O desmatamento na Amazônia e no Cerrado caiu entre agosto de 2024 e julho de 2025, segundo dados divulgados em Brasília pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A Amazônia registrou 5.796 km² de área desmatada no período, redução de 11,08% em relação ao ciclo anterior. No Cerrado, a taxa oficial foi de 7.235,27 km², queda de 11,49%. Os dados fazem parte do sistema Prodes, monitorado pelo governo federal, e representam o terceiro ano consecutivo de queda na Amazônia desde o início da atual gestão, acumulando redução de 50% em comparação com 2022 .
A diminuição é resultado de um conjunto de ações voltadas ao controle do desmatamento, que envolvem fiscalização, monitoramento por satélite e políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável nos territórios. Desde 2022, o país evitou a emissão de 733,9 milhões de toneladas de CO₂ equivalente com a redução do desmatamento nos dois biomas — valor semelhante às emissões anuais somadas de Espanha e França. O governo federal estabeleceu como meta zerar o desmatamento até 2030 e reestruturou a governança ambiental, criando planos específicos para Amazônia, Cerrado e demais biomas brasileiros .
As ações incluem fortalecimento de órgãos como Ibama, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), além do uso de sistemas de monitoramento do Inpe. Na Amazônia, o Ibama aumentou a aplicação de autos de infração em 81%, as multas em 63% e os embargos em 51%, enquanto no Cerrado esses indicadores cresceram, respectivamente, 24%, 130% e 38%. O ICMBio também ampliou operações: 312 ações de fiscalização na Amazônia e 91 no Cerrado, com lavratura de autos de infração e embargos em unidades de conservação federais .
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que a redução do desmatamento demonstra prioridade da agenda ambiental no governo. “Combater o desmatamento e proteger o meio ambiente são condicionantes para que o Brasil alcance o desenvolvimento econômico em bases sustentáveis e gere prosperidade para sua população”, declarou. A ministra ressaltou ainda a importância de instrumentos financeiros, como o Fundo Amazônia, para fortalecer a fiscalização e incentivar modelos de uso sustentável do território .
A atuação integrada também alcançou os municípios considerados mais críticos. Entre os integrantes do programa União com Municípios, a redução foi de 65,5%. Estados com maiores quedas incluem Tocantins (62,5%), Amapá (48,15%), Acre (27,62%) e Roraima (37,39%). Segundo o secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial, André Lima, “a queda na taxa de desmatamento nos municípios prioritários é 31% maior do que o índice registrado em toda a Amazônia” .
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que a autarquia “trabalhou arduamente através de ações de comando e controle para chegarmos até aqui mantendo a curva de queda do desmatamento”, destacando o uso de tecnologia no enfrentamento a crimes ambientais. Já o presidente do ICMBio, Mauro Pires, disse que os resultados refletem presença em campo e fortalecimento das operações: “estamos fortalecendo a proteção das áreas e removendo com rigor quem invade e grila terras federais” .
Para ampliar o alcance das ações, o governo retomou investimentos do Fundo Amazônia, aprovou recursos para fiscalização e destinou financiamento aos estados da Amazônia Legal para combate a incêndios florestais. Também criou o Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo e portarias específicas para declarar emergência ambiental em regiões de risco .
Os resultados colocam a política ambiental no centro da estratégia climática brasileira. “A excelência do Inpe e o monitoramento de precisão que realizamos são o alicerce que nos permite enxergar a realidade do nosso território”, afirmou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos .
Foto: Sérgio vale