Por Tácio Júnior da assessoria Fotos: Paulo Murilo
Durante a sessão desta quarta-feira (11) na Câmara Municipal de Rio Branco, o vereador André Kamai (PT) saiu em firme defesa da presidente do Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE/AC), conselheira Dulce Benício. O parlamentar reconheceu publicamente a postura ética, diligente e corajosa da conselheira ao tomar providências imediatas após a veiculação, no último domingo (08), da reportagem do Fantástico que revelou a realidade alarmante de uma escola improvisada em um antigo curral, na zona rural do Bujari.
Kamai ressaltou que, diante de um cenário de omissão crônica, a reação do Tribunal de Contas foi um sinal de que os órgãos de controle ainda podem exercer um papel transformador. “Foi muito importante ver o TCE se indignar com aquela situação. Não só porque a reportagem escancarou a precariedade, mas porque tivemos uma autoridade que reagiu, que não ficou de costas para os problemas”, afirmou.
A conselheira Dulce Benício classificou a situação como “gravíssima” e determinou o levantamento de todas as unidades de ensino rural no Acre. Em resposta, o governador Gladson Cameli prometeu entregar um diagnóstico em até 90 dias. Para Kamai, a promessa tardia apenas escancara o descaso da atual gestão com a educação. “Depois de sete anos governando, ele quer agora, em 90 dias, um diagnóstico da educação? Isso é prova cabal de negligência”, disparou o vereador.
Durante seu discurso, Kamai ampliou o debate para além do caso exibido na televisão. Ele apresentou imagens da Escola Luiza de Lima Cadaxo, em Rio Branco, que possui paredes de PVC e salas escaldantes sob o sol acreano. Segundo o vereador, ao denunciar a situação, o diretor da escola foi perseguido pela gestão municipal. “A falha não é apenas a falta de parede, é a perseguição contra quem se indigna”, criticou.
O vereador Kamai ainda aproveitou para apontar o contraste entre os investimentos em infraestrutura escolar e os gastos com o avião oficial do governo. “Gastamos mais com o jatinho do governador do que com a estrutura das escolas”, denunciou.
Ao final, o parlamentar prestou uma homenagem enfática à trajetória da conselheira Dulce Benício, destacando seus 40 anos de serviços públicos prestados ao Acre. “É uma mulher sem mácula, comprometida com a verdade e com a transparência. Generosa, como foi conosco na audiência pública da zona rural. Seu gesto precisa ser reconhecido.”
A fala de Kamai não apenas reforça a necessidade de atuação firme dos órgãos de controle, como também amplia o debate sobre as múltiplas camadas de abandono vividas pela educação pública no estado. Para ele, é hora de indignar-se — e agir.