O Sebrae apresentou nesta terça-feira (18), na Green Zone da COP30, em Belém (PA), o projeto Carbono Social, iniciativa que transforma práticas sustentáveis de pequenos produtores e comunidades tradicionais da Amazônia em créditos de carbono rastreáveis . O anúncio ocorreu durante um painel que reuniu representantes de instituições multilaterais, fundos climáticos e organizações interessadas em modelos que unam transparência, inclusão produtiva e viabilidade econômica.
O projeto foi desenvolvido em parceria com a Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), a ReSeed e a Social Carbon, e propõe um modelo que integra conservação ambiental, geração de renda e uso de geotecnologia para medir, validar e oferecer créditos de carbono no mercado internacional. No evento, o Sebrae destacou que a iniciativa se insere em um movimento de expansão das finanças verdes no país, especialmente em territórios amazônicos. Segundo o diretor-técnico do Sebrae, Bruno Quick, a proposta busca consolidar uma rota em que a preservação ambiental e as atividades produtivas resultem em renda direta para comunidades. “Queremos escalar o modelo e consolidar um novo paradigma de créditos de carbono com impacto social positivo”, afirmou.
O piloto do Carbono Social começou em julho, em Santarém (PA), envolvendo 150 agricultores familiares em uma área de 15 mil hectares, dos quais 8,5 mil hectares são áreas conservadas, sistemas agroflorestais e áreas manejadas de forma sustentável. O processo inclui mapeamento das propriedades, medição de biomassa e carbono com dados de campo e imagens de satélite, validação na plataforma digital da ReSeed e geração de créditos certificados prontos para negociação. A renda obtida deve retornar diretamente às famílias, com parte dos recursos reinvestida nas próprias comunidades.
Durante o lançamento, representantes das organizações parceiras destacaram o caráter integrado da proposta. Para Fábio Rodrigues, diretor técnico da Ecam, “a combinação entre geotecnologia e saberes locais permite que os créditos sejam não só rastreáveis, mas também justos: quem protege a floresta passa a ter reconhecimento e remuneração diretos” . Já o analista de Serviços Ambientais do Sebrae, Pedro Cavalcante, afirmou que o Carbono Social inaugura uma frente estratégica ao aproximar empreendedorismo rural, conservação e mercado climático. “O Carbono Social posiciona o Sebrae como articulador de soluções sustentáveis e fortalece o papel dos pequenos negócios e das comunidades tradicionais na economia verde”, disse.
O lançamento também marcou o início de diálogos com fundos climáticos internacionais e potenciais compradores de créditos interessados em mecanismos de rastreabilidade e impacto social. A expectativa é que o modelo seja replicado em outros biomas brasileiros, respeitando características culturais, produtivas e ecológicas de cada território. O Sebrae informou que pretende ampliar a iniciativa com apoio de investidores e instituições multilaterais, alinhando o Brasil às demandas globais por carbono social e transparente.
A participação do Sebrae na COP30 inclui ainda um estande de 400 m² na Green Zone, com atividades culturais, exibição de documentários, degustações de produtos da bioeconomia e programação técnica. A instituição também montou a Zona do Empreendedorismo (En-Zone) no Parque Belém Porto Futuro, reforçando a presença de pequenos negócios na conferência e ampliando espaços de diálogo sobre modelos sustentáveis de desenvolvimento na Amazônia.
Fonte e Foto: Sebrae