Jofre Barbosa da Costa, ou simplesmente Da Costa, sambista acreano de grande expressividade nas décadas de 70, 80 e 90 é homenageado em curta-metragem dirigido pelo videomaker Kennedy Santos.
Card Divulgação
Autor de sucessos como, Catraieiro, Conselho de Amigo e Acre Querido, mesmo sendo presença marcada em eventos e nas rádios, Da Costa precisou trabalhar como pedreiro para manter a família e suas gravações.
Na capital acreana ajudou a construir dezenas de lugares, a exemplo do Educandário Santa Margarida, Colégio Acreano e Maternidade Bárbara Heliodora.
As obras que edificou na cidade permanecem, mas e sua obra musical, será que a população ainda é capaz de identificar?
E para quem conviveu com o pedreiro-sambista, será que o seu valor histórico e artístico-cultural é reconhecido pela sociedade atualmente?
“Deixou uma lacuna, não só para a família, mas para toda a comunidade acreana. Ele é filho da terra e construiu quase 50% dessa cidade pela sua colher de pedreiro”, Jesse Costa, filho do cantor.
Como maneira de tentar reparar essa dívida histórica do Acre com o artista nortista, negro e de origem humilde, foi produzido o curta-metragem “É um Beleza!”, que será apresentado ao público no domingo, 24, às 18h na Filmoteca Acreana, em Rio Branco. O documentário é financiado pelo edital da Lei de Incentivo Aldir Blanc, da Fundação de Cultura Elias Mansour.
A produção, pesquisa e gravações começaram no final de 2021 e foram concluídas em abril deste ano. Mas, a inspiração nasceu há quase 20 anos, no ano de 2003, após entrevista gravada por Kennedy Santos com Da Costa.
O videomaker e diretor do curta ouvia o sambista Da Costa nas rádios acreanas desde criança. Já adulto, teve a oportunidade de conhecer o dono da voz e músicas que tanto amava, assim como o pedreiro responsável pela construção de diversos prédios importantes da capital acreana e se encantou ainda mais.
“Esse documentário é uma maneira de reverenciar esse artista tão importante na construção musical, mas que não teve o devido reconhecimento”, conclui.
Foto Cedida
Com trechos de uma das últimas entrevistas concedidas pelo sambista e depoimentos da família, amigos, fãs, o curta-metragem pretende reativar a memória da vida e obra de Jofre Barbosa da Costa.
Três artistas da Central de Slam (Acre) foram selecionados para representar a Região Norte no IX Torneio dos Slams, campeonato nacional de poesia falada em equipes, que acontece nos dias 30 e 31 de agosto de 2025, no Instituto Moreira Salles (IMS), na Avenida Paulista, em São Paulo.
Os poetas Natidepoesia, Medusa e MB formarão o time acreano que vai disputar o título contra coletivos de todo o Brasil, em uma das competições mais importantes da cena de Spoken Word no país.
O torneio integra a programação do Encontro Estéticas das Periferias 2025, iniciativa realizada pela Ação Educativa com curadoria de Emerson Alcalde, do tradicional Slam da Guilhermina. Diferente de outros eventos, o campeonato não pretende reunir toda a cena brasileira, mas sim oferecer um panorama da produção poética periférica em diferentes territórios.
Pela primeira vez, a curadoria contemplou grupos de todas as cinco regiões do país, além de coletivos do interior de São Paulo.
As equipes se enfrentarão em fases eliminatórias no sábado, dia 30 de agosto, às 14h (Chave A) e 16h (Chave B). A grande final, com seis comunidades, será realizada no domingo, dia 31 de agosto, a partir das 14h.
O torneio promete ser um marco para a valorização da poesia falada e da arte periférica, destacando vozes que traduzem as experiências, resistências e potências culturais dos territórios brasileiros.
No dia 6 de setembro, Rio Branco receberá o evento Samba de Mariá, iniciativa do grupo cultural Alagbe Okan que reunirá música, tradições afro-brasileiras e manifestações de ancestralidade. A atividade acontecerá a partir das 20h, no estacionamento do Casarão, no centro da capital, com expectativa de público em torno de 500 pessoas.
A programação terá como destaque a apresentação do cantor Bruno Damasceno, que levará ao palco um repertório de samba durante três horas. Já na virada para a meia-noite, o grupo anfitrião apresentará pontos de Umbanda, exaltando referências espirituais de matriz africana. O encontro também contará com barracas de comidas típicas, artesanato e um espaço voltado à valorização da cultura afro-brasileira no Acre.
Segundo os organizadores, a proposta é reafirmar o papel das expressões culturais como instrumentos de resistência e de fortalecimento comunitário. “O Samba de Mariá é um espaço de encontro entre fé, música e identidade. Queremos mostrar que nossas tradições seguem vivas e têm muito a contribuir para a construção de respeito à diversidade”, destacou a coordenação do grupo Alagbe Okan.
A homenagem a entidades femininas, como Maria Padilha, reforça a centralidade da espiritualidade no evento. Para o grupo, a iniciativa é uma forma de aproximar a sociedade das manifestações que estruturam a herança africana no Brasil. O público poderá acompanhar detalhes da programação pelo perfil oficial do coletivo no Instagram (@alagbeokan).
A exposição Amazônias, em cartaz no Museu das Confluências, em Lyon, até fevereiro de 2026, reúne objetos, registros audiovisuais e experiências produzidas em parceria com povos da floresta. Entre eles estão os Ashaninka, do Acre, que participaram ativamente da construção da mostra e trouxeram suas narrativas e memórias para o espaço cultural europeu.
A curadora Marie-Paule Imberti, responsável pelas coleções das Américas do museu, iniciou o trabalho em 2018 com expedições de campo que resultaram na aquisição de cerca de 500 peças, das quais 220 estão expostas. Em 2019, a equipe esteve na comunidade Ashaninka, na fronteira do Acre com o Peru, em missão acompanhada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Durante a programação, lideranças indígenas destacaram a importância de romper estereótipos e garantir que a floresta fosse mostrada de forma dinâmica. Shatsi Piyãko, representante Ashaninka, afirmou: “No começo, temi que a exposição se transformasse em um cemitério do nosso povo, mas encontrei um olhar vivo no trabalho do museu”.
A iniciativa integra a Temporada França-Brasil 2025 e promove também debates sobre ecologia, apresentações culturais e atividades educativas. Além dos Ashaninka, a mostra foi construída em parceria com os Mebêngôkre (Kayapó), os Wayana e os Aparai. O objetivo central é apresentar a diversidade cultural da Amazônia sob a perspectiva de seus povos, evidenciando que essas comunidades mantêm vivas suas tradições ao mesmo tempo em que dialogam com desafios contemporâneos, reafirmando sua voz em questões de identidade, território e meio ambiente