O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, anunciou nesta quinta-feira (28) que o primeiro navio da nova rota direta entre a China e a Amazônia chegará ao Porto de Santana, no Amapá, no sábado (30). A embarcação parte de Zhuhai, na região da Grande Baía Guangdong–Hong Kong–Macau, trazendo mercadorias e retornará carregada com produtos brasileiros.
Segundo Góes, a iniciativa reduz o tempo de transporte entre os dois países e diminui custos logísticos. Ele afirmou que a soja exportada pelo Arco Norte já apresenta redução de até 14 dólares por tonelada no envio à Europa, enquanto para a China a economia chega a 7,8 dólares por tonelada. “Isso agrega no trabalho, no lucro e na recompensa do produtor, seja da Amazônia ou do Centro-Oeste. E reorganiza melhor a logística no Brasil”, disse.
O ministro destacou que o Brasil seguirá exportando soja, café e ferro, mas ressaltou o interesse chinês em produtos da biodiversidade amazônica, como mel, açaí, cacau e chocolate. Ele lembrou que o consumo de café no país asiático ainda é baixo, mas com grande potencial de expansão. “O café entra muito forte na China. O consumo per capita é um café por mês. Se dobrar, imagina o tamanho do mercado que o Brasil tem na China”, afirmou.
A medida se soma a outras iniciativas de cooperação. Em novembro de 2024, Brasil e China assinaram acordo para estudos sobre um corredor ferroviário ligando os oceanos Atlântico e Pacífico, integrando as ferrovias Fiol, Fico e Norte-Sul ao Porto de Chancay, no Peru.
Góes também anunciou a ampliação do programa de microcrédito rural Agroamigo para Norte e Centro-Oeste, com apoio a pequenos produtores. Ele defendeu o fortalecimento do cooperativismo como forma de inserção no mercado internacional. “Os grandes se unem para vender e comprar, e os pequenos não podem fazer diferente. A cultura cooperativista tem de vir junto com essa estratégia, senão vamos só garantir a subsistência”, declarou.
O ministro ainda comentou o acordo assinado com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, presidida por Ricardo Capelli, para promover a industrialização de produtos da Amazônia. A iniciativa segue orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e busca agregar valor à produção regional. “Não faz sentido a Amazônia apenas fornecer matéria-prima. Precisamos industrializar o açaí, o cacau, a castanha, o pescado, até o setor de fármacos. Cada região tem direito de participar dessa cadeia de valor, e é por aí que se combate a fome e se diminui as desigualdades”, afirmou.