Integrantes da Comissão Transfronteiriça Jurua/Yurua/Alto Tamaya, que envolve comunidades indígenas do Brasil e do Peru, participaram de uma série de reuniões em Brasília. A agenda fez parte da 8ª Reunião de Trabalho da Comissão e incluiu encontros com representantes de ministérios e organismos internacionais.
Entre as atividades, o grupo se reuniu com o secretário-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Marvin von Hildebrand. No encontro, foi discutida a criação do Mecanismo Amazônico dos Povos Indígenas, uma estrutura para tratar de temas de interesse mútuo entre governos e representantes indígenas da região.
Também foi formado um Grupo de Trabalho para definir ações relacionadas à Consulta Livre, Prévia e Informada (CLPI), à autodeterminação e à participação indígena em processos decisórios.
A delegação participou de reuniões com representantes do Ministério das Relações Exteriores, no Palácio do Itamaraty, com foco em medidas de proteção e promoção dos direitos indígenas em espaços internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU).
Foram abordadas estratégias para garantir a participação de representantes indígenas no Fórum Permanente dos Povos Indígenas e no Conselho de Direitos Humanos da ONU. A agenda também incluiu discussões sobre a cooperação entre Brasil e Peru para fortalecer o diálogo transfronteiriço.
A programação foi finalizada com reuniões na sede da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Unesco, com foco nas pautas prioritárias da Comissão Transfronteiriça.
A Comissão Transfronteiriça Juruá/Yurua/Alto Tamaya é uma iniciativa que reúne organizações indígenas e não indígenas do Brasil e do Peru, visando fortalecer a cooperação entre comunidades localizadas na região fronteiriça dos rios Juruá, Yurua e Alto Tamaya. No lado brasileiro, o estado do Acre abriga diversas dessas comunidades, sendo um território de significativa importância para a comissão.
A comissão tem se dedicado a discutir e enfrentar desafios que afetam os territórios indígenas na área de fronteira. Entre as principais preocupações estão projetos de infraestrutura, como a construção da estrada Nueva Itália a Puerto Breu (UC-105) no Peru, que avançam sem a devida consulta às comunidades indígenas e sem estudos de impacto ambiental adequados. Esses projetos representam ameaças diretas aos modos de vida tradicionais e ao meio ambiente local.
Além disso, a comissão trabalha na elaboração de estratégias para a proteção das florestas e na promoção dos direitos indígenas em espaços internacionais. A colaboração entre as organizações do Acre e de Ucayali tem sido essencial para enfrentar desafios comuns e promover o desenvolvimento sustentável na região transfronteiriça.