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MEIO AMBIENTE

FUNDO AMAZÔNIA: COFA Debate Estratégias de Reconstrução para o Próximo Biênio

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No cenário de crescente preocupação com as questões ambientais e preservação da biodiversidade, a Amazônia tem sido objeto de atenção especial por sua relevância ecológica para todo o planeta. Nesse contexto, o FUNDO AMAZÔNIA desempenha um papel fundamental como mecanismo financeiro de apoio a projetos de conservação e sustentabilidade na região. Recentemente, o COFA (Comitê Orientador do Fundo Amazônia) realizou uma importante reunião para debater a reconstrução das funcionalidades do fundo, no processo de revisão das Diretrizes e Focos para o Biênio 2023/2025.

O COFA é um órgão colegiado responsável por orientar e definir as diretrizes para o FUNDO AMAZÔNIA, e é composto por representantes de diferentes setores e regiões relacionadas à Amazônia, do governo federal, governos estaduais e sociedade civil. Uma das figuras importantes nesse comitê é Jullie Messias, secretária da SEMAPI – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas do Acre, que ocupa a posição de membro titular, representando o Estado do Acre, e conta com a colaboração de sua adjunta Renata Souza.

Na reunião desta terça feira, 25 de julho, foram discutidas e aprovadas importantes diretrizes com o objetivo de garantir a funcionalidade e efetividade do Fundo.

Entre as definições cruciais da reunião, destacam-se três pontos principais:

1) Criação do Documento de Visão Estratégica: Com o intuito de traçar metas claras e objetivos estratégicos a serem alcançados pelo FUNDO AMAZÔNIA, a criação de um documento de visão estratégica torna-se essencial. Esse instrumento permitirá uma melhor orientação das ações e investimentos do fundo, direcionando-os para projetos que efetivamente contribuam para a conservação e sustentabilidade da Amazônia.

2) Reformulação do Formato do Documento: Reconhecendo a importância de tornar o FUNDO AMAZÔNIA mais prático e acessível, foi decidida a reformulação completa do formato do documento. A linguagem será simplificada, tornando-o mais compreensível para todos os envolvidos, sejam eles órgãos governamentais, ONGs, pesquisadores, ou a sociedade em geral. Essa medida visa incentivar a participação e o engajamento de um número maior de parceiros e interessados nas ações de conservação da Amazônia.

3) Retomada do Apoio a Municípios: Reconhecendo a importância das ações em nível local, o COFA deliberou sobre a retomada do apoio a municípios da região amazônica, por meio de chamadas ou programas específicos. Essa medida visa fortalecer o trabalho conjunto com as administrações municipais, que muitas vezes estão na linha de frente dos desafios ambientais e podem apresentar soluções inovadoras para a conservação da floresta e do bioma.

A trajetória de Jullie Messias no COFA é marcada por seu comprometimento com a preservação da Amazônia, tendo contribuído para a não objeção da recente doação da Alemanha ao Fundo Amazônia, no valor de cerca de 35 milhões de euros. Essa doação é um importante marco de retomada das atividades do Fundo e sinaliza o reconhecimento internacional da relevância de sua atuação.

Foto: Reprodução

Jullie Messias enfatiza que a reconstrução das funcionalidades do FUNDO AMAZÔNIA visa alcançar resultados ainda mais expressivos, contribuindo de forma efetiva para a proteção desse patrimônio natural de importância global. Com a definição das novas diretrizes, o FUNDO AMAZÔNIA está pronto para retomar seu papel essencial na engrenagem da conservação da biodiversidade na Amazônia. As decisões tomadas na reunião do COFA para o Biênio 2023/2025 representam um passo significativo rumo à construção de um futuro mais sustentável e equilibrado para esse ecossistema tão precioso.

MEIO AMBIENTE

Painel no Txai Amazônia propõe união entre saberes indígenas e ciência para fortalecer a bioeconomia

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Rio Branco (AC) – 25 de junho de 2025

O primeiro painel do Seminário Internacional Txai Amazônia reuniu lideranças indígenas para discutir os caminhos da bioeconomia e da sociobiodiversidade a partir dos conhecimentos tradicionais. Intitulado O olhar indígena para a construção dos conceitos de sociobiodiversidade e sociobioeconomia, o debate abriu oficialmente o eixo temático sobre Bioeconomia e Sociobiodiversidade, com mediação da secretária de Povos Indígenas do Acre, Francisca Arara.

Participaram do painel o antropólogo Francisco Apurinã, o líder espiritual Mapu Huni Kuin e o coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), Francisco Piyãko. As falas destacaram a importância de reconhecer a floresta como território vivo e interdependente, e os povos indígenas como guardiões de práticas sustentáveis milenares.

Para Francisco Apurinã, conceitos como bioeconomia e sociobiodiversidade são recentes no vocabulário acadêmico e institucional, mas já fazem parte da vida dos povos originários há gerações. “Não tem como falar de bioeconomia ou sustentabilidade sem os conhecimentos dos povos indígenas. Isso já é vivido nas aldeias, do nosso jeito, na nossa língua. E é por isso que precisamos estar nos espaços de decisão”, afirmou.

Francisco Piyãko reforçou que a floresta não pode ser pensada apenas em termos de recursos. “A floresta não é só o que se vê verde. É um mundo inteiro, com sua complexidade, sua cultura, sua espiritualidade. E é preciso entendê-la assim, em sua totalidade”, disse. Ele alertou para os riscos de apropriação dos conceitos indígenas por empresas e governos que não reconhecem a autonomia dos povos da floresta.

Mapu Huni Kuin, por sua vez, compartilhou sua experiência de criação do Centro Huwa Karu Yuxibu, na Transacreana, em Rio Branco. O espaço promove alimentação tradicional, reflorestamento e espiritualidade, atendendo famílias indígenas em situação de vulnerabilidade. “O alimento também cura. Não adianta tomar nossas medicinas se não cuidamos da forma como nos alimentamos. Nossa cura começa na terra”, afirmou.

Os painelistas também destacaram a importância da educação superior para os jovens indígenas, mas criticaram a falta de estrutura nas universidades para acolher a diversidade cultural. Mapu anunciou a construção de alojamentos para estudantes indígenas em seu centro cultural, como forma de garantir formação acadêmica aliada à vivência comunitária.

O painel terminou com uma moção proposta pelo professor Jacó Lima, da Universidade Federal do Acre, solicitando a criação de vagas específicas para docentes e técnicos indígenas nas universidades públicas. A proposta foi recebida com aplausos e deve ser encaminhada à plenária final do seminário.

O Seminário Txai Amazônia segue até o dia 28 de junho, reunindo representantes da Amazônia Legal e de países vizinhos como Bolívia e Peru, com foco em construir estratégias para uma bioeconomia alinhada à justiça social e ao protagonismo dos povos da floresta.

Foto: Sérgio Vale

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MEIO AMBIENTE

“Nossa produção não entra na conta do agronegócio”: Francisco Piyãko questiona modelo econômico imposto à Amazônia

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Francisco Piyãko defende reconhecimento do modo de vida indígena como base da bioeconomia durante o Seminário Txai Amazônia

Durante o primeiro painel do Seminário Internacional Txai Amazônia, o líder Ashaninka e coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (Opirj), Francisco Piyãko, destacou que a bioeconomia, para os povos indígenas, não é uma novidade. Segundo ele, trata-se de uma prática ancestral que precisa ser reconhecida como referência nas discussões sobre desenvolvimento e sustentabilidade na Amazônia.

“Se perguntar lá pro meu povo, até pra mim mesmo, é difícil saber o que é sociobiodiversidade. Essas coisas vêm de fora pra dentro do território. Mas a gente já faz bioeconomia há muito tempo, do nosso jeito, com os nossos saberes”, afirmou.

Para Piyãko, a relação dos povos indígenas com a floresta é orientada pela natureza e sustentada por uma lógica espiritual e coletiva. “A gente vive sob a orientação da natureza. A gente não vive sem essa orientação. Por isso cuidamos do nosso território com muito respeito. Nas plantas, nos animais, a gente vê sinais. Eles conversam com a gente.”

Ao falar sobre sociobiodiversidade, o líder Ashaninka reforçou que o conceito vai além da diversidade biológica. “Eu entendo que é a diversidade das vidas que sustentam a vida. Não só a humana. É a floresta inteira: gente, bicho, rio, árvore, espírito. Tudo isso é o que orienta a nossa forma de viver.”

Piyãko também criticou abordagens que tentam adaptar os saberes tradicionais aos moldes do mercado, sem considerar os limites e os modos de vida das comunidades. “A gente precisa de uma bioeconomia que dialogue com os territórios, com os povos. Que respeite os limites. Que não trate tudo como oportunidade pra fora, mas que seja oportunidade pra nós também.”

Ele alertou para os riscos de uma bioeconomia desconectada dos povos da floresta. “Será que empresas que usam nossos produtos estão protegendo a Amazônia ou só extraindo dela pra crescer no mundo? A floresta e os povos não se separam. Se a floresta adoece, os povos também adoecem.”

Com experiência consolidada em governança territorial e segurança alimentar em sua comunidade, Francisco defendeu uma concepção de economia baseada no bem viver, e não na acumulação. “Nosso conceito de vida está ligado à abundância. Se eu encontro algo na floresta, pego o que preciso e digo pro outro: vai lá, tem mais. A gente não acumula pra dominar. A gente compartilha pra viver bem.”

Ao final, fez uma crítica direta ao modo como os povos indígenas ainda são excluídos das métricas econômicas nacionais: “Nossa produção não entra na conta do agronegócio. Porque ela não é medida por volume ou lucro, mas por equilíbrio e permanência. E é isso que garante a vida.”

O painel fez parte do eixo temático Bioeconomia e Sociobiodiversidade e reuniu lideranças indígenas de diferentes povos. O evento segue até o dia 28 de junho no espaço eAmazônia na Universidade Federal do Acre, com debates sobre territórios, inovação e saberes tradicionais.

Foto: Sérgio Vale

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MEIO AMBIENTE

“Levei as vozes de quem vive e luta pela Amazônia”, diz Angela Mendes em festival na França

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A defensora Angela Mendes, filha do líder seringueiro Chico Mendes, participou no dia 12 de junho do Festival Dialogues en Mouvement, realizado em Paris, na França. O evento é promovido pela associação Autres Brésils e reúne artistas, cineastas, escritores e ativistas comprometidos com pautas sociais e ambientais do Brasil.

Representando o Comitê Chico Mendes, Angela destacou que sua participação teve como principal objetivo dar visibilidade às populações que vivem e defendem a floresta. “Levei as vozes de quem vive e luta pela Amazônia, de quem está na linha de frente da resistência”, afirmou.

Durante o evento, Angela participou do painel “As Vozes da Amazônia”, que discutiu os desafios e os caminhos da resistência dos povos da floresta. Ela também esteve na abertura da exposição “Povos da Floresta”, que reúne fotografias e relatos produzidos por dois profissionais franceses após uma imersão em comunidades da Amazônia acreana, incluindo Xapuri e o Seringal Cachoeira.

A defensora destacou ainda a importância da presença das mulheres indígenas no audiovisual. “A presença das mulheres cineastas indígenas foi a parte mais bela. Elas estão cada vez mais organizadas. Já formaram uma rede de cineastas indígenas com 90 mulheres identificadas, e isso tem um potencial incrível”, relatou.

Angela também chamou atenção para o papel da cultura brasileira como instrumento de resistência. “A cultura brasileira é muito rica, e o que mais se destaca, em qualquer lugar, é como ela dá um verdadeiro show: promove debates intensos, porque fala diretamente da nossa realidade”, disse.

O Comitê Chico Mendes foi criado em 1988, após o assassinato do líder seringueiro, e desde então atua na preservação de seu legado e na defesa dos territórios e dos povos da floresta. Em 2021, a organização passou a atuar formalmente, desenvolvendo projetos voltados para a promoção do bem-estar social, ambiental, cultural e econômico das comunidades tradicionais.

Com informações do Comitê Chico Mendes — https://www.comitechicomendes.org/

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