Uma comitiva do Acre, composta por empresários liderados pela Associação Comercial, Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre (ACISA) e pelo prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, participou no último sábado (16) da inauguração do Porto de Chancay, no Peru. O evento contou também com a presença do senador Sérgio Petecão (PSD-AC), que destacou as oportunidades logísticas e econômicas que a nova estrutura oferece para o estado e para o Brasil.
O Porto de Chancay, fruto de uma parceria entre Peru e China, recebeu investimentos de US$ 3,6 bilhões. Localizado no Oceano Pacífico, o terminal representa uma nova alternativa logística para conectar a América Latina ao mercado asiático, atendendo à crescente demanda por exportações com maior eficiência e menor custo.
Para o Acre, a proximidade com o porto cria a possibilidade de consolidar sua posição estratégica como corredor logístico. O senador Sérgio Petecão afirmou que é essencial investir em infraestrutura para que o estado aproveite plenamente as oportunidades geradas pela nova rota.
“O Acre está a dois mil quilômetros do Porto de Chancay, o que facilita o acesso aos mercados asiáticos. É preciso que governos e setores produtivos trabalhem juntos para fortalecer a infraestrutura e ampliar a capacidade de exportação do estado”, disse Petecão.
O prefeito Tião Bocalom destacou o papel de Rio Branco como um ponto de apoio para as operações logísticas que podem ser impulsionadas pela nova rota. Ele defendeu a necessidade de atrair investimentos e desenvolver a infraestrutura local, apontando o impacto positivo para a economia regional.
“A nova conexão com o Pacífico coloca o Acre em uma posição estratégica. Nossa capital pode se tornar uma base importante para movimentar produtos e facilitar o comércio internacional. Vamos trabalhar para garantir que essa oportunidade seja transformada em avanços concretos”, declarou Bocalom.
Marcello Moura, presidente da ACISA, também esteve presente no evento e ressaltou o papel do porto na integração comercial. Ele afirmou que a nova estrutura pode ser um fator decisivo para a expansão dos negócios locais e a inserção de empresários acreanos no mercado global.
“Essa conexão reforça a importância do Acre no cenário logístico brasileiro. Precisamos aproveitar essa oportunidade para fortalecer o empreendedorismo e criar condições favoráveis ao crescimento econômico da nossa região”, disse Marcelo Moura . (Confira o vídeo)
Durante a inauguração, os representantes do Acre participaram de reuniões bilaterais com autoridades peruanas, empresários e investidores para discutir possibilidades de cooperação. Entre as propostas apresentadas estão a criação de um porto seco (EADI) no estado e a reativação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), ambos vistos como alternativas para melhorar a competitividade logística e atrair novos investimentos.
“Essa nova rota precisa de planejamento e investimento. Com parcerias bem estruturadas, o Acre pode se tornar um exemplo de integração econômica na região amazônica, gerando empregos e fortalecendo a economia local”, afirmou o senador Petecão.
O evento demostra, reafirma e consolida o interesse de lideranças públicas e empresariais em criar condições para que o Acre desempenhe um papel relevante na cadeia de exportações internacionais, ampliando o impacto do Porto de Chancay para além das fronteiras peruanas.
O Laboratório de Estudos Geopolíticos da Amazônia Legal no Acre realiza o workshop “Introdução aos Estudos Legislativos”, de 18 e 20 de novembro. O Curso é ministrado pelo professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Fabiano Santos, de forma presencial no Auditório Adriana Santelli, localizado no Centro de Convenções da Universidade Federal do Acre.
Voltado a estudantes, pesquisadores e profissionais, o workshop visa apresentar aos participantes os fundamentos teóricos e metodológicos da moderna análise do funcionamento do Poder Legislativo nas democracias contemporâneas. Procura também mostrar como tal aparato foi absorvido nos estudos sobre a política brasileira desde a transição democrática iniciada nos anos 80 do século passado. Além disso, se debruça sobre como aplicar instrumentos e técnicas para a pesquisa de Assembleias Legislativas.
A programação do curso abrange três aulas principais, cada uma focada em temas fundamentais para a compreensão do funcionamento do Legislativo, abordando a teoria geral e perspectivas de análise; teoria brasileira e o estudo de legislativos estaduais. As aulas objetivam proporcionar uma visão abrangente das teorias e práticas do Legislativo brasileiro, com enfoque tanto em análises gerais quanto em estudos específicos de casos estaduais.
O workshop oferece uma oportunidade valiosa para aprofundar o entendimento sobre o Legislativo brasileiro e refletir sobre suas dinâmicas, tanto em âmbito federal quanto estadual, utilizando exemplos práticos e teóricos.
Durante a abertura do workshop, foi realizado também o lançamento do documentário “Viver para a terra: o caso de Rondônia”, que aborda a questão agrária de forma analítica em Rondônia, produzido com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e da Iniciativa Amazônia + 10.
Estiveram presentes no ato de lançamento a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufac, professora Margarida Lima de Carvalho; a diretora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Ufac, professora Georgia Pereira Lima; o presidente do Sistema OCB no Acre, Valdemiro Rocha; o superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar no Acre, Cesário Braga; o secretário Executivo da União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes); o superintendente da Secretaria do Patrimônio da União no Acre, Tiago Mourão; a representante da Pró-reitoria de Extensão, Keiti Pereira; o coordenador da Unisol no Acre, Carlos Omar; e os vereadores eleitos André Kamai (PT) e Bruno Morais (PP).
Realização
O workshop é uma realização da Universidade Federal do Acre (Ufac); Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH); Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propeg); e Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex). O evento conta com o apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB/AC); Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac); Iniciativa Amazônia +10; e Escola de Contas do Tribunal de Contas do Estado (TCE/AC).
Atenção fazedores de cultura, artistas, ativistas, educadores e público em geral. O Comitê de Cultura Cia Visse e Versa Acre promove, a partir desta segunda-feira, 18, até o sábado, 23, a Oficina Básica em Elaboração e Gestão de Projetos Culturais – Fábrica de Ideias. A atividade será realizada no Centro Cultural Thaumaturgo Filho, bairro Manoel Julião, em Rio Branco,
Totalmente gratuita, a oficina ocorre das 18 às 21 horas, de segunda a sexta-feira (18 a 22 novembro). E das 9 às 12 horas, no encerramento do sábado, 23.
A proposta da oficina é desenvolver habilidades criativas e técnicas para a concepção, planejamento, comunicação e execução de projetos culturais, além de fomentar a colaboração e o pensamento crítico entre os participantes, utilizando de diversos instrumentos lúdicos, dinâmicas e jogos, que possam contribuir com a concretização material, coletiva e financeira de uma proposta cultural.
Segundo o coordenador do Comitê e oficineiro, Lenine Alencar (artista das artes cénicas), a formação viabiliza aos participantes a possibilidade de apresentar projetos culturais e concorrer aos editais.
“A elaboração de um projeto é essencial para qualquer tipo de atividade. E é isso que a gente vai buscar que a pessoa desenvolva, seja por um fomento, ou captação de recursos junto a uma empresa ou mesmo um órgão público, seja uma produção individual com recurso próprio, todas precisam de planejamento. A oficina apresenta técnicas para que o proponente se organize para executar a sua ideia”, destaca Lenine.
Financiado pela Lei Paulo Gustavo (LPG), por meio Fundação de Cultura Garibaldi Brasil (FGB), o projeto é desenvolvido em parceria com o Comitê de Cultura Cia Visse e Versa Acre. A atividade será ministrada por Lenine Alencar, Claudia Toledo e Rose Farias.
“O que a gente pretende no final dessa ideia é que cada um possa desenvolver criativamente o seu projeto, a partir de uma ideia. E que, essa ideia ao se tornar uma proposta, vire um projeto cultural bem configurado, dentro dos parâmetros que a gente está vivendo hoje, sobre questões inclusivas, participação ativa das pessoas dentro do acolhimento e dos processos de acessibilidade que são necessários, a partir do direito das pessoas em terem acesso à cultura e a arte, sobretudo o empoderamento dos trabalhadores e trabalhadoras da cultura quanto aos editais de fomento”, salienta Lenine.
Como participar
Com uma carga horária de 20 horas e certificado ao final da formação, a oficina Básica em Elaboração e Gestão de Projetos Culturais – Fábrica de Ideias, é totalmente gratuita e tem como público-alvo: produtores culturais, artistas, ativistas, educadores, estudantes e interessados em construir e elaborar projetos artístico-culturais.
A apresentação do painel Acre Resiliente: Estratégias Estaduais de Enfrentamento e Adaptação às Mudanças Climáticas durante a COP 29, em Baku, no Azerbaijão, sem duvidas importe para a representação e participação do estado em debates globais. O governo do Acre, liderado por Gladson Cameli, busca se posicionar como exemplo de resiliência na Amazônia, destacando estratégias para lidar com cheias e secas extremas. Porém, há uma desconexão evidente entre o discurso internacional e a prática local, e é preciso examinar isso com profundidade e honestidade.
Resiliência ou preservação? Resiliência é a capacidade de se recuperar após uma crise. Mas, quando falamos de Amazônia, esse conceito, por si só, é insuficiente. O mundo não precisa apenas de regiões u ou governos “resilientes” que se adaptem às catástrofes ambientais; precisa de atitudes preventivas e comprometidas com a preservação do que resta do bioma.
A ciência é clara: a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas exige redução imediata do desmatamento e proteção efetiva das florestas, ouço e leio sobre isso a anos, não apenas discursos sobre resiliência. A Amazônia, um dos principais reguladores climáticos do planeta, está próxima de um ponto de inflexão. No caso do Acre, essa contradição é gritante: enquanto o governo exalta índices de 86% de floresta preservada, relatos apontam fragilidades no controle do desmatamento, aumento na pressão sobre áreas protegidas e políticas que não priorizam a fiscalização ambiental.
É justo reconhecer que a presença do Acre na COP 29 é relevante. Participar desses fóruns abre portas para parcerias internacionais e financiamentos que podem beneficiar diretamente as comunidades vulneráveis, como povos indígenas e ribeirinhos. Além disso, a criação de mecanismos jurídicos, como o Sistema de Serviços Ambientais, oferece um arcabouço que pode atrair investidores dispostos a financiar projetos sustentáveis. Esses são avanços necessários e importantes.
Porém, a efetividade dessas iniciativas depende de compromisso político real. De que adianta um sistema para captar recursos se as ações concretas no território não priorizam a preservação? É preciso que a gestão pública vá além de projetos no papel ou discursos em eventos globais.
A gestão de Gladson Cameli tem um histórico de contradições no campo ambiental. Embora o governo promova iniciativas para captar recursos e desenvolver estratégias de adaptação, a política ambiental do estado é marcada pela fragilidade. Denúncias de flexibilização na fiscalização contra o desmatamento ilegal, combinadas com a omissão diante de leis que enfraquecem os mecanismos ambientais do estado, colocam em dúvida a narrativa de liderança na preservação. Segundo informações do portal O Varadouro, a atuação do governo tem permitido retrocessos, como a redução da autonomia de órgãos fiscalizadores e a desarticulação de políticas ambientais consolidadas.
A recente saída de Jullie Messias, ex-secretária de Meio Ambiente, que era vista como uma figura de esperança e conhecimento técnico, amplifica essas preocupações. Sua ausência levanta dúvidas sobre o real comprometimento da gestão estadual com uma política ambiental consistente e eficaz.
Além disso, ao transformar a ideia de resiliência em um marketing político, o governo desvia o foco daquilo que realmente importa: a preservação ambiental como um requisito básico, não um ideal opcional.
As propostas de educação ambiental e turismo regenerativo apresentadas na COP são promissoras. Investir em conscientização e em formas sustentáveis de geração de renda é crucial para proteger a floresta e oferecer alternativas econômicas às comunidades locais. No entanto, o sucesso dessas ideias depende de execução e continuidade. Não basta apresentá-las como soluções inovadoras em um evento internacional; é necessário implementá-las com consistência e assegurar recursos para que gerem resultados duradouros.
O Acre tem uma oportunidade de ouro para se destacar na luta global contra as mudanças climáticas, mas isso exige muito mais do que discursos. A Amazônia não precisa apenas de resiliência; precisa de atitudes firmes e práticas que freiem o desmatamento, promovam a regeneração ambiental e garantam justiça climática para as populações que dependem da floresta.
É necessário ir além do marketing verde e transformar promessas em ações reais. De outra forma, o painel Acre Resiliente corre o risco de ser apenas mais um espetáculo diplomático que não resiste à prova da realidade. Se o governo acreano deseja ser um modelo, deve abandonar as contradições e priorizar o essencial: preservação e prevenção, não apenas adaptação.