Dois canhões históricos, desaparecidos há mais de nove décadas, foram encontrados por militares do Comando de Fronteira Solimões/8º Batalhão de Infantaria de Selva (Cmdo Fron Solimões/8º BIS) nas margens do Rio Solimões, em Tabatinga, no Amazonas. A descoberta foi possível devido à estiagem que atinge a região, expondo as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga, desmoronado em 1932.
Os canhões, forjados em ferro fundido no século XVIII, são conhecidos como peças de 12 libras e pesam cerca de 2,5 toneladas cada. Eles faziam parte do sistema defensivo do antigo forte, que desempenhou um papel estratégico na defesa da Amazônia. A seca revelou parte das estruturas submersas do forte, permitindo o resgate dos artefatos pelos militares cabo Mata, cabo Alex Pontes, soldado Goes e tenente C. Augusto, todos do Cmdo Fron Solimões/8º BIS.
O último evento de seca que expôs as ruínas do forte ocorreu em 1955, quando outros canhões foram localizados. O forte, erguido no século XVIII e posteriormente destruído pela força das águas do Solimões, deixou grande parte de seu acervo perdido no rio.
O Cmdo Fron Solimões/8º BIS mantém um acervo com diversos itens resgatados do forte ao longo dos anos, que são exibidos no Parque Zoobotânico da unidade militar. As peças recém-descobertas serão adicionadas à exposição, que atrai aproximadamente 15 mil visitantes anualmente, consolidando o parque como um importante ponto turístico da região.
Após o resgate, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) será notificado sobre a descoberta, para que o processo de preservação siga os trâmites necessários. A equipe do Cmdo Fron Solimões/8º BIS continua seus esforços para preservar o legado histórico do Forte São Francisco Xavier, impedindo a deterioração ou extravio de materiais históricos da região.
O Acre será representado na 27ª edição do Palco Giratório, maior projeto de circulação de artes cênicas do Sesc, com o espetáculo Fiandeiro de Tempos, dirigido e encenado por Victor Onofre. A montagem, produzida pelo Coletivo Iluminar, integra a programação nacional ao lado de outros 15 trabalhos selecionados de diferentes regiões do Brasil.
A peça foi criada a partir de vivências nas comunidades ribeirinhas do Rio Murú, Rio Croa e Serra do Môa, e aborda aspectos do cotidiano e dos saberes tradicionais dessas populações. Estreada em dezembro de 2021, em Rio Branco, a obra também passou por nove estados durante o projeto Sesc Amazônia das Artes em 2023.
Neste ano, Fiandeiro de Tempos será apresentado em Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Alagoas, Rondônia, Paraná e Rio de Janeiro, entre os meses de abril e outubro.
Natural de Cruzeiro do Sul, Victor Onofre destacou o significado da participação no circuito nacional: “Nasci em uma comunidade ribeirinha e hoje cheguei a um dos maiores festivais de teatro do país. Honra é a palavra e gratidão também”, disse o artista.
A ficha técnica inclui nomes como Quílrio Farias, Dino Camilo e Jaqueline Chagas, responsáveis pelo texto, cenário e figurino. A trilha sonora é assinada por Farias, Marcos Casas e Mara Mattero. A operação de luz será feita por Marques Izitio.
O Museu do Xapury foi reinaugurado nesta terça-feira, 15 de abril, no município de Xapuri, após processo de revitalização realizado pelo governo do Acre, por meio da Fundação Elias Mansour (FEM). O investimento foi de R$ 640 mil, com recursos do tesouro estadual.
Instalado em um casarão de 1927 que já abrigou a primeira sede da Prefeitura de Xapuri, o museu tem como foco a preservação da história local, com ênfase no Ciclo da Borracha, na Revolução Acreana e na trajetória do líder seringueiro Chico Mendes. O acervo reúne armas históricas, mobiliário, objetos do cotidiano dos trabalhadores da floresta e peças que representam a cultura indígena e extrativista da região.
Durante a entrega, o governador Gladson Cameli destacou o papel do museu na formação da identidade local. “Eu entendo que um povo que não conhece a sua história não pode sonhar com um futuro promissor. Portanto, um museu não é um lugar para acumular coisas velhas, mas sim um lugar que guarda memórias afetivas de uma população, as quais sinalizam para o futuro”, afirmou.
O museu foi originalmente inaugurado em 2005 e é considerado um dos principais espaços culturais de Xapuri. A reabertura do espaço integra uma série de ações voltadas à preservação do patrimônio histórico do município, que incluem também a revitalização da Casa de Chico Mendes e da Trilha Chico Mendes, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
No dia 16 de abril de 2025, às 14h, será realizado o 3º Encontro do Micro-Curso de Patrimônio Histórico e Cultural, com foco em ensino e territórios amazônicos e latino-americanos. O evento ocorre no Laboratório Audiovisual, Bloco Walter Félix, no curso de Bacharelado em História da Universidade Federal do Acre (UFAC).
A programação inclui temas relacionados ao turismo e patrimônio, políticas da Unesco e do Icomos, impactos do antropoceno, arquivos e cultura visual, além de discussões sobre itinerários, litoral, patrimônio imaterial e a presença de mulheres nas práticas patrimoniais.
O encontro é gratuito, aberto ao público e não exige inscrição prévia. Haverá certificação para os participantes.
A atividade é organizada pelo Núcleo de Investigação e Difusão em Patrimônio Histórico e Cultural (NID1) do PIBID/CAPES, vinculado ao curso de História da UFAC e ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). Também participam o Grupo de Pesquisa PAHFI (Patrimônio Histórico e Cultural entre fronteiras e disputas: América Latina, PanAmazônia, Educação e povos indígenas e não indígenas), e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado ao Governo Federal.