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MEIO AMBIENTE

Coletivo que organiza a comercialização do pirarucu no Amazonas apresenta case de sucesso no Seminário Internacional Txai Amazônia

Organização atua há seis anos promovendo o manejo sustentável e garante o debate sobre uma bioeconomia local

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Nascida no Amazonas, a marca coletiva Gosto da Amazônia, coordenada pela Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), será um dos mais de 20 cases de sucesso apresentados no Seminário Internacional Txai Amazônia, realizado de 25 a 28 de junho, no espaço eAmazônia da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco.

Com seis anos de atuação, a marca reúne diversas organizações da Amazônia envolvidas na cadeia de manejo sustentável do pirarucu. Criada para comercializar o peixe amazônico de forma coletiva e responsável, a iniciativa demonstra que é possível aliar geração de renda e valorização dos saberes tradicionais.

“É um privilégio fazer parte de uma organização de base e mostrar que temos resultados. Apesar dos desafios comerciais, gerenciais, logísticos e estruturais, conseguimos superar uma realidade bastante difícil e mostrar que temos atuado com resultados concretos. Buscamos parcerias para isso”, afirma Ana Alice Oliveira de Britto, coordenadora de comercialização da ASPROC.

A participação da marca no Txai Amazônia reforça a conexão entre o trabalho de base comunitária e os valores do evento, que busca promover soluções sustentáveis construídas a partir dos territórios e com protagonismo dos povos amazônicos. 

Durante o seminário, a coordenação da marca vai apresentar as conquistas e os aprendizados da trajetória, reforçando a importância de políticas públicas e investimentos para fortalecer experiências de bioeconomia nos territórios.

“Temos resultados que demonstram que é possível fazer bioeconomia com impactos diretos na vida do homem e da mulher da floresta”, destaca Britto.

A Gosto da Amazônia integra o Coletivo do Pirarucu, iniciativa que articula manejadores e manejadoras de pirarucu em unidades de conservação, terras indígenas e áreas com acordos de pesca, além de organizações de assessoria técnica e órgãos públicos. 

“O nosso objetivo é unir diversas iniciativas de manejo sustentável, fortalecendo essa cadeia de valor e contribuindo para a conservação da biodiversidade”, conclui a coordenadora.

A apresentação da Gosto da Amazônia acontece no terceiro dia de seminário, na sexta-feira, 27, a partir das 16h. Para assistir o debate, os interessados devem se inscrever na plataforma do sympla, com link disponível no txaiamazonia.com.br, onde também é possível conferir toda a programação.

Sobre o TXAI Amazônia

O seminário reunirá líderes dos nove estados da Amazônia Legal, além de Bolívia e Peru, para promover a bioeconomia e a valorização da sociobiodiversidade como base para o desenvolvimento econômico da região.

Durante quatro dias, o TXAI Amazônia abordará sete temas em 15 painéis, apresentando 20 casos de sucesso da bioeconomia regional e uma Mostra Artística que integrará povos tradicionais, comunidade acadêmica e autoridades.

O seminário é organizado pelo Instituto SAPIEN, uma instituição científica, tecnológica e de inovação dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional, em parceria com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, suas secretarias e 25 instituições locais.

MEIO AMBIENTE

Francisco Piyãko avalia 17 anos do Fundo Amazônia e projeta novos rumos

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O Fundo Amazônia, criado em 2008 e gerido pelo BNDES sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente, completou 17 anos em 2025 consolidando-se como o maior programa de financiamento de políticas públicas e projetos socioambientais voltados à conservação da floresta e ao fortalecimento das populações tradicionais. Nesse marco, a participação de lideranças indígenas foi central, entre elas a de Francisco Piyãko, coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ) e liderança Ashaninka da comunidade Apiwtxa, em Marechal Thaumaturgo (AC).

Participação no evento “Raízes e Rumos”

Durante a celebração dos 17 anos, em Manaus, nos últimos dias 12 e 13, Piyãko destacou a relevância do Fundo Amazônia como instrumento estratégico de proteção territorial. “Nós povos indígenas, seja aqui no Juruá ou em qualquer lugar onde a gente esteja, lutamos para manter os nossos direitos já conquistados. Não estamos inventando nada. E a gente tem que estar sempre atento, porque dá pra ver que tem muitos trabalhando pra tirar esse direito”.

O dirigente da OPIRJ sublinhou que o encontro foi também um espaço de avaliação: “Foi feito um trabalho de alinhamento, em olhar para o futuro. A partir dessas experiências, a gente foi olhando onde tem que mudar, onde tem que melhorar para ajustar cada vez mais. Esse programa ganha muita confiança hoje, tanto nos territórios quanto na esfera nacional e internacional”.

A trajetória do Fundo Amazônia com a Apiwtxa e a OPIRJ

A comunidade Apiwtxa, referência na luta pelo território Ashaninka, foi protagonista no acesso direto ao Fundo Amazônia. Entre 2015 e 2018, coordenou o Projeto Alto Juruá, com investimento de R$ 6,5 milhões, voltado ao manejo agroflorestal, monitoramento territorial e fortalecimento comunitário. A avaliação independente realizada pela GIZ mostrou que, durante sua execução, a taxa de desmatamento nas áreas apoiadas caiu em 64,6%, resultado muito acima da média dos demais projetos financiados no período.

A partir dessa experiência, a OPIRJ estruturou o projeto Gestão Territorial, retomado em 2023 após a reativação do Fundo, com foco na proteção e gestão de 13 Terras Indígenas da região. Em 2023, a parceria foi ampliada com a assinatura de contrato de R$ 33,6 milhões entre BNDES e OPIRJ, na presença das ministras Marina Silva e Sônia Guajajara e da presidenta da Funai, Joenia Wapichana.

“Esse é um projeto básico para a gente começar e dar para fazer muito trabalho nessas comunidades indígenas. A gente tem o desafio e o compromisso de fazer esse projeto andar de acordo com seu espírito”, afirmou Piyãko, ao lado de lideranças indígenas e autoridades federais.

Impactos e desafios

O Fundo Amazônia, segundo Piyãko, transformou-se em um caminho para a ampliação de recursos destinados diretamente aos territórios, durante o evento dos 17 anos, ele pontuou a necessidade de avanços também: “Tem um desafio muito grande que a gente colocou: como acessar de maneira direta esses recursos. Às vezes o programa é muito bem elaborado, mas a ponta tem dificuldade de acessar. Estamos nesse processo”.

Ele destacou ainda que os critérios de acesso — como capacidade técnica e compromisso com a causa ambiental — são fundamentais: “Tem que ter capacidade técnica e compromisso com a causa ambiental, com as populações tradicionais. Isso às vezes incomoda alguns porque querem ter o recurso, mas não têm o compromisso”.

Perspectiva histórica e política

No balanço, Piyãko reconheceu o Fundo Amazônia como o maior programa de impacto direto na proteção territorial: “É o maior programa que a gente teve nesses últimos tempos, que traz resultado, que impactou direto nos territórios para proteção, para manter a floresta de pé, fortalecendo as comunidades e as organizações locais, equipando o Estado e investindo em ciência e tecnologia”.

A trajetória, porém, não foi linear: o programa foi paralisado entre 2019 e 2022, durante o governo Bolsonaro, o que comprometeu a continuidade de projetos em curso. A retomada a partir de 2023 recolocou em pauta iniciativas indígenas de gestão ambiental e fortalecimento comunitário.

Avanço no Juruá

Francisco Piyãko lembrou que a história da comunidade Apiwtxa abriu o caminho para o protagonismo indígena no Fundo Amazônia. “A experiência da Apiwtxa mostrou que nós tínhamos condições de acessar diretamente esses recursos e transformar em resultados concretos para o território. Ali começamos com o Alto Juruá e provamos que era possível”, destacou.

Ele explicou que esse percurso levou à criação de um novo projeto, com a OPIRJ, tendo assim uma articulação regional capaz de ampliar o alcance das ações. “Hoje, com a OPIRJ, conseguimos avançar para as 13 terras indígenas do Juruá. Essa ligação entre o que fizemos na Apiwtxa e o que estamos fazendo agora com a OPIRJ é muito grande, porque mostra que não é um projeto isolado, mas uma construção coletiva para o futuro do nosso povo”, afirmou.

Para Piyãko, a consolidação desse processo representa um marco para todo o Vale do Juruá. “O tamanho disso é que agora não é só uma comunidade, mas uma região inteira fortalecida. O Fundo Amazônia nos permitiu dar esse salto e mostrar que o Juruá pode ser referência de gestão territorial e de sustentabilidade para a Amazônia”, concluiu.

O Projeto Gestão Territorial, coordenado pela OPIRJ com apoio do Fundo Amazônia, beneficia cerca de 11 mil pessoas. A iniciativa está estruturada em quatro eixos: fortalecimento institucional das organizações indígenas, aquisição de equipamentos e infraestrutura, promoção de atividades produtivas sustentáveis e valorização cultural. Entre as ações em andamento estão a capacitação de lideranças, a criação de planos de gestão territorial e ambiental, e o apoio a associações e cooperativas indígenas para ampliar sua capacidade de representação e de diálogo com instituições públicas e privadas.

Na prática, o projeto vem implementando sistemas agroflorestais, investindo em segurança alimentar e na recuperação de áreas degradadas, além de organizar estratégias de monitoramento para proteger os territórios contra invasões e pressões externas. Também promove estudos e pesquisas sobre o patrimônio cultural material e imaterial dos povos indígenas do Juruá, fortalecendo identidades e tradições locais. Com esse conjunto de medidas, o Gestão Territorial busca consolidar um modelo de desenvolvimento que alia proteção ambiental, autonomia comunitária e geração de renda sem abrir mão da floresta.

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MEIO AMBIENTE

Pesquisa da USP identifica microrganismos da Amazônia com uso agrícola e farmacêutico

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Um estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) identificou microrganismos de solos amazônicos com potencial para aplicação na agricultura e na indústria farmacêutica. A pesquisa foi realizada em parceria com a USP de São Carlos e a Simon Fraser University, do Canadá, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Contexto e objetivo

O trabalho foi desenvolvido pela bióloga Naydja Moralles Maimone, no Laboratório de Microbiologia Agrícola e Química de Produtos Naturais da Esalq-USP, sob orientação da professora Simone Lira. As amostras analisadas já estavam preservadas no Laboratório de Genética de Microrganismos e passaram por testes para identificar propriedades de interesse agronômico e medicinal.

Resultados da pesquisa

Duas linhagens de actinobactérias se destacaram. A Streptomyces sp. AM25 apresentou capacidade de promover o crescimento de plantas e inibir fungos que atacam culturas como soja, milho e tomate. A Streptantibioticus sp. AM24 produziu duas moléculas inéditas da classe das acidifilamidas, incluindo uma com modificação estrutural não registrada anteriormente em microrganismos.

A investigação utilizou técnicas de genômica e metabolômica para associar genes e compostos bioativos a funções específicas. O método permitiu mapear substâncias com potencial para o desenvolvimento de bioinsumos e de novos medicamentos.

Repercussão e próximos passos

Segundo os pesquisadores, a biodiversidade microbiana da Amazônia permanece pouco explorada e representa uma oportunidade estratégica para gerar soluções sustentáveis. A aplicação prática dos resultados depende de etapas de validação, parcerias com empresas e cumprimento da legislação sobre uso de recursos genéticos.

Importância do estudo

O levantamento reforça o papel da Amazônia como fonte de inovação científica e tecnológica, com impacto direto na segurança alimentar, na preservação ambiental e na descoberta de novos fármacos.

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MEIO AMBIENTE

Estudo aponta degradação acelerada na Amazônia e alerta para necessidade de frear pressões humanas

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Um levantamento conduzido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) indica que a floresta amazônica enfrenta um processo de degradação mais severo do que se estimava anteriormente. A pesquisa revisou quatro décadas de dados e aponta que o fenômeno, descrito como “efeito martelo” — resultante de pressões diretas como desmatamento, queimadas, exploração madeireira e fragmentação — já está em curso, mas pode ser revertido se houver redução imediata dessas ações.

Segundo o pesquisador Paulo Brando, da Universidade de Yale e associado ao Ipam, ao contrário do chamado “efeito dominó” climático — colapso abrupto e irreversível — o “efeito martelo” ainda permite recuperação, desde que as fontes de degradação sejam controladas.

O estudo foi divulgado em meio à sanção presidencial da nova lei de licenciamento ambiental, aprovada com 63 vetos. Apesar de dispositivos de proteção mantidos pelo governo, especialistas alertam que mudanças nas regras podem acelerar a liberação de grandes empreendimentos na Amazônia, aumentando a pressão sobre o bioma.

Dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima mostram que, entre agosto de 2024 e julho de 2025, a área sob alertas de desmatamento cresceu 4%, atingindo 4.495 km², com destaque para o avanço do uso do fogo, responsável por 15% da derrubada no período. O secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco, atribui o aumento às secas extremas e ao uso deliberado de incêndios como método de abertura de áreas.

A pesquisa identifica o “Arco do Desmatamento”, no sudeste da Amazônia, como a área mais vulnerável, onde cerca de 70% das terras convertidas viraram pastagens de baixa produtividade. Brando destaca que a maior parte da derrubada é ilegal, relacionada à grilagem, exploração madeireira clandestina e avanço sobre áreas protegidas, com impactos climáticos e sociais significativos.

O estudo reforça que 80% das áreas agrícolas do país dependem das chuvas originadas em terras indígenas amazônicas, que irrigam 18 estados e o Distrito Federal. Para conter o avanço da degradação, são recomendadas medidas como compromissos de desmatamento zero em cadeias produtivas, incentivo a sistemas agroflorestais, pagamentos por serviços ambientais e eliminação de subsídios a atividades destrutivas.

Brando conclui que a redução do desmatamento deve ser prioridade nas políticas ambientais, por ser a medida mais eficaz para evitar o colapso da floresta.

Foto: Fernando Martinho / Repórter Brasil

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