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MEIO AMBIENTE

Francisco Piyãko lamenta a morte de Sebastião Salgado: “ele deixou uma marca no nosso povo e fez a ponte para o futuro”

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Francisco Piyãko, liderança do povo Ashaninka e coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), manifestou profundo pesar pela morte do fotógrafo Sebastião Salgado, falecido nesta sexta-feira (23), aos 81 anos. Em seu pronunciamento, destacou a importância de Salgado para o fortalecimento das lutas indígenas e para a preservação da Amazônia.

“A gente entende que figuras como o Sebastião Salgado já estão desaparecendo. Talvez o Sebastião Salgado seja um dos últimos, porque eu não conheço tanta força reunida numa pessoa como ele. Os mundos vão mudando as pessoas. Ele representa muito, não só na fotografia, mas é uma questão espiritual. Não é só na câmera que ele fazia o retrato. Mais do que um profissional competente, ele era uma pessoa que conseguia fazer mágica na câmera, porque o espírito dele está presente em cada foto”, disse Francisco.

Ele relembrou a convivência próxima que Salgado teve com sua família e a comunidade Ashaninka da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, no Acre, onde o fotógrafo permaneceu por quase um mês. Durante esse período, registrou imagens que passaram a compor o livro e a exposição internacional Amazônia.

Brazil, 2018 – Foto: Captain Felipe Reichert

“O respeito que ele tinha por tudo e todos os cantos que ele passou, ele conseguiu falar isso. E ele não falava só da boca pra fora, é uma pessoa que falou da alma. Sempre, sempre ele falou do espírito dele. É muito grande a perda. Falei pra minha mãe sobre, de um jeito pra não dar muito impacto pra ela, porque ele viveu quase um mês dentro da casa dela, da nossa família toda. Fotografou toda a nossa família. Ele conseguiu deixar essa marca no nosso povo.”

Francisco também destacou como o legado de Salgado segue inspirando as novas gerações da comunidade, especialmente os jovens que atuam na área da comunicação: “Nós temos, inclusive, toda a parte da comunicação hoje, a Yara, a Bianca, o pessoal que trabalha com fotografia, com imagem, se inspira muito nessa pessoa que ele foi, no que ele fez.”

Em um trecho de sua fala, Francisco ressaltou a importância histórica e contemporânea de Sebastião Salgado como um comunicador global e uma ponte entre tempos distintos. “Sebastião Salgado, ele pode ser uma pessoa que teve uma relação com o século passado, mas a gente vê que ele viveu sempre no século 21, ele era um dos mais atualizados. Ele consegue fazer um divisor entre o que foi o passado e o que é o desafio do futuro. Ele alertou o mundo inteiro por onde ele passou, sobre os caminhos e tudo que ele falou, ele representava, ele pôde coletar isso nos contatos que ele teve com a natureza, com os povos indígenas. Então ele foi uma pessoa que fez essa ponte.”

Francisco ainda associou o trabalho de Salgado aos desafios atuais enfrentados pelos povos indígenas e à necessidade de ações concretas em defesa da floresta:

“O século 21 precisa estar modernizado nesse sentido. Ele não permite mais a ignorância, como o próprio Brasil, onde temos um Congresso que tem a maioria que aprova lei para destruir a floresta, tirar direitos, tirar dos povos indígenas as conquistas que foram conquistadas com muita luta. Eu acho que ele fez essa ponte. E agora seguir para frente depende de cada um de nós, porque ele conseguiu falar para o mundo inteiro, por todos os países, por onde ele andou, de que os caminhos e as lições para a sustentabilidade que a gente sempre busca, o desequilíbrio da humanidade, o aquecimento global, falando de que o modelo e as formas de vida, ele conseguiu botar isso no mundo através das lentes. Mas também de maneira concreta, quando ele mostrou que é possível restaurar o mundo e o planeta e viver de maneira equilibrada.”

Sebastião Salgado esteve na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia em 2016, onde realizou registros de famílias da comunidade Ashaninka, como o retrato de Yara Piyãko, que se tornou capa de uma das edições do livro Amazônia. Yara, atualmente fotógrafa, também reconhece a importância de Salgado na valorização da cultura Ashaninka e na projeção internacional da luta pela preservação da floresta.

O trabalho de Sebastião Salgado permanece como referência mundial na defesa da Amazônia e dos povos originários, tendo produzido imagens que dialogam com o compromisso ambiental e a resistência das comunidades indígenas frente às ameaças ao seu território.

MEIO AMBIENTE

The Economist destaca modelo brasileiro de combate ao desmatamento como exemplo global

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A revista The Economist, em sua edição de 23 de outubro de 2025, publicou editorial afirmando que o mundo pode aprender com o Brasil no combate ao desmatamento. O texto observa que, embora o país tenha perdido mais floresta tropical do que qualquer outro no último ano, devido principalmente aos incêndios, também demonstra que políticas públicas eficazes podem reduzir a destruição da Amazônia.

Segundo a publicação, o planeta perdeu 67 mil quilômetros quadrados de floresta em 2024, área equivalente à da Irlanda, o que adicionou 3,1 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa à atmosfera — mais do que as emissões da Índia provenientes da queima de combustíveis fósseis. O editorial alerta que, além dos impactos climáticos globais, a devastação ameaça sistemas locais de chuva, já que as florestas tropicais produzem os chamados “rios voadores”, responsáveis por irrigar extensas áreas agrícolas.

The Economist ressalta que a experiência brasileira evidencia a importância de políticas integradas de comando e controle. Durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa de desmatamento caiu 80% entre 2003 e 2011 e voltou a diminuir após seu retorno à Presidência em 2023, antes do aumento dos incêndios florestais. A revista credita esse resultado à atuação conjunta do governo federal e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que combinaram repressão a atividades ilegais com incentivos à conservação. “Agentes federais fortemente armados prendem madeireiros ilegais e destroem garimpos clandestinos”, descreve o texto, observando que propriedades envolvidas em desmatamento são bloqueadas para crédito subsidiado.

O editorial também menciona que o governo brasileiro tem reforçado a proteção de terras indígenas e buscado resolver disputas fundiárias na Amazônia, consideradas entraves históricos à gestão ambiental. A clareza sobre a posse da terra, segundo a revista, permite identificar quem deve ser punido pela degradação ou recompensado pela preservação. O avanço de tecnologias digitais, como o monitoramento por satélite, tem acelerado a identificação de crimes ambientais e a resposta das autoridades.

A publicação compara o caso brasileiro a outros países tropicais, como a República Democrática do Congo, onde a ausência de governança e infraestrutura dificulta o controle do desmatamento. Para The Economist, a preservação das florestas deve ser tratada como um bem público global, o que justifica o apoio financeiro internacional. O texto sugere a adoção de mecanismos simples, como pagamentos diretos a governos que comprovem a redução do desmatamento por imagens de satélite, modelo que o Brasil vem tentando promover.

O editorial conclui que salvar as florestas tropicais exigirá “criatividade, diplomacia e clareza”, e que as lições do Brasil podem orientar ações mais eficazes em outros países.

Fonte: https://www.economist.com/leaders/2025/10/23/to-save-the-worlds-tropical-forests-learn-from-brazil

Foto: Sérgio Vale

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MEIO AMBIENTE

Estudo alerta que Amazônia pode perder quase 3 bilhões de toneladas de carbono até 2030

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A Amazônia poderá deixar de capturar 2,94 bilhões de toneladas de carbono até 2030 caso os países da região mantenham pouco ou nenhum controle sobre o desmatamento. O alerta é da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG), formada por oito organizações da sociedade civil, que divulgou novo levantamento sobre o tema em 23 de outubro de 2025. O estudo abrange Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, e aponta que, mesmo com a manutenção das atuais políticas ambientais, a perda na capacidade de captura de carbono pode chegar a 1,113 bilhão de toneladas nos próximos cinco anos.

A RAISG explica que as florestas mais preservadas da Amazônia, especialmente em Terras Indígenas e Áreas Naturais Protegidas, são responsáveis por 61% do carbono capturado em 2023. A proteção desses territórios é considerada fundamental para conter o aquecimento global e manter a floresta como aliada no equilíbrio climático. “Se não forem fortalecidas as políticas de proteção e reconhecido o papel dos povos indígenas e das comunidades locais, a Amazônia deixará de ser um aliado climático e se tornará uma fonte de crise”, afirmou Renzo Piana, diretor do Instituto do Bem Comum, integrante da RAISG.

O estudo foi desenvolvido no âmbito do projeto Ciência e Saber Indígena pela Amazônia, em parceria com o Woodwell Climate Research Center, e utilizou a plataforma Dinâmica Ego, que integra dados de satélite e modelagem ambiental. Foram projetados três cenários para o futuro das reservas de carbono. No pior deles, com avanço descontrolado de atividades como agricultura, pecuária e mineração, a Amazônia reduziria em 3,5% sua capacidade de captura, passando de 85 bilhões de toneladas de carbono em 2023 para 82,257 bilhões em 2030.

No cenário intermediário, os pesquisadores simularam políticas ambientais menos rigorosas, o que levaria à perda de 2,294 bilhões de toneladas de carbono — uma redução de 2,7% em relação a 2023. Já no melhor cenário, com manutenção das políticas atuais, haveria ainda assim perda de 1,113 bilhão de toneladas, equivalente a 2% do total capturado. Mireya Bravo Frey, coordenadora regional do projeto, afirmou que “cada tonelada de carbono que se consegue manter nas florestas amazônicas é um investimento no futuro do planeta”, destacando que fortalecer a proteção de Terras Indígenas e Áreas Protegidas é essencial para conservar as maiores reservas de carbono florestal do mundo.

A RAISG também alerta para o impacto histórico da devastação na Amazônia, que desde 1985 perdeu mais de 88 milhões de hectares de floresta, transformados em áreas agropecuárias, urbanas e mineradoras. Essa transformação já resultou em uma redução de 6,3% na captura de carbono, com 5,7 bilhões de toneladas a menos em 2023 comparadas ao ano 2000. O especialista em sensoriamento remoto da rede, José Victorio, explicou que a redução das florestas implica em menos reservas de carbono e, portanto, mais emissões poluentes para o planeta, agravando eventos como secas, inundações e incêndios florestais.

O estudo recomenda que os países amazônicos articulem políticas que integrem ciência e saberes tradicionais, promovam o uso sustentável dos recursos naturais e eliminem o desmatamento e atividades ilegais no bioma. As conclusões reforçam que o futuro da Amazônia e o equilíbrio climático global dependem diretamente da proteção das florestas e da valorização dos povos que as habitam.

Fonte: umsoplaneta.globo.com

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MEIO AMBIENTE

Sebrae apresentará ações de sustentabilidade e economia circular na COP30

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O Sebrae participará da COP30 com a apresentação de iniciativas voltadas à resiliência climática e à economia circular em quatro painéis que ocorrerão no dia 13 de novembro. A instituição levará experiências desenvolvidas em programas como Cidade Empreendedora, Territórios Empreendedores e Prêmio Sebrae Prefeitura Empreendedora, destacando projetos de gestão de resíduos sólidos, educação ambiental, bioeconomia e empreendedorismo sustentável.

O gerente de Desenvolvimento Territorial do Sebrae, Jeconias Rosendo, afirmou que a economia dos pequenos negócios depende diretamente da capacidade de adaptação às mudanças climáticas. “Quando articulados de forma estratégica, os esforços locais se convertem em ganhos expressivos, como a redução de emissões de gases de efeito estufa, recuperação de áreas degradadas e aumento da renda das famílias”, disse.

As ações selecionadas abrangem 19 iniciativas de 14 estados brasileiros e estarão reunidas em um catálogo digital que será divulgado durante a conferência. O material inclui projetos de reciclagem e logística reversa, reflorestamento, turismo sustentável, inclusão socioprodutiva e fortalecimento de lideranças locais. Segundo Rosendo, o engajamento de prefeituras, organizações da sociedade civil e empreendedores tem mostrado que a agenda climática, integrada ao desenvolvimento territorial, é capaz de gerar resultados econômicos e ambientais consistentes.

O Sebrae avalia que a COP30 será uma oportunidade para aprimorar parcerias e conectar experiências nacionais e internacionais na área da sustentabilidade. A instituição criou o portal Sebrae COP30, voltado a micro e pequenos empresários interessados em se preparar para as oportunidades de negócios que o evento trará. O ambiente digital reúne conteúdos sobre empreendedorismo internacional, agenda global de desenvolvimento sustentável e exemplos de soluções aplicadas por empreendedores em diferentes regiões do país.

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