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MEIO AMBIENTE

Povos indígenas devem ser ouvidos, recomenda MPF sobre obra do Ramal Barbary

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O Ministério Público Federal (MPF) recomendou que o processo de licenciamento do Ramal Barbary, entre os municípios de Porto Walter e Rodrigues Alves, no Acre, seja refeito com a realização de consulta livre, prévia e informada aos povos indígenas da Terra Indígena Jaminawa do Igarapé Preto.

A recomendação foi encaminhada ao estado do Acre, ao município de Porto Walter, ao Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre) e ao Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), após decisão judicial que anulou as autorizações concedidas para a obra. A Justiça atendeu pedido feito em ação civil pública proposta pelo MPF e pelo Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), reconhecendo a ausência de consulta aos indígenas e outras irregularidades no processo.

Entre os problemas apontados está o fato de o licenciamento ter sido feito pelo Imac, órgão estadual, quando deveria ter sido realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), já que parte do traçado passa por terra indígena. Também houve dispensa do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), além da falta de anuência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), pois a estrada afeta a zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra do Divisor.

Durante visita à Terra Indígena, o MPF ouviu da comunidade que não há oposição à construção da estrada, mas que é necessário que o direito à consulta seja respeitado. Os indígenas também pedem medidas de compensação, mitigação e a possibilidade de mudança no traçado da obra.

A recomendação orienta que, para dar continuidade ao projeto, sejam realizados dois processos de consulta: um sobre a decisão de construir a estrada e outro sobre o licenciamento ambiental. A consulta deve respeitar os protocolos próprios dos povos indígenas, com participação de órgãos como a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ) e a Comissão Pró-Indígenas do Acre (CPI-Acre). O processo deve começar desde a fase de planejamento e não pode apresentar a obra como uma decisão já tomada.

O MPF também recomenda a solicitação, por parte do órgão ambiental responsável, de termo de referência junto à Funai para realização do Estudo do Componente Indígena (ECI), procedimento distinto da consulta prevista na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. Caso a obra interfira em unidade de conservação ou em sua zona de amortecimento, será necessária a autorização do ICMBio, além de medidas de compensação ambiental.

O MPF deu prazo de 15 dias para que os órgãos informem se irão cumprir ou não a recomendação. Caso contrário, poderão ser adotadas medidas judiciais.

MEIO AMBIENTE

ONU reforça luta dos povos indígenas da Amazônia contra ameaças a direitos

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A 24ª sessão do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas destacou a defesa dos direitos dos povos indígenas, com ênfase nas ameaças representadas pelo Marco Temporal e pela exploração de minérios em territórios indígenas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que os direitos individuais e coletivos dos povos indígenas são “inegociáveis”. A declaração foi alinhada à mobilização histórica do movimento indígena brasileiro, especialmente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), que atua pela proteção dos territórios e modos de vida tradicionais.

A Coiab participou como amicus curiae no julgamento do Recurso Extraordinário 1.017.365, que resultou na declaração de inconstitucionalidade da tese do Marco Temporal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2023. Apesar da decisão, o Congresso Nacional aprovou a Lei 14.701/2023, recriando o Marco Temporal, o que levou a Coiab a atuar novamente em ações diretas de inconstitucionalidade.

A criação de uma câmara de conciliação pelo ministro do STF Gilmar Mendes, em 2024, foi criticada por organizações indígenas, que denunciaram a falta de representatividade e o risco de negociação de direitos. A Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) retirou-se do processo. A comissão permanece ativa, com sucessivas prorrogações.

Relatorias Especiais da ONU também manifestaram preocupação com o Marco Temporal e com a falta de participação indígena nas discussões.

Durante o Fórum, Guterres alertou sobre a ameaça crescente da mineração em terras indígenas. O secretário-geral destacou os impactos da contaminação por mercúrio, a exclusão social e os riscos à saúde das comunidades. Em paralelo, o Senado Federal anunciou a formação de um grupo de trabalho para propor uma regulamentação da mineração em terras indígenas, o que gerou novas críticas por parte da Coiab e outras lideranças.

Alessandra Munduruku denunciou na ONU a contaminação por mercúrio em mulheres indígenas grávidas na Amazônia, com base em estudos da Fiocruz.

Guterres também reconheceu o papel dos povos indígenas no combate à crise climática, ressaltando seus conhecimentos tradicionais como fundamentais para a conservação ambiental. A Coiab reforçou a importância da participação indígena nas negociações climáticas e lançou a campanha “A Resposta Somos Nós” no contexto da COP30, que ocorrerá na Amazônia em 2025.

As demandas indígenas incluem o reconhecimento da autoridade das lideranças indígenas em espaços de decisão e a criação de mecanismos de financiamento direto para os povos indígenas.

Segundo o coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri, a luta pelos direitos indígenas é parte de uma agenda global que conecta a proteção da Amazônia à estabilidade climática mundial.

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MEIO AMBIENTE

Desmatamento na Amazônia Legal cresce e Acre tem três unidades de conservação entre as mais afetadas

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O desmatamento na Amazônia Legal aumentou 35% em março de 2025, conforme levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). A região registrou 167 quilômetros quadrados de área desmatada, frente aos 124 km² no mesmo mês de 2024.

O maior volume de desmatamento foi identificado no Mato Grosso, responsável por 39% do total, seguido por Amazonas (23%), Pará (17%), Roraima (15%), Rondônia (4%), Acre (1%) e Maranhão (1%).

No Acre, três unidades de conservação foram listadas entre as dez mais desmatadas da Amazônia Legal. A Área de Proteção Ambiental (APA) do Igarapé São Francisco ocupou a quinta posição no ranking, a Floresta Estadual (FES) Afluente do Complexo do Seringal Jurupari ficou em sexto lugar, e a Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes em nono.

O estado registrou 2 quilômetros quadrados de desmatamento em março de 2025, uma redução de 33% em relação ao mesmo mês do ano anterior, que teve 3 km². No acumulado entre agosto de 2024 e março de 2025, o Acre somou 282 km² de áreas desmatadas, 38% a mais que no período anterior.

O levantamento também apontou que a degradação florestal na Amazônia Legal teve queda de 90% em março de 2025, com 206 km² de áreas degradadas.

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MEIO AMBIENTE

Marina Silva destaca justiça climática e transição ecológica em conferência nacional

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A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou nesta sexta-feira (25) que a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente será um espaço para avançar no debate sobre justiça climática. O evento ocorrerá de 6 a 9 de maio, em Brasília.

Durante a apresentação das diretrizes da conferência, Marina afirmou que a justiça climática é um dos principais temas do encontro. “É um princípio basilar da conferência, tratar da ideia de justiça climática, onde possamos ter um processo de transição que seja justo, sobretudo para aqueles que são mais vulnerabilizados, as mulheres, as comunidades periféricas, as pessoas pretas, as pessoas LGBTQIA+, os povos indígenas, as populações tradicionais”, disse.

A ministra destacou a mobilização de estados, municípios e sociedade civil nas etapas preparatórias do evento. “A gente colocou em jogo a capacidade de acreditar, criando e viabilizando as articulações com estados, municípios e a sociedade, com diferentes segmentos, para que a gente tivesse essa quantidade de municípios envolvidos”, afirmou.

Marina alertou para o contexto atual das mudanças climáticas. “Estamos vivendo uma situação de emergência climática no planeta com o agravante de fenômenos e de problemas que sequer temos condições de mensurar neste momento”, declarou. Ela defendeu que a resposta passe por ações de adaptação, mitigação e educação ambiental.

Sobre a necessidade de transformação ecológica, a ministra apontou que o país precisa buscar soluções baseadas na natureza. “O desafio da transformação ecológica é também criar um novo ciclo de prosperidade, que seja compatível com o desafio que a humanidade está vivendo, sobretudo buscando soluções baseadas na natureza, produtos e materiais baseados na natureza”, explicou. Segundo Marina, essa mudança exige rever práticas sociais e econômicas. “É preciso mudar nossa maneira de ser”, afirmou.

A ministra defendeu a transição energética e o fim do uso de combustíveis fósseis. “Temos o desafio de fazer a transição justa e planejada para o fim dos combustíveis fósseis”, declarou.

Em relação à 30ª Conferência das Partes (COP30), que será realizada em Belém, Marina destacou a importância de implementar compromissos climáticos firmados em anos anteriores. “Que a COP30 seja a COP para implementar aquilo que já foi decidido nos últimos 30 anos, quando decidimos que não vamos ultrapassar 1,5 ºC de temperatura da terra”, disse.

Marina também comentou os desafios do combate ao desmatamento. “Estamos fazendo um esforço muito grande [para reduzir o desmatamento]. Você tem uma largada em que você consegue uma diminuição mais potente, depois fica mais difícil você manter o processo de desmatamento”, observou.

A ministra criticou ações internacionais que dificultam a cooperação climática. “A guerra tarifária promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não favorece o financiamento climático, a cooperação e a solidariedade”, afirmou.

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