Lideranças indígenas do Acre e de diversos territórios da Amazônia se reuniram entre os dias 8 e 10 de julho na Aldeia Yawatxivan, Terra Indígena Rio Gregório, no município de Tarauacá (AC), durante o seminário COParente – Rumo à COP30, com foco na preparação dos povos originários para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro em Belém (PA). As falas enfatizaram a importância da articulação coletiva, da defesa dos territórios e da presença direta dos povos indígenas nos espaços de decisão sobre o clima.
Francisco Piyãko, coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), reforçou que discutir mudanças climáticas nos próprios territórios fortalece o protagonismo indígena. “A discussão ganha ainda mais força quando acontece dentro dos territórios, com a presença das lideranças tradicionais e da nova geração. A OPIRJ segue firme contribuindo com reflexões que fortalecem o movimento indígena no Juruá e na Amazônia”, afirmou.
Zé Maria, cacique do povo Shawadawa, de Porto Walter, celebrou a oportunidade de participar da formação e diálogo com outras lideranças e representantes do governo. “Foi uma honra estar aqui e aprender sobre essa discussão. A mobilização é clara: fortalecer a presença indígena nos espaços de decisão, levando nossas vozes e mensagens para o mundo inteiro”, declarou.
Dasu Huni Kuĩ, coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Envira (OPIRE), com base no município de Feijó, destacou que a presença indígena em eventos como o COParente é essencial para fortalecer a luta coletiva. “Estamos falando de mudanças climáticas, mas também de território, de direitos e da proteção da floresta. Nossa presença reforça o compromisso com a vida e com o planeta”, disse.
O seminário também contou com a participação de lideranças da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), como o coordenador-geral Toya Manchineri, que atua como autoridade climática no Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC) e na Comissão Nacional de REDD+ (Conaredd+). Em sua fala, ele defendeu a demarcação de terras como política climática. “Sem compromisso com a demarcação, as metas globais do clima são apenas uma formalidade. A COP30 precisa reconhecer o papel central dos povos indígenas no combate à crise climática”, afirmou.
Também estiveram presentes Angela Kaxuyana (representante da Coiab pela Bacia Amazônica), Alana Manchineri (assessora internacional da Coiab), Edinho Macuxi (assessor político da Coiab), Francisco Apurinã (representante do Fundo Podáali) e Wuriu Manchineri (representante do Conselho Nacional de Política Indigenista e da organização MATPHA).
A atividade foi organizada pelo Movimento Indígena do Acre, com anfitriã a Associação Sociocultural Yawanawa (ASCY), e contou com apoio da Secretaria de Povos Indígenas do Acre (SEPI), Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Wild Foundation e Worldwide Indigenous Network for Sustainability (WINS). A iniciativa integra o ciclo nacional do COParente, promovido pelo Ministério dos Povos Indígenas.
No segundo dia do evento, a ministra Sônia Guajajara e a deputada federal Célia Xakriabá participaram das atividades e reforçaram o compromisso do governo com o fortalecimento da presença indígena na COP30. “Queremos uma COP com rosto indígena. Não é mais possível discutir a crise climática sem considerar o protagonismo dos povos que protegem as florestas”, afirmou a ministra.
Com informações da OPIRJ, ASCY e Coiab