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Acre ganha protagonismo nas exportações e mira nova economia amazônica

O estado alcança recordes históricos em vendas internacionais e atrai investimentos estratégicos para cadeias produtivas como carne, castanha, café e bioeconomia.

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Nos últimos dois anos, o Acre passou a figurar com mais força no mapa da exportação brasileira. A mudança não veio por acaso: é resultado de uma série de ações articuladas no estado, com apoio direto da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). A reportagem acompanhou de perto esse movimento, ouvindo fontes locais, cobrindo anúncios e levantando dados de iniciativas que, juntas, vêm reposicionando o estado na agenda do comércio exterior.

O crescimento das exportações é um dos sinais mais concretos dessa transformação. Em 2024, o Acre movimentou US$ 87,3 milhões em vendas internacionais, o maior valor da história do estado e 90,5% superior ao registrado em 2023. O avanço foi puxado principalmente pelos embarques de carnes e castanha do Brasil. As exportações de carne bovina desossada, congelada, por exemplo, saltaram de US$ 227 mil para US$ 18,4 milhões em um ano. Já a carne suína congelada passou de US$ 4,5 milhões para US$ 15,9 milhões no mesmo período.

Também merece destaque o desempenho da castanha do Brasil, que avançou de US$ 5,7 milhões em 2023 para US$ 10,4 milhões em 2024. Mesmo com uma quebra de safra em 2025, o setor continuou ativo e, até maio, já somava US$ 8,4 milhões exportados. A curva ascendente acompanha uma presença mais ativa da agência de promoção de exportações no estado, com investimentos em capacitação, promoção internacional e estrutura produtiva.

Além do salto nas exportações, o número de empresas acreanas atendidas pela ApexBrasil também atingiu recorde: 66 empreendimentos contaram com algum tipo de apoio da agência em 2024. Destas, 51 foram micro e pequenas empresas. 30 participaram de ações de capacitação, 28 de promoção comercial e 19 utilizaram serviços de inteligência de mercado.

Entre os programas que ajudam a explicar esse avanço está o PEIEX (Programa de Qualificação para Exportação), relançado em 2023 no estado com a meta de atender 50 empresas locais. O investimento, de R$ 650 mil, foi feito em parceria com o Sebrae-AC. Na fase anterior do programa, entre 2019 e 2021, 52 empresas acreanas já haviam sido capacitadas.

Outro marco relevante foi o anúncio, em fevereiro de 2025, de R$ 12 milhões para a construção de duas agroindústrias de beneficiamento e secagem de café, uma em Rio Branco e outra em Xapuri. A iniciativa, voltada para pequenos produtores e extrativistas, pretende dar escala e valor agregado à produção local.

Na agenda da bioeconomia, o Acre passou a integrar, desde 2023, o programa Exporta Mais Amazônia, que visa inserir produtos da floresta no mercado internacional. Em uma das ações mais expressivas, realizada em novembro de 2023, a agência trouxe 20 importadores estrangeiros para Xapuri e Rio Branco. Eles participaram de 260 reuniões de negócios com empresas locais e negociaram R$ 50 milhões em exportações. Compradores vieram de países como Canadá, Singapura, Emirados Árabes, China, Espanha e Peru.

Com apoio da Apex, empresas locais também participaram de rodadas de negócios na América Latina, especialmente no México, Panamá e Colômbia. Dom Porquito, Cooperacre e Frigo Nosso são alguns dos nomes que passaram a ganhar projeção internacional.

Desde fevereiro de 2024, o Acre também passou a integrar a Mesa Executiva da Castanha do Brasil, coordenada pela ApexBrasil. A iniciativa busca destravar entraves logísticos e regulatórios na cadeia da castanha, com participação de cooperativas de Rio Branco e Sena Madureira. Entre os resultados práticos estão a simplificação de certificações e o acesso ampliado a recursos do Plano Safra.

Em maio de 2024, a agência organizou uma Missão de Biomateriais no Acre, em parceria com a Assintecal. A ação levou técnicos a Rio Branco e Cruzeiro do Sul para fomentar a produção de materiais sustentáveis voltados à indústria da moda e calçados, conectando a biodiversidade a mercados globais.

Outro passo importante foi dado em abril de 2025, quando a ApexBrasil apoiou a assinatura de um convênio com o Banco da Amazônia, destinando R$ 82 milhões à estruturação das cadeias de suinocultura e aves no estado. O acordo inclui a construção de 250 galpões de suínos e 40 de aves, com participação direta de empresas como Dom Porquito e Acreaves, mirando o fortalecimento da base produtiva rural e da classe média no campo.

Ao todo, o Acre recebeu 11 eventos da agência nos últimos dois anos — entre missões comerciais, feiras internacionais e rodadas de negócios. Além disso, empresas do estado participaram de missões presidenciais e diplomáticas internacionais organizadas pela ApexBrasil desde de 2023. Foram 15 agendas presidenciais, 2 vice-presidenciais e 9 encontros com setores comerciais de embaixadas brasileiras no exterior, que possibilitaram a empresas acreanas dos setores de carnes, castanhas, frutas e borracha apresentar demandas e abrir novos mercados. A movimentação, até pouco tempo inédita nessa escala, ajuda a explicar a mudança de patamar.

Por trás dessa nova fase, está um nome já conhecido no estado: Jorge Viana. Ex-governador e ex-senador pelo Acre, ele assumiu a presidência da ApexBrasil no início do terceiro mandato de Lula. Desde então, tem adotado uma estratégia que amplia a presença da agência na Amazônia e aproxima iniciativas de desenvolvimento sustentável de mercados internacionais. Viana esteve pessoalmente no Acre ao menos dez vezes em 2024, articulando programas e ampliando a visibilidade de empreendimentos locais no exterior.

Essa atuação, somada ao dinamismo de empreendedores, cooperativas e produtores locais, aponta para um cenário promissor. Com suporte técnico e articulação institucional, o Acre demonstra que tem potencial para liderar uma nova geração de exportações sustentáveis na Amazônia. A combinação de biodiversidade, vocação produtiva e estratégias bem estruturadas pode permitir que o estado não apenas amplie seus resultados comerciais, mas também transforme sua economia, fortalecendo sua base rural e urbana. Esse movimento também abre perspectivas para novas cadeias produtivas, como o café robusta amazônico e o cacau, setores que vêm sendo estimulados com apoio da Apex e apresentam potencial de crescimento no estado. O desafio, agora, é manter o ritmo e consolidar um ecossistema exportador duradouro, com base no que já está dando certo.

Claro, tudo isso depende de política pública articulada, infraestrutura, suporte técnico e continuidade. O crescimento das exportações, por exemplo, pode ser interrompido por gargalos logísticos, instabilidade nos programas de incentivo ou mudanças no cenário internacional. Ao mesmo tempo, revela-se que, com o apoio certo e foco em cadeias sustentáveis, os estados da Amazônia podem ocupar um lugar relevante no comércio global. O desafio agora é transformar essa janela de oportunidade em política de Estado e não apenas de gestão.

Os dados mostram avanços consistentes, mas também impõem uma reflexão. O Acre está, talvez pela primeira vez em sua história recente, diante de uma chance concreta de transformar sua inserção econômica no país e no mundo. O salto nas exportações, a mobilização de cadeias produtivas sustentáveis e os aportes estruturais são sinais claros de que há um modelo em construção. Mas como toda transformação real, ela depende de continuidade, visão estratégica e políticas públicas que sobrevivam ao calendário eleitoral. A pergunta que nos resta é: será que o Acre conseguirá consolidar esse ciclo como um projeto de longo prazo ou ficará refém de mais uma boa intenção isolada no tempo?

Educação

Rio Branco realiza segunda edição do TechJovem e incentiva jovens à inovação tecnológica

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A Prefeitura de Rio Branco abriu nesta quinta-feira (16) a segunda edição do Festival TechJovem Digital, considerado o maior evento de tecnologia do Acre. Realizado no espaço Maison Borges, no Distrito Industrial da capital, o encontro segue até sexta-feira (17) e tem como tema A nova economia da Inteligência Artificial. O objetivo é aproximar crianças e jovens da tecnologia e do empreendedorismo, ampliando o acesso ao conhecimento digital e à inovação.

O prefeito Tião Bocalom destacou que a iniciativa faz parte da política municipal de valorização da educação tecnológica. “Isso daqui é o que essa garotada precisa. É um grande incentivo para eles continuarem despertando o interesse e buscando caminhos dentro da tecnologia. Estou muito feliz, porque o evento não é só para alunos da rede municipal, mas também para escolas do Estado e de outros municípios”, afirmou.

“O evento é um grande incentivo para a garotada seguir sonhando e explorando o mundo da tecnologia uma iniciativa que conecta escolas municipais, estaduais e de outros municípios!” Tião Bocalom – foto Fred

A programação do festival inclui palestras, oficinas, exposições e o primeiro Campeonato de Robótica do Acre, com a participação de alunos das escolas Marilena Mansour, Hermínio de Melo e Francisco Augusto Bacurau. Durante a atividade, os estudantes desenvolveram mini ventiladores controlados por tablets, equipamentos distribuídos pela Prefeitura à rede municipal de ensino.

O vice-prefeito e secretário de Educação, Alysson Bestene, explicou que o TechJovem integra a estratégia de modernização da educação pública. “Essa é uma idealização do prefeito Tião Bocalom. É um investimento que busca garantir um futuro melhor para nossas crianças, oportunizando à rede municipal o acesso a inovações tecnológicas”, disse.

Além de autoridades locais, o evento contou com a participação de palestrantes nacionais, como a engenheira acreana Carol Pimentel, formada pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Ela compartilhou sua trajetória acadêmica e incentivou os jovens a persistirem nos estudos. “Desde novinha eu sempre ouvi que o ITA era a faculdade mais desafiadora do Brasil e passei a sonhar com isso. Meu conselho é que sonhem grande e corram atrás”, afirmou.

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Tecnologia e Inovação, coronel Ezequiel Bino, destacou que o festival reforça o papel da Prefeitura na formação de novas gerações conectadas ao futuro digital. “O objetivo do TechJovem é despertar, preparar e conectar nossos jovens ao mundo das novas tecnologias. Eles já usam tecnologia, agora precisam aprender a usá-la a seu favor, como ferramenta de trabalho e transformação”, explicou.

O TechJovem Digital é parte de uma política municipal voltada à democratização do ensino tecnológico, que inclui o uso de robótica e programação nas escolas públicas de Rio Branco. A expectativa da gestão é ampliar as ações para novos bairros e municípios da região, consolidando o evento como referência na promoção da inovação no Acre.

Fotos: Sérgio Vale / Vale Comunicações

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Mutirão oferece serviços de cidadania e saúde a população em situação de rua em Rio Branco

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A população em situação de rua de Rio Branco recebeu, nesta sexta-feira (17), atendimento integrado de órgãos estaduais, municipais e do Poder Judiciário na Escola Estadual Barão do Rio Branco. A ação faz parte do programa Juntos Pelo Acre, coordenado pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), que levou ao local serviços de registro civil, atendimento jurídico, assistência social e entrega de vestuário.

Durante o mutirão, foram distribuídos 200 kits de roupas para homens e mulheres, cada um contendo duas peças, como parte do programa Vestuário Social. A técnica da SEASDH, Josiane Nobre, representando a vice-governadora e titular da pasta Mailza Assis, afirmou que o serviço busca assegurar o direito básico de acesso a vestimentas e promover dignidade às pessoas em vulnerabilidade.

O representante do Movimento de Apoio às Pessoas em Situação de Rua (Mapsir), André do Nascimento Vitor, destacou a importância da ação para o grupo. “A gente se sentiu bem acolhido pelos órgãos competentes — como o Tribunal de Justiça, a Prefeitura de Rio Branco e o governo do Estado. Hoje aqui tem vários tipos de serviço. Tem para tirar o RG, o registro, dar entrada em benefício. Muitas vezes, a pessoa em situação de rua nem sabe que tem esse direito”, afirmou. Ele ressaltou também que há orientação sobre o Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas) e o acesso a tratamento no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), para quem precisa de acompanhamento especializado.

Além da SEASDH, participaram da mobilização o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Justiça Federal (JF), Advocacia-Geral da União (AGU), Defensoria Pública da União (DPU), Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), Polícia Civil do Acre (PCAC) e o projeto Justiça sobre Rodas. Também foram oferecidos serviços clínicos, testagem rápida, vacinação e perícia judicial.

A juíza auxiliar da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luciana Ortiz, observou que a falta de documentação é uma das principais barreiras enfrentadas por essa população. “Essa população perde todos os dias — está sujeita à chuva, à limpeza urbana, que muitas vezes leva seus pertences e, com eles, a documentação. Então, ela tem muita dificuldade de acesso à cidadania”, explicou.

Segundo Luciana, a proposta do mutirão é reunir todos os órgãos necessários para que as pessoas possam emitir documentos como certidão de nascimento, identidade e título de eleitor, concentrando em um só espaço diversos atendimentos jurídicos, sociais e de saúde. A expectativa era atender cerca de 100 pessoas ao longo do dia.

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Justiça do Acre realiza II Encontro Pop Rua Jud com foco em políticas públicas para pessoas em situação de rua

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O Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) iniciou nesta quinta-feira, 16, o II Encontro Pop Rua Jud, voltado à construção de soluções e fluxos interinstitucionais para o atendimento e a garantia de direitos das pessoas em situação de rua. O evento, promovido pelo Comitê Multinível, Multissetorial e Interinstitucional (Commi), ocorre em Rio Branco nos dias 16 e 17 de outubro, reunindo representantes do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, instituições parceiras e sociedade civil.

De acordo com dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais, o país contabiliza atualmente 345.542 pessoas registradas no CadÚnico nessa condição. O número representa apenas uma parte da realidade, já que muitos não possuem documentos ou acesso a programas sociais, o que amplia a complexidade do tema abordado pelo encontro.

Na abertura, a juíza Isabelle Sacramento representou a presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE-AC) e destacou a importância da atuação integrada. “O TRE/AC está ciente dessa necessidade de atuação junto às pessoas que enfrentam vulnerabilidades e hoje recebi a notícia que estamos com 100% de conformidade às políticas públicas envolvendo as pessoas em situação de rua”, afirmou.

O desembargador Junior Alberto, diretor em exercício da Escola do Poder Judiciário (Esjud), ressaltou o papel educativo do encontro e citou a frase de Nelson Mandela: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Segundo ele, a Esjud atua como ponte entre o sistema de justiça e a população, para que os direitos sejam aplicados de forma efetiva.

Encerrando a solenidade de abertura, o presidente do TJAC, desembargador Laudivon Nogueira, afirmou que o compromisso do Judiciário é com a dignidade e a inclusão. “A Justiça não é só um sistema de normas e procedimentos, ela é sobretudo uma expressão concreta de humanidade. A dignidade humana não pode depender de endereços ou de uma vestimenta. O mais vulnerável é o verdadeiro destinatário do nosso trabalho”, declarou.

A programação do encontro inclui palestras e painéis com representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do Ministério Público e da Defensoria Pública. O conselheiro Pablo Coutinho apresentou a Resolução 425/2021 do CNJ, que institui diretrizes nacionais para o atendimento à população em situação de rua, baseada em princípios de gestão, governança e medidas de cidadania. Já a juíza Luciana Ortiz relatou um caso em que a falta de endereço quase levou à exclusão de uma idosa de um processo judicial, destacando como as burocracias ainda impedem o acesso pleno à justiça.

Os debates seguiram com mesas sobre boas práticas de atendimento, moradia adequada e empregabilidade. O primeiro dia encerrou com palestras do juiz Giordane Dourado, sobre os desafios da justiça criminal, e do defensor público Renan Oliveira, que tratou do tema “Mutirões e acesso a direitos”. Nesta sexta-feira, o evento prossegue com atividades no centro de Rio Branco, incluindo um mutirão de atendimentos jurídicos e sociais no Colégio Estadual Barão de Rio Branco.

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