O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura (Minc), disponibiliza aos cidadãos um novo e moderno repositório digital dos Bens Culturais Registrados (BCR). O portal online é fruto de parceria com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e dá acesso à sociedade brasileira informações sobre cada um dos bens culturais imateriais registrados como Patrimônio Cultural do Brasil. O investimento total feito pelo Iphan foi de R$ 413.750,00 por meio de um Termo de Execução Descentralizada.
Na plataforma online, o usuário pode explorar os Bens pelos Livros de Registro, navegar por um mapa interativo e, se preferir, conhecer os patrimônios imateriais do Brasil por unidades federativas, separadamente. O site também disponibiliza mídias, descrição, abrangência do registro, instituições parceiras, pareceres técnicos e toda documentação relacionada ao bem cultural.
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O diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do Iphan, Deyvesson Gusmão, explica que o site é a primeira entrega para o grande público de um projeto maior possibilitado pela parceria. “Estamos desenvolvendo estudos para aprimorar a eficiência da organização dos acervos documentais referentes aos inventários, mapeamentos culturais, bens registrados, bem como promover a difusão e acesso a esse acervo”, esclarece Deyvesson Gusmão.
Segundo a diretora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Cecília Leite, a parceria com o Iphan é muito importante, pois vai ao encontro da missão do Instituto de melhorar a infraestrutura informacional para o desenvolvimento do País. “Para nós que trabalhamos com a informação e com a sua organização, preservação e disseminação, a iniciativa é parte integrante do nosso trabalho, assim como a criação do repositório, que irá possibilitar ao mundo conhecer os bens culturais, imateriais e registrados no nosso Patrimônio Cultural Brasileiro”, afirma a diretora.
A iniciativa vai ao encontro das diretrizes do Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, que institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem Patrimônio Cultural brasileiro. Segundo a normativa, cabe ao Ministério da Cultura assegurar a documentação sobre os bens culturais registrados, por todos os meios técnicos admitidos, cabendo ao Iphan manter um banco de dados com o material produzido durante a instrução dos processos, além de dar ampla divulgação e promoção a esses documentos.
Bens Culturais Registrados
Os patrimônios registrados são os bens culturais imateriais reconhecidos formalmente como Patrimônio Cultural do Brasil. Esses bens caracterizam-se pelas práticas e domínios da vida social apropriados por indivíduos e grupos sociais como importantes elementos de sua identidade. São transmitidos de geração a geração e constantemente recriados pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, sua interação com a natureza e sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade. Contribuem, dessa forma, para promoção do respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
Casa do seringueiro — Foto: Sérgio Vale/Secom
Os bens culturais imateriais passíveis de registro pelo Iphan são aqueles que detém continuidade histórica, possuem relevância para a memória nacional e fazem parte das referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira. A inscrição desses bens nos Livros de Registro é instituída pelo Decreto 3.551/2000 e regulamentada pela Resolução 01/2006 do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
‘Fórum das Amazônias: Linguagens e Identidades’ promove confluência de vozes e saberes no Acre
Com uma programação rica e diversificada, o Fórum das Amazônias acontece no Centro de Convivência da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco, das 14h às 19h30, e está sendo organizado para reunir o ecossistema cultural amazônico, incluindo artistas, pesquisadores, escritores, comunicadores, lideranças indígenas, mestres da cultura, produtores culturais, gestores e demais agentes que constroem e fortalecem a diversidade cultural da Amazônia.
A capital acreana sedia no próximo dia 11 de dezembro o Fórum Das Amazônias: Linguagens e Identidades – Cultura em Movimento Criativo. O evento, realizado pelo Comitê de Cultura do Acre, marca o encerramento das ações promovidas pelo comitê em 2025, que se consolida como um espaço fundamental para a reflexão estratégica da vida cultural no estado.
“Linguagens e Identidades” é o terceiro fórum de cultura promovido pelo Comitê, que em novembro de 2024 realizou no território indígena Puyanawa (Mâncio Lima) o Fórum Cultura do Vale e, em março deste ano, consolidou o Fórum Cultura do Vale Acre Purus.
Com uma programação rica e diversificada, o Fórum das Amazônias acontece no Centro de Convivência da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco, das 14h às 19h30, e está sendo organizado para reunir o ecossistema cultural amazônico, incluindo artistas, pesquisadores, escritores, comunicadores, lideranças indígenas, mestres da cultura, produtores culturais, gestores e demais agentes que constroem e fortalecem a diversidade cultural da Amazônia.
O encontro visa refletir sobre os caminhos percorridos, celebrar conquistas, ampliar diálogos e, crucialmente, projetar novas possibilidades para 2026. A essência do evento é destacar a riqueza das linguagens e identidades que formam as Amazônias, movimentando a cultura de forma criativa, plural e viva.
Claudia Toledo, coordenação do Comitê de Cultura do Acre, reforça que a presença dos diversos agentes é essencial para fortalecer a rede cultural e enriquecer as discussões sobre cultura, território e identidade.
“Fico muito feliz de poder encontrar com as pessoas, sentarmo-nos numa grande roda de conversa, na qual, com certeza, vão sair muitos desabafos, muitas trocas de energia e de carinho, de afeto e de experiências, vivências, saberes e fazeres. O fórum vem para isso, para nos fortalecer, agregando nove municípios das regionais do Alto Acre, Baixo Acre e Purus. A proposta é discutir esse empreendedorismo cultural dos territórios, das pessoas que trabalham com arte e cultura. Como sobreviver nesse meio? Como ressurgir? Como ressignificar as coisas e continuar mantendo cultura e arte vivas em todos os territórios?”, salienta Claudia.
Programação
A programação do Fórum das Amazônias será estruturada em dois momentos centrais de debate, além de apresentações artísticas:
1. Painel de Abertura: Linguagens e Identidades: Cultura em Movimento Criativo
O tema central aponta para a força dinâmica da Amazônia como território vivo de múltiplas expressões, saberes e modos de existir. O conceito de “Linguagens” abrange não apenas os idiomas, mas as formas de narrar, cantar, escrever, representar, cultivar e vivenciar o mundo — incluindo linguagens corporais, espirituais, artísticas, científicas, tradicionais, urbanas e ancestrais.
“Identidades” aborda as trajetórias individuais e coletivas que emergem desse mosaico diverso, como identidades indígenas, ribeirinhas, negras, periféricas, acadêmicas, artísticas e comunitárias, todas em constante transformação. Já “Cultura em Movimento Criativo” revela a capacidade desse território de reinventar-se, produzir novos sentidos e fortalecer memórias.
O painel contará com a participação de convidados de notório saber e experiência na região:
Karla Martins: Contadora de histórias.
Raquel Ishii: Doutora em Letras: Linguagem e Identidade pela UFAC (2023) e Professora Adjunta no Curso de Letras/Inglês da UFAC.
Toinho Alves: Jornalista e escritor.
Francisco Puyanawá: Mestre da medicina da floresta.
Claudia Toledo – coordenadora geral e pedagógica do Comitê de Cultura do Acre
2. Roda de Conversa: Autogestão em Linguagens e Identidades
O segundo momento promoverá um diálogo vivo e horizontal sobre como as práticas de autogestão fortalecem identidades, dinamizam as linguagens artísticas e ampliam a autonomia e a sustentabilidade das iniciativas criativas na Amazônia, envolvendo artistas, coletivos, mestres tradicionais e organizações culturais.
Participam do bate-papo: a presidente da Federação de Teatro do Acre (Fetac), Brenn Souza, a produtora e cineasta Isa Amsterdam, a presidente da Organização das Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia (Sitoakore), Xiú Shanenawá, a socióloga Jayce Brasil, artista de Hip Hop Mag Da Lina e o Movimento de Artistas Huni Kuin (Mahku).
Realização
O evento contará ainda com diversas apresentações artísticas que incluem poesia, slam e música, destacando a participação de artistas indígenas. O projeto é uma realização do Comitê de Cultura do Acre, com financiamento do Governo Federal, por meio do Programa Nacional dos Comitês de Cultua (PNCC), e conta com o apoio da Universidade Federal do Acre (Ufac) e da Semana Varadouro, promovida pela Eita Pau Produções.
Empresas do setor da cultura movimentaram R$ 400 bilhões em 2024, segundo dados apresentados pelo Sebrae e pelo Ministério da Cultura, que apontam expansão da economia criativa no país e a projeção de contratação de 8,4 milhões de pessoas até 2030. O tema será aprofundado durante o Mercado de Indústrias Criativas do Brasil (MICBR), que ocorrerá de 3 a 7 de dezembro, em Fortaleza, reunindo pequenos negócios, produtores e empreendedores de diversas áreas culturais.
A economia criativa reúne atividades como artes cênicas, audiovisual, design, música, tecnologia e patrimônio cultural, somando mais de 111 mil pequenos negócios responsáveis por parte significativa do Produto Interno Bruto. Nos últimos anos, o setor registrou crescimento contínuo e ampliou sua participação no mercado formal de trabalho. O Sebrae atua na área por meio da Rede de Cultura e Economia Criativa, em cooperação com o Ministério da Cultura, articulando demandas regionais, promovendo capacitações e apoiando micro e pequenos empreendedores culturais. O objetivo é consolidar políticas públicas e fortalecer a governança cultural. “A atuação do Sebrae no MICBR 2025 busca construir legados na consolidação de políticas públicas, para o fortalecimento da governança cultural e para o reconhecimento do setor criativo como motor do desenvolvimento econômico e social do Brasil”, afirmou a analista de Políticas Públicas do Sebrae, Cyntia Bicalho Uchoa.
O MICBR conectará mais de 420 empreendedores a criadores, produtores e compradores nacionais e internacionais. Segundo Uchoa, o evento funcionará como vitrine para soluções da Rede de Cultura e ampliará oportunidades de negócios e internacionalização. A programação inclui rodadas de negócios, mentorias e oficinas voltadas ao fortalecimento dos territórios criativos. “A Rede de Cultura e Economia Criativa conecta territórios, empreendedores e políticas públicas, impulsionando o desenvolvimento socioeconômico do Brasil”, disse a analista.
Entre os participantes da rodada de negócios está o Fluxo Mandinga, ponto de cultura e laboratório criativo da região metropolitana de Porto Alegre. O fundador, Jackson Conceição, com mais de três décadas de atuação na Cultura Hip Hop e nas artes integradas, informou que a participação no MICBR busca ampliar redes e fortalecer a presença da empresa em circuitos internacionais. “Buscamos posicionar a empresa no ecossistema latino-americano de economia criativa e ampliar a presença em circuitos internacionais de festivais, feiras, exposições e redes colaborativas”, declarou. Ele também destacou o papel do Sebrae na profissionalização de iniciativas culturais. “O Sebrae tem sido essencial para profissionalizar a atuação no campo das artes, da cultura urbana e da moda periférica, ajudando a transformar iniciativas criativas em negócios sustentáveis.”
A expectativa do setor é de que o encontro nacional consolide estratégias de expansão, fortaleça ecossistemas regionais e gere novas conexões capazes de ampliar a participação da cultura na economia do país. As ações desenvolvidas ao longo do MICBR devem impactar micro e pequenos negócios, estimulando redes de colaboração e ampliando o acesso a mercados globais.
O Samba do Liguth realiza no dia 5 de dezembro, a partir das 19h, no Bar da Piscina da AABB, a última edição do ano com programação voltada ao Dia Nacional do Samba. O evento reúne artistas locais e recebe Matheus Pessanha, músico do Rio de Janeiro que se destaca na nova geração do gênero. Segundo informações publicadas pela Billboard Brasil, Pessanha atua como cantor, instrumentista e produtor musical, com experiência em rodas de samba da Zona Norte do Rio e trabalhos em festivais como Rock in Rio e Lollapalooza.
O encontro encerra o calendário de 2025 e foi anunciado por Anderson Liguth, idealizador do projeto. “O projeto Samba do Liguth tem alegria de anunciar a última edição de 2025, em alusão ao Dia Nacional do Samba. Além de convidados locais teremos a participação de um sambista da nova geração vindo diretamente do Rio de Janeiro, Matheus Pessanha, que é músico, produtor musical, cantor e multi-instrumentista”, afirmou.
Os ingressos do primeiro lote estão disponíveis por R$ 40, com vendas via WhatsApp pelos números (68) 99985-9838 e (68) 99944-6092.
O sambista acreano reforça que a música funciona como estrutura social que atravessa gerações, organiza vivências e cria ambientes de convivência. “O samba é um organismo vivo. Ele movimenta a economia, forma músicos, fortalece famílias e cria redes comunitárias. É uma ferramenta de transformação”, explica. A leitura nasce das experiências acumuladas ao longo da vida, desde as rodas da Mangabeira, que ele frequentava ainda na infância, até a participação nos movimentos culturais da cidade.
Liguth lembra que as rodas do bairro sempre funcionaram como ponto de encontro entre trabalhadores, jovens, esportistas, capoeiristas e moradores que se reuniam após as atividades de fim de semana. Nesse ambiente, a música se mistura à convivência e à criação de vínculos. “As rodas de samba do Acre sempre foram espaços de encontro. Foi ali que eu vi jovens, trabalhadores, artistas e moradores da comunidade construindo um ambiente de troca e aprendizado”, afirma.
A partir dessas experiências, o artista passou a compreender o samba como agente social. As rodas criam pertencimento, formam novos músicos e geram atividade econômica ao redor das apresentações. “Nas rodas de samba, novos músicos surgem. Jovens aprendem a tocar, cantoras ganham espaço, compositores aparecem. É um ciclo que se amplia e fortalece a cultura do estado”, conclui.
Nascido e criado no Grajaú, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Matheus Pessanha iniciou a trajetória musical ainda na juventude, influenciado por amigos que compraram os primeiros instrumentos de pagode. Escolheu o cavaquinho e passou a tocar nos bairros próximos de onde morava, como Jacaré, Abolição, Piedade e Pilares. Apesar de sonhar inicialmente em ser lutador, formou-se em Administração pela UFRJ e, após lesões no joelho, decidiu dedicar-se à música, ingressando depois na faculdade de Música Popular da UNIRIO.
Pessanha ganhou projeção ao mostrar nas redes sociais os bastidores do trabalho como diretor musical, especialmente a gravação das “vozes guia” que organizam a dinâmica de rodas de samba. Seus vídeos viralizaram em 2023 e ampliaram o alcance do artista, que passou a atuar com grupos e projetos de grande circulação no Rio de Janeiro. Por essa atuação, recebeu convites de artistas como Djonga, Lourena, Amanda Amado e Vanessa Moreno.
A presença de Pessanha também alcançou grandes eventos nacionais. Ele foi diretor musical do show de Lukinhas no Rock in Rio 2024, experiência que consolidou seu nome na cena musical contemporânea. No festival, integrou a banda responsável pela adaptação do repertório do artista, unindo elementos urbanos com a vivência do pagode de rua que marca sua carreira. Além disso, participou de apresentações com Lourena no Lollapalooza, reforçando o trânsito entre diferentes vertentes da música brasileira.