofreram violência doméstica, enquanto entre as que estão empregadas esse percentual é de 4%. Para especialistas ouvidas no levantamento, a dependência financeira dificulta a ruptura do ciclo de violência e aumenta a exposição a diferentes formas de agressão. “Quando cruzamos esses dados socioeconômicos com os indicadores de violência, vemos com mais nitidez como a desigualdade molda o risco e a permanência das mulheres em ciclos de agressão. Isso mostra que a autonomia econômica não é apenas uma condição desejável, mas uma política estratégica de enfrentamento”, afirmou a diretora executiva da Associação Gênero e Número, Vitória Régia da Silva.

O estudo reforça a necessidade de ações integradas entre políticas de renda, educação, segurança pública e assistência. Para a líder de Políticas Públicas pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas no Instituto Natura, a resposta do Estado deve articular diferentes serviços e reconhecer as vulnerabilidades específicas enfrentadas pelas vítimas. “O que precisamos é de políticas integrais, que articulem segurança pública, saúde, assistência, educação e renda, e que ofereçam respostas reais que dialoguem com demandas e vulnerabilidades diversas”, disse.

Criada em 2005 para subsidiar a elaboração da Lei Maria da Penha, a pesquisa bienal busca identificar tendências e mudanças nos padrões de violência. Segundo a coordenadora do Observatório da Mulher contra a Violência, Maria Teresa Prado, os dados desta edição mostram impactos diretos no acesso a direitos básicos. “Os dados revelam que a violência doméstica limita a autonomia das mulheres e pode impedir o acesso a direitos básicos, como estudo e trabalho, comprometendo o futuro das famílias e do país”, afirmou.

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