O Papa Francisco, que faleceu no neste dia 21 de abril de 2025, deixa um legado marcado por uma atenção constante à Amazônia e aos seus povos. Durante seus doze anos de pontificado, ele destacou a região como símbolo do cuidado com o meio ambiente e a justiça social.
Logo no início de seu papado, Francisco fez um apelo à humanidade para ser guardiã da criação, promovendo a proteção do meio ambiente e dos mais vulneráveis. Ao longo de seu pontificado, reforçou a presença da Igreja Católica na Amazônia, defendendo um modelo com rosto amazônico, com clero indígena e maior inserção das comunidades locais.
A criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), em 2014, e a convocação do Sínodo da Amazônia, em 2017, marcaram momentos decisivos da relação entre o Vaticano e a região. O Sínodo ocorreu em 2019 e reuniu representantes de todos os países da Pan-Amazônia, incluindo bispos, religiosos e lideranças comunitárias.
A partir do Sínodo, Francisco lançou a exortação apostólica “Querida Amazônia”, em 2020, onde apresentou quatro sonhos para a região: social, cultural, ecológico e eclesial. No documento, reafirmou a necessidade de preservar a biodiversidade, garantir os direitos dos povos indígenas e promover uma Igreja com maior participação dos leigos e das mulheres.
Em viagens à América Latina, Francisco reforçou a importância da Amazônia como herança para as futuras gerações e destacou a sabedoria dos povos indígenas. Em Puerto Maldonado, no Peru, em 2018, denunciou ameaças aos territórios tradicionais e defendeu um modelo de desenvolvimento que respeite as culturas locais.
A fundação da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), em 2020, consolidou o esforço da Igreja em promover uma estrutura sinodal voltada às realidades amazônicas. A nomeação do primeiro cardeal da Amazônia brasileira, Dom Leonardo Steiner, em 2022, também expressou esse compromisso institucional.
Francisco foi uma das principais vozes religiosas contra o desmatamento e a mineração ilegal na Amazônia, destacando os impactos dessas práticas na vida das comunidades ribeirinhas e indígenas.
Durante o Sínodo e em suas mensagens posteriores, Francisco insistiu na importância de ouvir os povos da floresta. Para ele, a Igreja deve ser povo de Deus, e não apenas uma instituição hierárquica. Seu legado inclui o chamado à conversão ecológica e ao fortalecimento de uma ecologia integral, que una espiritualidade, cuidado com a natureza e justiça social.