Em um emocionante evento realizado no bairro Tancredo Neves, a Quadrilha Junina Explode Coração revelou seu tema para a temporada de 2024: “No Caminho da Fé, o Santo que o Povo Quer”. Este tema é uma homenagem à vida e ao legado de Padre Paolino Baldassari, cuja história será contada através das festividades juninas. Durante a festa de lançamento, um vídeo com depoimentos destacou a influência de Paolino.
Frei Moisés Valério, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, expressou o impacto profundo que Paolino teve na comunidade: “Ele era mais do que um padre… era um pai, um avô, um irmão.” Frei Moisés enfatizou o compromisso de Paolino com o serviço aos pobres e seu respeito pela vida, refletindo valores que, segundo ele, são essenciais e que foram exemplificados pelo padre muito antes de se tornarem pautas globais.
O evento de lançamento da Quadrilha Junina Explode Coração uniu a comunidade, membros apaixonados e emocionados, celebrando juntos o legado do ‘Médico da Floresta’, Padre Paolino.
Rivaldo Severo, o Boim, radialista e professor que conviveu com Paolino, compartilhou memórias pessoais que ilustram o espírito de doação do padre. Boim lembrou-se das filas de pessoas à espera de Paolino, muitas vindas dos seringais e áreas rurais, destacando o incansável trabalho do padre em favor dos mais necessitados. “Quando um preso passava por uma injustiça muito grande, ele ia em Rio Branco. Quando um seringueiro era expulso, quando um parceleiro era expulso, era ele que fazia a carta”, relatou. Essas ações ilustram o compromisso incansável de Paolino com a justiça e a igualdade.
Além disso, Boim recordou uma lição poderosa de Paolino, que destacou a essência de viver com compaixão e humildade: “Para ser cristão, a gente tem que ter três coisas importantíssimas: Ele disse que tinha que ter espírito de anjo, costa de burro e estômago de porco.” Essas palavras resumem a filosofia de vida de Paolino, enfatizando a importância de ser pacificador, trabalhador e modesto.
Cleson Lima, coordenador da quadrilha, compartilhou o significado profundo e a intenção por trás da escolha do tema. Ele explicou: “Representa muito: representa a valorização das tradições juninas; a volta às nossas origens; o desejo de falar de algo nosso, da nossa terra, do Acre e representa um desafio.” Com isso, a junina quer mostrar que “Frei Paolino Baldassari é cultura patrimonial acriana, queremos homenageá-lo, enaltecer sua trajetória”, destacando a importância de compartilhar a história de Paolino com aqueles que não tiveram a oportunidade de conhecê-lo.
Cleson também falou sobre a origem da junina e sua conexão com a igreja católica, destacando a evolução da quadrilha desde seu início. “Para quem conhece a jovem história da junina ‘Explode Coração’, sabe que ela se iniciou dentro da igreja católica, a partir de um movimento independente dos jovens da Pastoral da Juventude (PJ) da Paróquia Santa Cruz,” revelou, sublinhando o papel fundamental da fé na formação da junina.
Sobre o desafio de trazer a vida de Padre Paolino para o tablado, Cleson articulou: “A junina ‘Explode Coração’ tem um grande desafio que é levar para o tablado a representação do homem que tanto contribuiu com a população acreana, sobretudo, os mais necessitados, de forma artística e cômica.” Essa declaração reflete a missão da quadrilha de honrar a memória de Paolino, mantendo a essência de sua mensagem de fé e serviço.
Finalizando, Cleson abordou o processo de decisão do tema, dizendo: “Diante de todas essas reflexões, fizemos um processo de pesquisa e dentre as opções apresentadas optamos por homenagear uma personalidade acriana que conseguisse juntar todos esses anseios.”
Padre Paolino Baldassari foi uma figura emblemática e carismática no Acre, Brasil, conhecido por seu profundo compromisso com a justiça social, a defesa da floresta amazônica e o serviço dedicado aos mais necessitados. Nascido na Itália, chegou ao Brasil fugindo das adversidades da Segunda Guerra Mundial. Sua vida foi marcada pela simplicidade, humildade e um incansável trabalho pastoral e social.
Paolino ficou conhecido como o “médico da floresta”, embora não fosse médico de formação. Aprendeu práticas de medicina tradicional e utilizou esse conhecimento para ajudar as comunidades carentes do Acre, tratando de doenças com ervas e folhas da região. Ele dedicou grande parte de sua vida a realizar “desobrigas”, missões pelas quais navegava pelos rios da Amazônia para levar assistência religiosa e médica a comunidades isoladas, evidenciando seu compromisso com a evangelização e o cuidado integral das pessoas.
Paolino também se destacou pela defesa do meio ambiente e dos direitos dos povos indígenas e seringueiros, lutando contra a exploração desmedida da floresta amazônica. Seu legado é lembrado como o de um homem à frente de seu tempo, que ensinou sobre o respeito à vida e a importância da solidariedade e do serviço aos outros, independentemente de sua condição social ou origem.
Seu falecimento, aos 90 anos, em 2016, marcou o fim de uma era de dedicação e amor ao próximo, mas deixou uma marca indelével na história do Acre e na vida das pessoas que tiveram a sorte de conhecê-lo. Paolino Baldassari é celebrado como um verdadeiro santo do povo, cuja vida continua a inspirar ações de compaixão e justiça social.
Intérprete de ‘Meu Amor’, parceria com o DJ Alok, Ixã é uma das atrações musicais do Seminário Internacional Txai Amazônia, que acontece pela primeira vez no Acre no espaço eAmazônia da Universidade Federal do Acre, de 25 a 28 de junho. O evento busca promover debates e reflexões cruciais sobre o futuro da Amazônia, além de proporcionar espaço para manifestações culturais.
“É maravilhoso me apresentar no estado onde eu cresci, que foi onde tudo começou. É cantar na raiz de tudo. Ao mesmo tempo, é também um desafio bonito: trazer um show novo, com a estética que eu tô construindo, com mensagens cada vez mais claras sobre o que eu quero passar — e ver como isso ressoa. É onde eu fui formado. E é uma mistura de orgulho, responsabilidade e gratidão. Agora eu sei exatamente o que eu tô cantando, o que eu tô querendo dizer e porque eu tô dizendo”, revela Ixã.
O músico conta que se sente lisonjeado, afinal, por meio de sua vivência, a floresta o atravessa, especialmente por estar falando de sua terra natal. Vale ressaltar que todos os artistas que se apresentarão no palco do Txai Amazônia são originários da região amazônica. Ao todo, mais de 160 artistas deixarão suas mensagens em forma de canto, dança e diversas expressões, ao longo de quatro dias de evento e 23 apresentações.
Sobre a sensação de se apresentar no encontro, ele compartilha um misto de sentimentos: “Eu cresci aqui nesta terra, sentindo a beleza dela e também a dor. Porque a Amazônia é linda, é viva, é ancestral. Mas, ao mesmo tempo, também é marcada por morte, queimada, estupro, feminicídio, grilagem, soja, boi. Então, participar do Txai Amazônia é também uma leitura que eu faço olhando pra minha arte. Quando eu falo da Amazônia, é falar dessa terra sem filtro. É dizer: olha a beleza disso aqui, mas olha também o que a gente tá fazendo com ela. Se a gente quer causar uma mudança de verdade, tem que olhar para todos os lados”, diz.
Música com mensagem
Descoberto pelo DJ Alok, durante uma cerimônia espiritual por Mapu Kuin, liderança do povo Huni Kuin do Acre, Ixã circulou 25 cidades com o DJ apresentando a música “Meu Amor”, que gravaram juntos em 2022. No show apresentará as canções autorais do seu primeiro EP que está gravando, com o cuidado estético e poético que marca o trabalho do artista trazendo originalidade e referências de toda sua história e ligação com o Norte.
“A Amazônia está, sim, inserida na minha arte e na minha forma de me expressar pro mundo. Mostrando que ela é linda, mas que também passa por muita coisa. O meu coração pede por mudança. E eu acho que a minha arte está a serviço disso. Participar de um evento como o Txai Amazônia, que realmente causa mudanças, me deixa lisonjeado”, declara o cantor sobre o convite para o Seminário.
Para participar, os interessados devem efetivar a inscrição por meio do site do Txai Amazônia. O link também está disponível nas redes sociais do @txai.amazonia. O evento carrega em sua estrutura valores que dialogam diretamente com aquilo que Ixã expressa em sua relação com a música: conexão com a floresta e a possibilidade de novas conexões.
Sobre o TXAI Amazônia
O seminário reunirá líderes dos nove estados da Amazônia Legal, entre os dias 25 e 28 de junho de 2025, além de Bolívia e Peru, para promover a bioeconomia e a valorização da sociobiodiversidade como base para o desenvolvimento econômico da região.
O evento é uma realização do Instituto SAPIEN, instituição científica, tecnológica e de inovação dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional, em parceria com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, suas secretarias e 25 instituições locais.
Destaque no Txai Amazônia, empreendimento familiar une fé e preservação em produção de óleos essenciais na Chapada Diamantina
Com quase 19 mil seguidores no Instagram, o empreendimento une sociobiodiversidade e economia, principais temas do Seminário Internacional Txai Amazônia, realizado entre os dias 25 e 28 de junho, no espaço eAmazônia da Universidade Federal do Acre, em Rio Branco.
Fruto do sonho de uma família, a Essências da Chapada é uma empresa familiar de produção de óleos essenciais, nascida na Chapada Diamantina, na Bahia. Jé, Paulinho, Madu e Maga, a Família X, transformaram Ibicoara em seu laboratório, onde a fé e preservação se tornam cheiro e saúde. Com quase 19 mil seguidores no Instagram, o empreendimento une sociobiodiversidade e economia, principais temas do Seminário Internacional Txai Amazônia, realizado entre os dias 25 e 28 de junho, no espaço eAmazônia da Universidade Federal do Acre, em Rio Branco.
O “Essências” será um dos casos de sucesso emblemáticos da bioeconomia regional presentes no TXAI Amazônia. Paulinho, um dos fundadores, fala sobre o início de sua jornada. Para ele, o encanto pelas belezas naturais e a história da região, aliado à indignação com o crescimento constante da produção de resíduos sólidos, contribuíram para a construção do projeto:
“E, no passo seguinte, veio a curiosidade pelas plantas, os raizeiros e todo esse conhecimento popular. A Jé começou, junto com a Liz e a Isa, a fazer sabonete. Começamos a usar e vimos que era interessante. Mas eu gostaria de frisar que o foco principal era o aproveitamento dos resíduos mesmo e, obviamente, a parte medicinal e ecológica veio junto. Foi um mundo que a gente acabou gostando e também enxergou como uma possibilidade de fonte de renda, já que o turismo e a hospedagem estavam crescendo muito”, revela.
31,9% dos municípios brasileiros ainda utilizam lixões como unidade de disposição final de resíduos sólidos, considerada a pior forma de destinação, segundo o IBGE em 2023. A preocupação da Família X gerou renda e apontou uma rota que não só preserva o meio ambiente, mas também o torna produtivo. Outro aspecto da empresa é o resgate histórico-cultural da Chapada Diamantina, além da conexão com os antepassados dos produtores: “A gente acaba resgatando uma herança que era até da nossa família. A avó da Jé já fazia sabão e minha avó paterna benzia”.
A participação do empreendimento no Txai Amazônia será na sexta-feira, 27, às 10h30, no eAmazônia (Ufac). Para participar, os interessados devem efetivar a sua inscrição por meio do site do Txai Amazônia. O link também está disponível nas redes sociais do @txai.amazonia.
Consolidação e desafios
A marca nasceu em 2018 (Foto: Arquivo Pessoal)
A marca iniciou a comercialização de produtos como sabonetes, shampoos, óleos essenciais, águas aromáticas, pomadas, desodorantes e outros fitocosméticos em 2018. Todos são elaborados com plantas nativas ou cultivadas na Chapada Diamantina. A proposta sempre foi oferecer produtos 100% naturais, voltados tanto para uso familiar quanto para a comunidade e visitantes.
Com o tempo, eles construíram um laboratório no Campo Redondo, comunidade rural de Ibicoara, o que permitiu ampliar a produção e elevar a qualidade dos produtos, consolidando assim a marca. Em cinco anos de atuação, produziu óleos essenciais de 30 espécies de plantas brasileiras, incluindo oito espécies nativas da região.
“A gente despertou ainda mais esse querer de estar junto com a comunidade, de fortalecer tudo isso. O que eu vejo são esses fatores: da gente não só fazer parte diretamente da comunidade, mas também inseri-la dentro do nosso projeto”, declara Paulinho.
Contudo, a Essências da Chapada também enfrenta desafios, como a falta de investimento. Mesmo com uma forte rede de apoio, o retorno financeiro segue sendo um desafio, assim como a ausência de iniciativas do poder público para o fortalecimento de marcas populares como esta.
“O que a gente sonha mesmo é com a estabilização, que ela possa gerar renda pra gente conseguir viver bem, em harmonia com o Campo Redondo, com nossos quereres. Imaginando que essas comunidades têm até mais potencial do que a gente, porque já vivenciam mesmo, de fato, esse conhecimento popular. A Essências da Chapada só tende a somar”, finaliza o entrevistado.
E esse é um dos pontos de retorno do Txai Amazônia, impulsionar o fomento de possíveis investidores nos empreendimentos que atuam na área de bioeconomia e sociodiversidade do país, em especial, da Região Amazônica.
Sobre o TXAI Amazônia
Estreando no Acre, o seminário reunirá líderes dos nove estados da Amazônia Legal, além de Bolívia e Peru, para promover a bioeconomia e a valorização da sociobiodiversidade como base para o desenvolvimento econômico da região.
O seminário é organizado pelo Instituto SAPIEN, uma instituição científica, tecnológica e de inovação dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional, em parceria com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, suas secretarias e 25 instituições locais.
Durante quatro dias, o TXAI Amazônia abordará sete temas em 15 painéis, apresentando 20 casos de sucesso da bioeconomia regional e uma Mostra Artística que integrará povos tradicionais, comunidade acadêmica e autoridades. O evento tem expectativa de 2 mil participantes presenciais e é totalmente gratuito.
Se você é um fazedor de cultura de Arte ou/e Patrimônio em Rio Branco, marque na sua agenda: nos dias 12 e 13 de junho, próximas quinta e sexta-feira, o Centro Cultural Thaumaturgo Filho (antiga FGB, no bairro Manoel Julião) será palco das reuniões de escutas ampliadas e devolutivas do Programa Nacional Aldir Blanc (PNAB), a partir das 18 horas.
Essa iniciativa, realizada pela Fundação Garibaldi Brasil (FGB) e pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC), abre espaço para a construção das políticas públicas locais. No estado, o Comitê de Cultura Acre é parceiro de mobilização e convida artistas, fazedores de culturas e a sociedade civil para integrar a atividade e contribuir com o processo de construção coletivo do setor cultural.
“É uma participação necessária, uma vez que a PNAB não é uma lei pontual, é permanente. Primeiro, foi lei, depois virou programa e, a partir de 2027, quando terminar o Programa PNAB, vai se efetivar como uma política pública no sentido de financiamento permanente da cultura para estados e municípios, que vão receber repasses para realização dos seus editais”, destaca o coordenador de Cultura do Comitê Acre, Lenine Alencar.
Como agente mobilizador, o Comitê de Cultura Acre tem informado o público nos 22 municípios acreanos sobre as escutas e devolutivas da PNAB. “Neste momento, nos juntamos as instituições realizadoras para mobilizar o maior efetivo possível de trabalhadores da cultura, para participar e mostrar a nossa força, fortalecendo o movimento cultural e participando ativamente das decisões”, ressalta Claudia Toledo, coordenadora geral e metodológica do Comitê de Cultura Acre.
A professora de linguagens da rede pública, Veridiana Silva de Miranda, que também é membro da Comissão Executiva do Conselho Municipal de Cultura de Rio Branco e presidente da Associação de Dança do Estado do Acre, destaca o Programa Nacional Aldir Blanc (PNAB) como um projeto grandioso para a cultura nos municípios e estados brasileiros. No Acre, a adesão ao programa atingiu 100% em todos os municípios.
Em maio, Rio Branco sediou as escutas segmentadas, onde cada Câmara Temática teve a oportunidade de apresentar suas preocupações, anseios e sugestões para a elaboração dos editais locais. “Essas sessões foram fundamentais para que os fazedores de cultura da cidade pudessem colaborar diretamente com a gestão na construção dos editais da PNAB”.
Fórum Integrado de Arte e Patrimônio Cultural
Logo após as escutas e devolutivas da PNAB, em Rio Branco, no dia 18 de junho, será promovido o 2° Fórum Integrado de Arte e Patrimônio Cultural 2025. A atividade realizada no Cine Teatro Recreio, a partir das 18 horas.
Mais uma vez, a participação de artistas, fazedores/fazedoras e trabalhadores (a) da cultura é de suma importância para a efetivação de políticas do setor cultual na capital acreana.