A Prefeitura de Cruzeiro do Sul publicou no DO (diário Oficial) a lista final com os projetos contemplados nos editais culturais da Paulo Gustavo 2023. Agora, os proponentes têm até o dia 6 de dezembro para encaminhar documentação complementar, para a formalização dos contratos. Com grande participação, os editais receberam 252 inscrições, resultando em um investimento total de R$ 743 mil.
Em entrevista exclusiva ao É Pop, o secretário de Cultura, Aldemir Maciel, falou sobre os próximos passos do processo e sua alegria pela expressiva participação dos fazedores culturais.
É Pop: Qual foi o montante total destinado aos investimentos nos projetos culturais?
Aldemir Maciel: Um valor final de 743 mil reais de investimentos. Foram 252 projetos inscritos no geral, 81 contemplados.
É Pop: Quantos editais foram lançados e em quais áreas da cultura?
Aldemir Maciel: Foram lançados 7 editais, porque teve um edital para parecerista e 6 editais, tanto no audiovisual, demais áreas da cultura, prêmio de patrimônio histórico, prêmio dos povos originários, videoclipes, curtas, metragens, capacitação, formação, cinema itinerante, enfim, houve uma grande variedade e nós tivemos projetos aprovados em todos os editais.
É Pop: Com a divulgação dos contemplados, quais os próximos passos?
Aldemir Maciel: Então a gente fica muito feliz com o resultado, a partir de agora a gente está aí, então, na fase de receber a documentação que vai até o dia 6 de dezembro. No dia 11 de dezembro vai ser o dia para assinatura dos contratos aqui na Secretária de Cultura.
É Pop: Após isso qual o prazo para execução dos projetos?
Aldemir Maciel: O prazo é até julho de 2024. Mas antes, o prefeito Zequinha já determinou que a gente faça realmente um grande evento, uma grande festa cultural como sempre a gente tem feito, e no dia 13, será uma grande festa de certificação desses projetos no Teatro dos Náuas.
É Pop: Como você avalia os 15 anos do sistema cultural do município de Cruzeiro do Sul?
Aldemir Maciel: O prefeito Zequinha desempenha um papel crucial em todo este processo. Foi a partir de 2015, durante sua gestão como secretário de cultura, que a regulamentação da lei do sistema foi estabelecida. Essa medida foi o ponto de partida para o desenvolvimento dessa história incrível e produtiva em nosso município, transformando Cruzeiro do Sul em um modelo de gestão cultural, não apenas para o Estado, mas também para o Brasil.
É Pop: Obrigado, secretário! O espaço esta sempre aberto.
Aldemir Maciel: Quero expressar meus sinceros agradecimentos e reconhecimento à dedicação e ao empenho dos servidores da Secretaria de Cultura, da Prefeitura e de todos os fazedores culturais envolvidos, sejam produtores, artistas ou aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para o sucesso dos editais. É gratificante testemunhar o comprometimento e a paixão de cada indivíduo envolvido nesse processo, cujo esforço conjunto foi essencial para tornar realidade essa conquista para nosso município. Juntos, demonstramos o poder da colaboração e do espírito cultural da nossa gente, proporcionando um legado duradouro para nossa comunidade, obrigado!
Atenção para os prazos. Assinatura oficial dos contratos está agendada para o dia 11 de dezembro na Secretaria de Cultura. A certificação dos projetos acontecerá no Teatro dos Náuas em 13 de dezembro.
A Cia. Garatuja de Artes Cênicas, com o projeto “Raízes Vivas: Mostra Cênicas”, financiado pelo Edital LPG Arte e Patrimônio 007/2023 da Fundação Elias Mansour (FEM), através da Lei Paulo Gustavo 195/2022, percorreu o Acre resgatando memórias e celebrando as raízes culturais indígenas e acreanas através de 2 espetáculos emocionantes. Após uma série de apresentações impactantes, o projeto se aproxima de seu encerramento, trazendo a dança e o teatro para o coração das comunidades. E como toda grande jornada, o projeto se prepara para fechar com chave de ouro em Sena Madureira, no dia 14 de outubro, com a apresentação do espetáculo “Correrias”.
Ao longo das últimas semanas, o público de diversas regiões pôde se emocionar e refletir sobre a importância da preservação de nossa história e identidade. O espetáculo “Rádio Seringal” levou sua narrativa cativante ao palco da Praça da Juventude, em Rio Branco, no dia 13 de setembro, e ao público da escola fundamental e ensino médio EJA Santo Izidoro, em Senador Guiomard, com uma apresentação especial no dia 17 de setembro. Em Placido de Castro, o público da escola João Ricardo de Freitas teve a oportunidade de assistir a uma emocionante apresentação no dia 24 de setembro. A peça, que explora acontecimentos históricos marcantes do Acre, tocou profundamente os espectadores, reforçando a conexão com nossa ancestralidade.
Por sua vez, a força e a intensidade de “Correrias” – que aborda o massacre indígena e seus impactos culturais – foram vivenciadas no Museu dos Povos Acreanos, em Rio Branco, no dia 5 de setembro, e em Porto Acre (Vila do Incra), na escola estadual Edmundo Pinto Almeida Neto, no dia 11 de setembro. Agora, encerrando a temporada, o espetáculo terá sua última apresentação no dia 14 de outubro, na escola Dom Júlio Mattioli, em Sena Madureira, consolidando o impacto artístico e social desse grande circuito cultural.
A reta final de um projeto que transforma comunidades
Após essa incrível jornada, o projeto “Raízes Vivas” se prepara para o seu grande final. A apresentação de “Correrias” em Sena Madureira, no dia 14 de outubro, marcará o encerramento de uma circulação que emocionou, ensinou e fortaleceu a relação das comunidades com sua própria história.
Acessibilidade e inclusão: cultura para todos
Um dos grandes destaques do projeto foi seu compromisso com a acessibilidade. Todas as apresentações contaram com intérprete de Libras, garantindo que as peças fossem acessíveis a um público diverso e inclusivo, atendendo a todos que buscam vivenciar a arte de forma plena. A Cia. Garatuja tem como objetivo transformar o teatro e a dança em ferramentas de comunicação abertas para todos.
Impacto além dos palcos
O projeto “Raízes Vivas” não se limitou a entreter; trouxe à tona a urgência de manter viva a memória cultural acreana, especialmente em tempos de mudanças rápidas. As apresentações serviram como um convite ao público para refletir sobre suas próprias origens e a importância de preservar as histórias dos povos indígenas e do povo acreano.
Com décadas de dedicação à cultura local, a Cia. Garatuja mais uma vez mostrou sua força e qualidade ao proporcionar espetáculos que não apenas emocionam, mas educam e conectam o público às suas raízes. A missão de descentralizar a arte e levar cultura às comunidades foi cumprida com sucesso, atingindo centenas de pessoas ao longo do circuito.
Fechando com chave de ouro!
Chegamos ao final desta linda jornada, e o encerramento em Sena Madureira será o momento de coroar esse grande ciclo de apresentações. A Cia. Garatuja encerra o projeto “Raízes Vivas” com a certeza de que o trabalho desenvolvido trouxe luz às histórias que jamais podem ser esquecidas, garantindo que a memória e a cultura acreana continuem a viver através da arte.
Não perca o grandioso desfecho do projeto “Raízes Vivas” em Sena Madureira, no dia 14 de outubro. O espetáculo “Correrias” promete uma experiência profunda e inesquecível, conectando o público à força da arte que transforma e mantém viva a história dos povos acreanos.
O Acre marcou presença na 51ª edição da Expo Abav, realizada em Brasília, com a apresentação de suas potencialidades turísticas focadas no ecoturismo, etnoturismo e turismo de base comunitária. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), é um dos principais do setor, reunindo representantes nacionais e internacionais do trade turístico.
A Secretaria de Turismo e Empreendedorismo (Sete) do Acre, com o apoio do Programa REM e do Sebrae, organizou um estande para promover o turismo acreano e suas experiências culturais e naturais. Agências e pequenos empreendedores locais participaram do evento, buscando ampliar suas redes de contatos e estabelecer novos negócios.
Victor Pontes, da Ayshawã Travel, que trabalha com etnoturismo e turismo de vivência, destacou a importância do evento para expandir o alcance de seus serviços. “Fizemos contato com agências da Itália, Portugal e Alemanha, tivemos um bom retorno e em breve teremos novidades com o fechamento de contratos”, afirmou.
Além dos negócios, o evento possibilitou a promoção de produtos locais, como o Café Raízes da Floresta, produzido na Reserva Extrativista Chico Mendes, e novas oportunidades para o fortalecimento da cadeia turística do estado.
A Expo Abav, realizada de 26 a 28 de setembro, foi considerada uma oportunidade estratégica para o desenvolvimento do turismo sustentável no Acre, atraindo operadores e agentes de diversos países.
O documentário “Povos do Juruá” mergulha na resistência dos povos indígenas da região do Rio Juruá, no Acre, que há décadas enfrentam a pressão para exploração de suas terras e na destruição de suas florestas. Francisco Piyãko, coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), é a voz central deste relato, expondo a luta histórica e os desafios contemporâneos vividos por essas comunidades.
A OPIRJ, fundada nos anos 1990, nasceu da urgência de garantir os direitos territoriais dos povos indígenas da região, a partir de movimentos organizados por lideranças indígenas históricas. Piyãko destaca a importância da organização como ferramenta de articulação e resistência: “Graças à nossa coragem, creio que a gente tem um lugar ainda, nem que seja do tamanho da nossa força, mas é um lugar seguro para a gente morar com as nossas crianças.” O documentário revela como a OPIRJ tem sido fundamental para unir as comunidades e fortalecer o diálogo com instituições, em um contexto de décadas de exploração e invisibilidade.
Um dos principais focos do filme é a ameaça crescente dos projetos de infraestrutura que avançam sobre os territórios indígenas sem qualquer consulta prévia, como as estradas de Nueva Itália-Puerto Breu e de Pucallpa, na fronteira com o Peru. “Estamos todos na faixa de fronteira, então é muito difícil ter uma proteção direta do Estado, e se a gente estiver articulado, a gente consegue ajudar o próprio Estado a proteger essas áreas,” afirma Piyãko, referindo-se ao papel crucial da articulação indígena na defesa de suas terras.
Esses projetos, financiados por madeireiras e grupos criminosos, trazem consigo a destruição ambiental, o tráfico de drogas e o desmatamento. Para Piyãko, a construção dessas estradas não serve aos interesses das comunidades locais: “Essa estrada não foi feita para atender nós, o povo da floresta. Isso é para atender interesses externos que até agora não estão claros para nós.”
A produção, dirigida por Arison Jardim e realizada pela Bari Comunicação, com apoio da OPIRJ, da Associação Apiwtxa e a Asociación ProPurús, foi financiada pela Lei Paulo Gustavo, através do Edital No 02 de Apoio às Produções Audiovisuais, da Prefeitura de Cruzeiro do Sul, Acre. Ela revela os desafios atuais dos povos do Juruá, que além de enfrentar a invasão de seus territórios, continuam a lutar pela preservação de sua cultura e modos de vida.
Para Francisco Piyãko, proteger a floresta não é apenas uma questão de território, mas de sobrevivência: “Proteger a floresta para nós é proteger a nossa própria vida.”