Em pouco mais de três horas e meia de chuva na tarde de sábado, 6 de dezembro, Rio Branco registrou 73,8 milímetros de precipitação, volume equivalente a oito dias da média do mês, segundo dados da Defesa Civil Municipal, que manteve equipes em alerta diante do aumento do risco de alagamentos, possíveis enchentes e processos de erosão em diferentes áreas da cidade.
O volume foi contabilizado por volta das 15h30 e, de acordo com o coordenador da Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão, até aquele momento os igarapés permaneciam dentro da calha, mas a situação exigia acompanhamento contínuo. “Em 3,5 horas choveu o equivalente a oito dias da média de dezembro”, afirmou. No mesmo dia, o Acre estava sob dois alertas simultâneos do Instituto Nacional de Meteorologia, de níveis amarelo e laranja, indicando risco de chuvas intensas, ventos e alagamentos.
Os efeitos da precipitação concentrada foram registrados em vários pontos da capital. Houve alagamentos em vias da cidade, incluindo trechos da Avenida Ceará, na área das obras do viaduto Mamédio Bittar, além de registros de quintais e residências atingidos em bairros como o Montanhês. A combinação entre chuva intensa e solo encharcado elevou a atenção de moradores de áreas próximas a igarapés e regiões mais baixas da cidade. Em razão do cenário, a Prefeitura de Rio Branco adiou o acendimento das luzes de Natal no Centro, previsto para a noite de sábado, e o Governo do Estado também cancelou a programação natalina em frente ao Palácio Rio Branco por questões de segurança.
Com a chegada do período de chuvas mais frequentes, a Defesa Civil passou a intensificar o monitoramento tanto dos cursos d’água quanto de áreas com histórico de instabilidade do solo. Segundo Cláudio Falcão, o aumento do volume de água eleva de forma direta o risco de enchentes localizadas, avanço de alagamentos e agravamento de erosões já existentes. “Aumenta, aumenta sim o risco de novas erosões. Praticamente temos a certeza de que esses pontos vão avançar conforme o período chuvoso se intensifica”, disse.
Entre os locais considerados críticos estão a Travessa Campo Novo, no bairro Ayrton Senna, onde uma pessoa sofreu um acidente de moto em decorrência de erosão, e o entorno da Praça do Relógio, área situada entre as avenidas Getúlio Vargas e Antônio da Rocha Viana, sob influência direta do Igarapé São Francisco. De acordo com Falcão, relatórios técnicos estão sendo elaborados para ampliação de áreas de isolamento. “Ali na Praça do Relógio nós já estamos elaborando relatórios. A área de isolamento deve ser ampliada, e a ciclovia e a passagem de pedestres provavelmente serão interrompidas porque o risco aumentou muito”, afirmou.
O coordenador explicou que a própria configuração dos igarapés e rios urbanos contribui para o agravamento do cenário, já que as curvas concentram a força da correnteza nas margens, favorecendo o desgaste do solo. Além do Igarapé São Francisco, há pontos de atenção próximos ao Rio Acre, ao Igarapé Judia e em trechos urbanos onde o solo apresenta fragilidade. “Todos os lugares onde há curvas, a força da água é maior. Isso faz com que a erosão avance dia após dia, principalmente agora com mais chuva”, declarou.
Segundo a Defesa Civil, o encharcamento do solo provocado pelas chuvas recorrentes é um dos principais fatores para o aumento simultâneo do risco de alagamentos, enchentes localizadas e erosões. A infiltração da água desloca sedimentos, provoca movimentação da terra e pode desencadear novos pontos de instabilidade. Com a previsão de continuidade das chuvas ao longo dos próximos dias, o órgão informou que seguirá em monitoramento permanente e poderá adotar novos isolamentos em áreas com risco estruturado.