Dois senadores republicanos solicitaram, nesta quinta-feira (15), que o Congresso dos Estados Unidos investigue a Meta após a divulgação de um documento interno que autorizava chatbots da empresa a interagir com crianças em conversas de teor romântico ou sugestivo. A revelação foi feita pela agência Reuters, que obteve acesso ao material.
A Meta confirmou a autenticidade do documento e afirmou que revisou as diretrizes no início de agosto, removendo trechos que permitiam esse tipo de interação, após questionamentos da imprensa. O senador Josh Hawley (Missouri) declarou que a alteração só ocorreu depois que a empresa foi exposta e defendeu a abertura imediata de uma investigação legislativa.
A senadora Marsha Blackburn (Tennessee) também se posicionou favoravelmente à apuração e destacou a importância de aprovar a Lei de Segurança Online para Crianças, proposta de sua coautoria aprovada no Senado, mas ainda em análise na Câmara dos Deputados. A medida estabelece que empresas de mídia social têm um “dever de cuidado” em relação a menores, com foco no desenho seguro das plataformas e em regras claras de funcionamento.
O documento da Meta, segundo a Reuters, incluía exemplos de respostas que seriam aceitas dentro da política interna, como declarações de apreço físico direcionadas a uma criança de oito anos. A própria empresa reconheceu que os padrões não representavam resultados “ideais ou preferíveis” de IA, mas ainda assim estavam autorizados.
O senador democrata Ron Wyden (Oregon) classificou as diretrizes como inaceitáveis e defendeu que a imunidade prevista na Seção 230 — que isenta empresas de responsabilidade pelo conteúdo gerado por usuários — não seja aplicada a casos envolvendo chatbots de inteligência artificial. Para ele, a Meta e seu CEO, Mark Zuckerberg, devem responder por eventuais danos causados.
O caso reacende o debate sobre a proteção de crianças no ambiente digital e o papel das empresas de tecnologia na prevenção de interações nocivas mediadas por inteligência artificial. A repercussão política sugere que o tema poderá acelerar propostas legislativas voltadas à regulação dessas plataformas.