“Nós somos! Um só!”. Ecoam em coro jovens das mais diversas idades, identidades e estilo. O grito é um convite poético de convocação à Batalha da Quadra, um duelo de rimas entre MCs que acontece toda quinta-feira, em uma quadra no bairro Tancredo Neves, na periferia de Rio Branco.
As batalhas de MC’s, conhecidas também como duelo de freestyle, são uma das linhas da cultura hip hop onde os “MC’s” (mestres de cerimônia) se enfrentam e batalham entre si com rimas improvisadas, criadas na hora, acompanhadas por beats, ou no formato capela. Elas também servem como forma de empoderamento da cultura de rua e são espaços extremamente enriquecedores e politizantes.
É através das rimas que a arte e as vivências das ruas se expressam e as palavras se tornam ferramentas, armando além do clima de duelo, como são chamadas as batalhas de MC’s, um espaço de discussões políticas e inclusão social. Isso é o que conta Leonardo Rayam, ou MC Davinci, organizador da Batalha da Quadra.
“A gente é um movimento existencial, fazemos nossa resistência através do rap. Aqui proporcionamos batalhas para a molecada do bairro onde rola duelos, gritos e poesia também. Construímos um movimento onde você chega e é abraçado porque o hip-hop é isso, é união”, declarou Davinci.
Davinci explica que, mesmo que as rimas sejam improvisadas, as batalhas seguem regras e um código moral implícito, seguindo a conduta da cultura Hip Hop. As regras evitam maiores problemas, como preconceito e ofensas pessoais. “Nosso intuito é criar um espaço acolhedor para todos”, disse.
Ainda segundo o happer, as batalhas acontecem em toda cidade, mas, a Batalha da Quadra é especificamente no bairro Tancredo Neves. O encontro reúne jovens de diferentes idades que, através das rimas, retratam suas vivências. O MC conta que devido a falta de apoio e incentivo do poder público municipal, os artistas resistem com a ajuda do ativista social, Cleson Lima, que já desenvolve diversos trabalhos com a juventude local e atualmente é presidente do Grêmio Recreativo Explode Coração (GREC).
“O Cleson já tinha o movimento dele aqui e cheguei pra ele perguntando se a gente podia compartilhar o espaço. Felizmente, recebemos esse apoio dele, que também foi quem disponibilizou os equipamentos pra que a gente pudesse fazer nossa batalha. Ele abraçou o movimento e a gente só agradece”, ressaltou.
Para Cleson Lima a importância de todas as artes é sempre a de libertar, de expressar sentimentos, além de ser uma manifestação política. E, segundo ele, a batalha é só um meio disso, uma forma que os jovens têm de mostrar cada vez mais a sua arte e a sua realidade.
“Como jovem periférico, sei da importância que a arte e a cultura têm na vida da gente, principalmente essa arte de rua, que reflete a nossa realidade. Essas batalhas trazem os jovens para se expressarem. Acho que é importante fazer o jovem entender que ele tem que ter seu espaço, sua participação, mas que ele também precisa lutar por isso. E a gente está aqui para deixar essa luta mais justa, oferecendo esse apoio”, declarou Cleson.
Mesmo com os desafios, a Batalha da Quadra vem se tornando cada vez mais um espaço de encontros, resistência, protagonismo da juventude periférica e que dar voz aos silenciados. Um embate de ideias, rimas e conceitos onde todos saem vencedores. Um destino certo, para quem curte um rolê com rimas improvisadas e de manifestações artísticas.
De acordo com Laura, que é formada em Dança pela Faculdade Paulista de Artes, em São Paulo, Sherazade é mais do que um encontro
Uma jornada de descoberta e aprofundamento no universo da dança do ventre. É com esta premissa que a dançarina Laura de Lys promove o Encontro de Formação em Dança do Ventre, dos dias 7 ao dia 10 de janeiro, na Usina de Arte João Donato, e finaliza com o espetáculo Sherazade. O evento ocorre das 18 horas às 21 horas e é gratuito e aberto a todas as mulheres.
De acordo com Laura, que é formada em Dança pela Faculdade Paulista de Artes, em São Paulo, Sherazade é mais do que um encontro, é uma jornada de descoberta e aprofundamento no universo da dança do ventre.
“Aqui, não apenas aprendemos a dançar, mas exploramos todas as nuances que envolvem a criação, a elaboração e a apresentação de uma performance artística. Durante quatro dias intensos, as mulheres irão mergulhar profundamente nesta arte, desenvolvendo uma dança consciente e autônoma, com uma abordagem abrangente sobre técnica, cultura, música, encenação e tudo o que a dança do ventre representa”, explica.
O evento é financiado pela Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, através da Fundação Garibaldi Brasil, e oferta três dias de aulas práticas e um espetáculo no quarto dia, celebrando o encerramento deste ciclo formativo.
“Sherazade é inclusivo e acolhe participantes de todos os níveis — desde iniciantes até avançadas. Não é necessário ter experiência prévia, apenas o desejo de explorar esta arte transformadora”, finaliza.
Neste 28 de dezembro, Rio Branco, capital do Acre, completa 142 anos desde sua fundação em 1882. A data é um marco para os acreanos, representando não apenas a origem de uma das principais cidades da região Norte, mas também a consolidação de uma identidade construída ao longo de mais de um século.
Rio Branco foi fundada a partir do seringal Volta da Empraeza, estabelecido pelo seringalista Neutel Maia, que escolheu o local inspirado pela presença da árvore gameleira. Desde então, a cidade se tornou símbolo de resistência, crescimento e protagonismo na história do estado.
O aniversário da capital é uma oportunidade para relembrar suas origens e reafirmar seu papel como centro político, cultural e econômico do Acre. A data reforça o orgulho acreano, enraizado na preservação de sua história e na valorização de seus marcos culturais, como o Calçadão da Gameleira, local que guarda a memória do início da cidade.
Para os acreanos, a celebração é também um momento de reflexão sobre a trajetória de Rio Branco, que cresceu e se modernizou ao mesmo tempo em que mantém viva a conexão com seu passado. A data marca a continuidade de um legado que une tradição e identidade, reafirmando a capital como o coração do estado e símbolo de sua história.
Estão abertas as inscrições para a oficina “Produção Executiva de Projetos Culturais”, uma iniciativa da AcreAtiva Produções, liderada por Carol Di Deus e Narjara Saab. O curso, que oferece 20 vagas, tem como objetivo capacitar artistas, agentes culturais, produtores iniciantes e demais interessados no setor.
Realizada com apoio do Sesc/Acre, Fecomércio e recursos do Edital de Formação 07/2024 da Fundação Garibaldi Brasil (FGB), a oficina busca fomentar práticas essenciais para a execução de projetos culturais na região.
Com 20 horas de duração, o curso aborda as etapas e ferramentas fundamentais para execução de projetos culturais. As inscrições vão até 27 de dezembro e podem ser feitas por meio do link: https://forms.gle/qoX3XFugNeHRKB999.
Carol Di Deus e Narjara Saab se destacam como referências no cenário cultural acreano, liderando projetos que fortalecem a cena artística e promovem o acesso a conhecimentos e oportunidades. Por meio da AcreAtiva Produções, elas vêm contribuindo para o crescimento e profissionalização da cultura na região.
A oficina também reflete a importância de instituições como Sesc/Acre e Fecomércio, que desempenham um papel estratégico na promoção da cultura e na construção de redes de formação que impactam diretamente o setor artístico no estado.