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MEIO AMBIENTE

Seca no Rio Tejo afeta comunidades ribeirinhas e indígenas

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O Rio Tejo, um dos afluentes do Juruá, enfrenta uma seca severa, com a lâmina d’água atingindo apenas 12 centímetros em Marechal Thaumaturgo. Em alguns trechos, a profundidade varia entre 10 e 20 centímetros, comprometendo a segurança alimentar e a mobilidade das populações locais, incluindo a Terra Indígena Kuntanawa e outras comunidades.

Haru Kuntanawa relata que a viagem de barco da Terra Indígena até Marechal Thaumaturgo, que antes durava de quatro a seis horas, agora leva um dia inteiro, e esse tempo pode dobrar se houver transporte de mercadorias. “Antes a gente levava quatro, no máximo seis horas, agora é um dia inteiro para chegar em Marechal Thaumaturgo. E se vier com cargas, com coisa carregada, é bem dois dias para trazer até a nossa comunidade”, disse Haru.

A escassez de água tem causado falta de peixes e dificultado a caça, além de prejudicar as plantações devido às queimadas. Haru destaca a necessidade de novas práticas para reverter a situação. “As plantações estão morrendo já, mesmo a gente regando. Os peixes já praticamente não há mais. A gente vai pescar e não pega nada porque o rio está todo verde de lodo, a água praticamente tá inútil, sem condição de utilizar. Tudo isso é em decorrência das queimadas e desmatamento. Não dá mais pra gente pensar na economia da Amazônia com as mesmas práticas do passado, a gente precisa pensar na economia com novas práticas”, afirmou.

Haru sugere a recuperação das nascentes e igarapés, além do plantio de árvores amazônicas como o buriti e o açaí, visando suprir a necessidade de alimentos e gerar renda para as famílias. Ele alerta para a necessidade de consciência e ação por parte dos poderes públicos para proteger a floresta e seus recursos.

Foto: Haru Kuntanawa

MEIO AMBIENTE

Na imprensa internacional, AP destaca recuperação territorial e sustentabilidade da comunidade Ashaninka no Acre

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A agência de notícias Associated Press (AP) publicou uma matéria sobre a comunidade Ashaninka no Acre, destacando o processo de restauração de seu território e os avanços realizados pela aldeia Apiwtxa. A reportagem descreve como os Ashaninka, após a demarcação de suas terras, conseguiram desenvolver um modelo de autossuficiência baseado no manejo sustentável da floresta e na produção de alimentos.

Segundo a AP, o modelo implementado pela aldeia Apiwtxa é agora parte de um projeto maior coordenado pela Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), que visa apoiar 12 territórios indígenas na Amazônia ocidental. O projeto, financiado pelo Fundo Amazônia, tem como foco a melhoria da gestão territorial, o fortalecimento cultural e a vigilância das florestas.

A matéria, de Fabiano Maisonnave e Jorge Saenz, também menciona os desafios enfrentados pela comunidade devido às mudanças climáticas, como secas severas que afetaram a produção local e a vida no Rio Amônia. Apesar disso, os Ashaninka estão buscando soluções de adaptação para lidar com os impactos ambientais e continuar promovendo a recuperação de suas terras.

A reportagem da AP destaca ainda a relação de cooperação que os Ashaninka desenvolveram com comunidades vizinhas, indígenas e não indígenas, como parte de uma estratégia para proteger a região e garantir a sustentabilidade dos recursos naturais.

Fonte: https://apnews.com/article/brazil-indigenous-amazon-reforestation-ashaninka-climate-8f1311d0f1febc1125511b3c1662aaea

Confira a matéria completa, traduzida pelo Epop:

A comunidade Ashaninka da Amazônia restaurou seu território. E agora?

Vila Apiwtxa, Brasil (AP) — Era pouco antes do amanhecer quando o povo Ashaninka, vestindo longas túnicas, começou a cantar canções tradicionais enquanto tocava tambores e outros instrumentos. A música ressoava pela vila de Apiwtxa, que havia recebido convidados de comunidades indígenas do Brasil e do Peru vizinho, alguns dos quais viajaram três dias. Quando o sol nasceu, eles se reuniram sob a sombra de uma enorme mangueira.

A dança, que duraria até a manhã seguinte, marcou o fim da celebração anual que reconhece o território Ashaninka ao longo do sinuoso Rio Amônia, no oeste da Amazônia. As festividades de vários dias, quase ininterruptas, incluíram o ritual de beber ayahuasca, o sagrado chá alucinógeno, torneios de arco e flecha, escalada de palmeiras de açaí e pintura facial com tintura vermelha.

Mudanças climáticas

O que antes era um encontro para comemorar o território dos Ashaninka evoluiu para uma vitrine do que eles realizaram: a autossuficiência da vila, que vem do cultivo de alimentos e da proteção de sua floresta, é agora um modelo para um projeto ambicioso que visa ajudar 12 territórios indígenas na Amazônia ocidental, totalizando 640 mil hectares (1,6 milhão de acres), uma área do tamanho do estado de Delaware, nos EUA.

Em novembro, a Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ) conseguiu 6,8 milhões de dólares de apoio do Fundo Amazônia, a maior iniciativa mundial para combater o desmatamento da floresta tropical. Com a Apiwtxa como modelo, a concessão é voltada para melhorar a gestão das terras indígenas, com ênfase na produção de alimentos, fortalecimento cultural e vigilância florestal.

“Estamos expandindo tudo o que fizemos em Apiwtxa para toda a região”, disse Francisco Piyãko, líder Ashaninka e da OPIRJ, em frente à sua casa em Apiwtxa. “Não se trata apenas de implementar um projeto. O que está em jogo é a mudança cultural. Isso é essencial para proteger a vida, o território e seus povos.”

História de reconstituição

A área onde a vila de Apiwtxa está localizada, na Amazônia brasileira, já foi uma grande fazenda de gado administrada por não-indígenas que desmataram a terra. O estabelecimento de limites de terras abriu as portas para a reflorestação e o renascimento cultural.

Trinta e dois anos atrás, quando o governo brasileiro reconheceu os direitos territoriais dos Ashaninka, a área onde fica Apiwtxa era uma grande fazenda de gado administrada por colonos não indígenas. Os madeireiros haviam degradado a floresta remanescente, esgotando a região de mogno e outras árvores valiosas. Famílias indígenas viviam espalhadas e com medo. Com poucas opções, alguns trabalhavam para fazendeiros e madeireiros em condições análogas à escravidão.

A demarcação das terras, que forçou os invasores a sair, abriu as portas para a reflorestação e o renascimento cultural. Os Ashaninka transferiram sua principal vila, Apiwtxa, para uma pastagem abandonada, em um local estratégico para vigilância. Nos anos seguintes, a liderança da vila, liderada pelo pai de Francisco Piyãko, Antônio, e seus irmãos, estabeleceu um sistema de governança focado no bem coletivo e na autossuficiência.

Sustentabilidade e autonomia

Em Apiwtxa hoje, cada uma das 80 famílias deve cuidar de uma área de floresta que inclui árvores frutíferas e plantas medicinais. Ao redor da vila, também há parcelas agrícolas com mandioca, batata, banana e outros alimentos. Ao longo dos anos, os Ashaninka replantaram árvores como mogno.

As grandes cabanas tradicionais de Apiwtxa são cercadas por tanques de peixes e terras que combinam plantações e florestas, fornecendo alimentos para a escola, algodão para roupas, a videira que dá a sagrada bebida Ayahuasca, árvores de urucum para extração de tintura, palmeiras para construir telhados de palha, plantas medicinais e árvores embaúba que fornecem cordas para arcos.

Os sistemas de manejo da terra sustentam várias dimensões da vida cotidiana dos Ashaninka, disse a antropóloga Carolina Comandulli. “Eles apoiam sua autonomia, algo que valorizam muito”, afirmou. “Eles buscam a soberania alimentar, visam controlar a construção de suas próprias casas, a cura médica e se engajar no processo econômico de relações de mercado, pelo qual o artesanato se torna uma fonte de renda.”

Expansão e parceria

Os Ashaninka criaram uma estratégia de desenvolvimento de relacionamentos com comunidades vizinhas, indígenas e não indígenas, para criar uma “zona de amortecimento”, além de alcançar instituições fora da região.

Wewito Piyãko, presidente da Associação Apiwtxa e irmão de Francisco, disse que a gestão bem-sucedida, incluindo impedir invasões de madeireiros ou mineradores, exigiu trabalhar tanto dentro de seu território quanto além.

“Por isso criamos essa política de trabalhar com as áreas vizinhas, para que entendam que o que estamos fazendo é para o nosso benefício e o deles também”, disse Piyãko.

Os Ashaninka começaram a expandir seus esforços além de seu território em 2007, fundando o Yorenka Ãtame, ou Centro de Conhecimento da Floresta, perto da cidade mais próxima, Marechal Thaumaturgo, a três horas de barco de Apiwtxa. Lá, os Ashaninka criaram um projeto que integra plantações e preservação florestal, uma pequena fábrica para processar frutas e um local para eventos com aliados não indígenas.

Desafios climáticos

Apesar do sucesso, as mudanças climáticas têm impactado a produção local, tornando-se mais um problema que os Ashaninka devem enfrentar. No ano passado, durante uma seca recorde na Amazônia, a água do Rio Amônia estava tão quente que, pela primeira vez, os Ashaninka pararam de tomar banho nele, e milhares de peixes morreram. Este ano, as comunidades amazônicas estão novamente sofrendo com a seca generalizada.

Francisco disse: “Os culpados por isso vivem longe de nós, mas se começarmos a apontar dedos, vamos desperdiçar muita energia e não resolveremos nada. Em vez disso, estamos focados na adaptação. Estamos identificando os melhores lugares para construir casas e cultivar, melhorando o acesso à água e gerenciando os riscos de incêndio.”

Exemplo de luta

Outro beneficiário do projeto da OPIRJ é o território Apolima-Arara, localizado em um trecho do Rio Amônia entre Apiwtxa e Marechal Thaumaturgo. Em abril de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a demarcação de suas terras, após uma luta de duas décadas por reconhecimento.

Os Apolima-Arara, que participaram das festividades dos Ashaninka junto com os Yawanawa, Huni Kuin e outras tribos, enfrentam alguns dos mesmos problemas que seus vizinhos enfrentaram décadas atrás. Parte de seu território foi desmatada por não indígenas, e eles estão trabalhando para melhorar sua produção agrícola. A vila principal, Nordestino, eliminou em grande parte os pastos ao redor, plantando árvores.

Até agora, o projeto OPIRJ forneceu equipamentos agrícolas e um barco para vigilância territorial. “Apiwtxa é um exemplo para nós. Nenhum povo indígena retomou seu território facilmente”, disse o líder Apolima-Arara, José Angelo Macedo Avelino. “Apiwtxa sofreu como nós, e agora seu território está recuperado. Planejamos fazer o mesmo.”

AP Photo/Jorge Saenz

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MEIO AMBIENTE

Rio Branco tem pior qualidade do ar entre as capitais brasileiras

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Rio Branco, capital do Acre, apresentou os piores índices de qualidade do ar no Brasil, de acordo com o IQAir, uma organização colaboradora da ONU e do Greenpeace. O nível de poluição do ar registrado nesta quinta-feira (12) atingiu 231.1 µg/m³ de partículas finas por metro cúbico, muito acima do limite aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 15 µg/m³.

A situação mais crítica foi verificada às 7h, quando a medição atingiu seu pico. Às 9h, os níveis reduziram para 84.2 µg/m³, ainda cinco vezes acima do limite considerado seguro. Esse quadro afeta não só a capital acreana, mas todo o estado do Acre, onde a poluição atmosférica está relacionada a altas concentrações de material particulado fino (PM2.5).

O IQAir recomenda que a população evite atividades ao ar livre, mantenha portas e janelas fechadas, utilize máscaras e, quando possível, recorra a purificadores de ar para minimizar os impactos na saúde.

Essa medição coloca Rio Branco à frente de outras capitais da região Norte em termos de poluição do ar, como Cuiabá (169 µg/m³), Porto Velho (142 µg/m³) e Manaus (65 µg/m³).

Foto: Sérgio Vale / Vale Comunicação

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MEIO AMBIENTE

Gabinete de Crise do Acre discute medidas emergenciais para enfrentar baixa qualidade do ar

Reunião reuniu governo, academia e órgãos ambientais para implementar ações coordenadas de combate à crise ambiental no estado

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O Gabinete de Crise do Estado do Acre se reuniu nesta terça-feira, 10 de setembro, para debater soluções diante da grave situação de baixa qualidade do ar que afeta a população. Representantes de secretarias estaduais, órgãos federais, pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) e instituições ambientais participaram do encontro, realizado na Casa Civil.

O coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista, destacou a importância de uma resposta integrada entre os níveis de governo e mencionou que ações já estão em andamento para mitigar os efeitos nocivos à saúde. Julie Messias, secretária do Meio Ambiente, ressaltou o papel essencial do Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Cigma), que vem coletando dados sobre a poluição do ar, orientando decisões para enfrentar o problema.

Foto: Carina Castelo Branco/Sema

“Sabemos que a crise enfrentada pelo Acre pode se prolongar, e estamos buscando alternativas para mitigar os impactos. Para isso, é essencial consolidar os dados de cada área de atuação e trabalhar em conjunto na análise e combate dos fatores que estão deteriorando a qualidade do ar. Temos um plano de ação emergencial que visa enfrentar a crise de forma integrada, aplicando metodologias eficazes para proteger a saúde da população e reduzir os danos ambientais”, explicou Messias.

A participação de pesquisadores da Ufac foi central na reunião. O ecólogo e cientista ambiental Foster Brown frisou a importância de unir academia e poder público para aumentar a resiliência social diante da crise. Já o médico Osvaldo Leal informou que o Comitê de Crise da Ufac foi reinstalado, reforçando a necessidade de ações de mitigação.

O governo do Acre continuará monitorando a qualidade do ar e adotando medidas para proteger a saúde da população, enquanto a crise persiste e novas ações são estudadas.

Foto: Sérgio Vale / Vale Comunicação

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