Com 80 casos confirmados de sarampo na Bolívia, principalmente no Departamento de Santa Cruz, o governo do Acre intensificou as ações de vigilância e vacinação nas regiões de fronteira. A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) e o Programa Nacional de Imunizações (PNI-AC) estão coordenando medidas para evitar a reintrodução do vírus no território acreano, onde não há registros da doença desde 2000.
Durante coletiva de imprensa realizada na terça-feira, 8 de julho, a secretária adjunta de Atenção à Saúde, Ana Cristina Moraes, explicou que a proximidade com países que enfrentam surtos — como Bolívia e Peru — eleva o risco de circulação do vírus no estado. “Estamos em alerta máximo e atuando com vigilância ativa nos municípios de fronteira”, declarou.
Cinco municípios foram classificados como prioritários nas ações preventivas: Plácido de Castro, Capixaba, Epitaciolândia, Brasiléia e Assis Brasil. Nessas localidades, estão sendo aplicadas medidas como intensificação da vacinação, barreiras sanitárias, oficinas com profissionais de saúde e articulações binacionais com autoridades do Departamento de Pando, na Bolívia.
Renata Meireles, responsável técnica pelas doenças imunopreveníveis da Sesacre, e Renata Quiles, coordenadora estadual do PNI, alertaram para a alta transmissibilidade do sarampo. Ambas ressaltaram que o vírus é “mais transmissível que a Covid-19” e defenderam a vacinação como a principal forma de contenção.
A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, está disponível nas Unidades Básicas de Saúde. Em 2025, o Acre atingiu 96,67% de cobertura vacinal com a primeira dose em crianças, mas apenas 70,32% receberam a segunda dose, abaixo da meta recomendada de 95% pelo Ministério da Saúde.
A médica infectologista Cirley Lobato destacou os sintomas iniciais do sarampo — febre, manchas vermelhas, tosse, coriza e conjuntivite — e advertiu que a doença pode evoluir para complicações como pneumonia, meningite e até morte. Ela reforçou a importância do atendimento imediato em casos suspeitos.
As autoridades locais também articulam medidas com outros estados fronteiriços, como o Mato Grosso, e com o governo federal. O próximo Dia D da campanha nacional de vacinação será realizado no sábado, 30 de julho, com foco em ampliar a cobertura vacinal e evitar um novo surto da doença na região.