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MEIO AMBIENTE

Funai monitora povos em isolamento voluntário no Acre

Coordenação da Funai constata ocupações tradicionais e destaca importância da autodeterminação indígena

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A Coordenação de Frente de Proteção Etnoambiental Envira (CFPE-EVA), unidade descentralizada da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), realizou o monitoramento de aéreas de deslocamento e de ocupação tradicional de povos em isolamento voluntário (ou isolados) no Acre. No mês de julho, sobrevoaram-se o Parque Estadual Chandless e quatro terras indígenas (TIs): Jaminaua/Envira, Kampa e Isolados do Rio Envira, Kaxinawá do Rio Humaitá, e Riozinho do Alto Envira.

O objetivo da atividade foi obter informações atualizadas sobre a presença e a localização de povos isolados na região, o que possibilita uma melhor compreensão da dinâmica de ocupação territorial. Tais informações constituem-se subsídios para a proteção desses povos e de seu território, a fim de assegurar-lhes o exercício pleno de sua liberdade, cultura, práticas tradicionais e, principalmente, seu bem-estar.

De acordo com as observações da CFPE-EVA, não se constataram indícios de perturbações territoriais e ambientais capazes de afetar as condições de vida dos indígenas. Pode-se deduzir, portanto, que eles estão bem.

O coordenador da CFPE-EVA, Wagner Gallo, falou de suas impressões sobre o monitoramento: “Foi um momento especial sobrevoar as ocupações tradicionais dos povos isolados e constatar que as territorialidades estão acontecendo. Ou seja, eles continuam utilizando o espaço para realizar suas práticas socioculturais. Pode-se perceber a presença de malocas, roçados antigos e novos, locais de abertura para outros roçados. Enfim, há várias maneiras de perceber que o povo está bem sem a necessidade de contatá-los”.

As lideranças indígenas Manoel Sabóia, da TI Kaxinawá do Rio Humaitá, e Mila Machineri, da TI Mamoadate, auxiliaram nos trabalhos. Sua participação é de grande importância por possuírem uma relação intrínseca com seu território e conhecê-lo profundamente.

“O sobrevoo foi feito na minha comunidade, na minha terra, onde eu nasci, cresci e me desenvolvi. Agora eu posso confirmar e falar para o meu povo: os povos isolados existem, não é história, é uma coisa do presente”, expressou Manoel Sabóia, agradecendo a oportunidade de contribuir.

Mila Machineri também agradeceu a oportunidade de realizar o monitoramento de seus “parentes”, termo empregado por povos indígenas de diferentes etnias para se referirem uns aos outros. “No primeiro dia, a gente não conseguiu ver os tapiris [espécie de abrigo], os roçados. Mas no segundo dia a gente notou muita coisa. Eles existem mesmo”, relatou referindo-se aos grupos em isolamento voluntário.

A atividade contou também com a participação do fotógrafo Alberto Nunes, que prestou apoio operacional e fez os registros fotográficos.

Povos em Isolamento Voluntário

Os povos em isolamento voluntário são grupos de indígenas com ausência de relações permanentes com as sociedades nacionais (sociedade envolvente) ou com pouca frequência de interação, seja com não indígenas ou com outros povos indígenas. Trata-se de um ato de vontade de isolamento que se relaciona com a experiência de um estado de autossuficiência social e econômica, quando a situação os leva a suprir de forma autônoma suas necessidades sociais, materiais ou simbólicas, evitando relações sociais que poderiam desencadear tensões ou conflitos interétnicos.

Esse ato de vontade dos indígenas é amparado pelo princípio da Autodeterminação dos Povos, que reconhece aos povos o direito de determinar livremente sua condição política e buscar livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural. Tal princípio está presente na Constituição Federal de 1988 (art. 4º, III) e em tratados internacionais dos quais o Brasil é parte, como a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Declaração Americana sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

Os registros de povos indígenas isolados são divididos em três categorias principais: Informação, Referência em Estudo e Referência Confirmada.

Informação: Todo e qualquer relato ou notícia prestada à Funai sobre a possível existência de índio ou grupo indígena isolado numa determinada região do território nacional é analisada. Essas informações são dados preliminares, mas já compõem o banco de dados oficial, cabendo à Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGiirc) e às CFPEs a responsabilidade de qualificar esses relatos ou notícias.

Referência em Estudo: Conjunto de dados ou acervo informacional que aponta para a presença de indígenas isolados em determinada região e tempo. O acervo pode ser constituído por documentos administrativos, informações bibliográficas e cartográficas, relatos (documentados), entre outros. Somente o trabalho realizado em campo por uma equipe técnica da Funai poderá comprovar ou refutar a existência de índio ou grupo indígena isolado em determinada região.

Referência Confirmada: Referência de povos ou fragmentos de povos indígenas isolados cuja ocupação em determinado território foi confirmada. É considerada confirmada quando o trabalho de campo de equipe especializada da Funai (CGiirc e CFPEs) comprova a existência de índio ou grupo indígena isolado e de sua localização geográfica.

Assessoria de Comunicação/Funai com informações da CFPE-EVA

MEIO AMBIENTE

“Levei as vozes de quem vive e luta pela Amazônia”, diz Angela Mendes em festival na França

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A defensora Angela Mendes, filha do líder seringueiro Chico Mendes, participou no dia 12 de junho do Festival Dialogues en Mouvement, realizado em Paris, na França. O evento é promovido pela associação Autres Brésils e reúne artistas, cineastas, escritores e ativistas comprometidos com pautas sociais e ambientais do Brasil.

Representando o Comitê Chico Mendes, Angela destacou que sua participação teve como principal objetivo dar visibilidade às populações que vivem e defendem a floresta. “Levei as vozes de quem vive e luta pela Amazônia, de quem está na linha de frente da resistência”, afirmou.

Durante o evento, Angela participou do painel “As Vozes da Amazônia”, que discutiu os desafios e os caminhos da resistência dos povos da floresta. Ela também esteve na abertura da exposição “Povos da Floresta”, que reúne fotografias e relatos produzidos por dois profissionais franceses após uma imersão em comunidades da Amazônia acreana, incluindo Xapuri e o Seringal Cachoeira.

A defensora destacou ainda a importância da presença das mulheres indígenas no audiovisual. “A presença das mulheres cineastas indígenas foi a parte mais bela. Elas estão cada vez mais organizadas. Já formaram uma rede de cineastas indígenas com 90 mulheres identificadas, e isso tem um potencial incrível”, relatou.

Angela também chamou atenção para o papel da cultura brasileira como instrumento de resistência. “A cultura brasileira é muito rica, e o que mais se destaca, em qualquer lugar, é como ela dá um verdadeiro show: promove debates intensos, porque fala diretamente da nossa realidade”, disse.

O Comitê Chico Mendes foi criado em 1988, após o assassinato do líder seringueiro, e desde então atua na preservação de seu legado e na defesa dos territórios e dos povos da floresta. Em 2021, a organização passou a atuar formalmente, desenvolvendo projetos voltados para a promoção do bem-estar social, ambiental, cultural e econômico das comunidades tradicionais.

Com informações do Comitê Chico Mendes — https://www.comitechicomendes.org/

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MEIO AMBIENTE

Vozes da floresta abrem o Seminário Internacional Txai Amazônia com lições de vida

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O Seminário Internacional Txai Amazônia começa na próxima quarta-feira, 25, em Rio Branco, no Acre, com um painel que coloca os povos indígenas no centro do debate sobre sociobiodiversidade e sociobioeconomia. A programação acontece no espaço eAmazônia, da Universidade Federal do Acre (Ufac), das 8h às 19h, e é gratuita.

O painel de abertura tem como tema “O olhar indígena para a construção dos conceitos de sociobiodiversidade e sociobioeconomia”, reunindo lideranças e especialistas indígenas para discutir como os conhecimentos tradicionais são fundamentais para a construção de modelos econômicos baseados no respeito à floresta e aos territórios.

Com mediação de Francisca Arara, Secretária de Estado dos Povos Indígenas do Acre, participam do debate Francisco Apurinã, mestre em Desenvolvimento Sustentável e doutor em Antropologia Social pela UnB; Mapu Huni Kuin, presidente do centro cultural Huwã Karu Yuxibu; e Francisco Piyãko, liderança do povo Ashaninka e coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (Opirj).

Os painelistas vão apresentar as visões e experiências dos povos indígenas sobre os conceitos de sociobiodiversidade e sociobioeconomia, destacando como a relação com a floresta, a proteção dos territórios e a valorização dos conhecimentos ancestrais são elementos centrais para qualquer proposta de desenvolvimento na Amazônia.

“Acredito que este painel inaugura o seminário não apenas com um tema, mas com um princípio orientador: ele se propõe como o eixo filosófico e ético de todo o Txai Amazônia, um marco transversal que inspira, nutre e fundamenta todos os demais debates, reafirmando que a verdadeira bioeconomia nasce da escuta, da ancestralidade e da harmonia com a floresta”, afirma Alexandre Nunes, coordenador de Programação do evento.

O debate também vai abordar os desafios enfrentados pelos povos indígenas no contexto da bioeconomia, os impactos das cadeias produtivas em seus territórios e a importância de garantir direitos, autonomia e proteção cultural.

O Seminário Internacional Txai Amazônia ocorre até o dia 27 de junho, reunindo lideranças indígenas, pesquisadores, organizações da sociedade civil e instituições públicas para discutir caminhos para uma bioeconomia que valorize a sociobiodiversidade e os modos de vida da Amazônia.

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Coletivo que organiza a comercialização do pirarucu no Amazonas apresenta case de sucesso no Seminário Internacional Txai Amazônia

Organização atua há seis anos promovendo o manejo sustentável e garante o debate sobre uma bioeconomia local

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Nascida no Amazonas, a marca coletiva Gosto da Amazônia, coordenada pela Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), será um dos mais de 20 cases de sucesso apresentados no Seminário Internacional Txai Amazônia, realizado de 25 a 28 de junho, no espaço eAmazônia da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco.

Com seis anos de atuação, a marca reúne diversas organizações da Amazônia envolvidas na cadeia de manejo sustentável do pirarucu. Criada para comercializar o peixe amazônico de forma coletiva e responsável, a iniciativa demonstra que é possível aliar geração de renda e valorização dos saberes tradicionais.

“É um privilégio fazer parte de uma organização de base e mostrar que temos resultados. Apesar dos desafios comerciais, gerenciais, logísticos e estruturais, conseguimos superar uma realidade bastante difícil e mostrar que temos atuado com resultados concretos. Buscamos parcerias para isso”, afirma Ana Alice Oliveira de Britto, coordenadora de comercialização da ASPROC.

A participação da marca no Txai Amazônia reforça a conexão entre o trabalho de base comunitária e os valores do evento, que busca promover soluções sustentáveis construídas a partir dos territórios e com protagonismo dos povos amazônicos. 

Durante o seminário, a coordenação da marca vai apresentar as conquistas e os aprendizados da trajetória, reforçando a importância de políticas públicas e investimentos para fortalecer experiências de bioeconomia nos territórios.

“Temos resultados que demonstram que é possível fazer bioeconomia com impactos diretos na vida do homem e da mulher da floresta”, destaca Britto.

A Gosto da Amazônia integra o Coletivo do Pirarucu, iniciativa que articula manejadores e manejadoras de pirarucu em unidades de conservação, terras indígenas e áreas com acordos de pesca, além de organizações de assessoria técnica e órgãos públicos. 

“O nosso objetivo é unir diversas iniciativas de manejo sustentável, fortalecendo essa cadeia de valor e contribuindo para a conservação da biodiversidade”, conclui a coordenadora.

A apresentação da Gosto da Amazônia acontece no terceiro dia de seminário, na sexta-feira, 27, a partir das 16h. Para assistir o debate, os interessados devem se inscrever na plataforma do sympla, com link disponível no txaiamazonia.com.br, onde também é possível conferir toda a programação.

Sobre o TXAI Amazônia

O seminário reunirá líderes dos nove estados da Amazônia Legal, além de Bolívia e Peru, para promover a bioeconomia e a valorização da sociobiodiversidade como base para o desenvolvimento econômico da região.

Durante quatro dias, o TXAI Amazônia abordará sete temas em 15 painéis, apresentando 20 casos de sucesso da bioeconomia regional e uma Mostra Artística que integrará povos tradicionais, comunidade acadêmica e autoridades.

O seminário é organizado pelo Instituto SAPIEN, uma instituição científica, tecnológica e de inovação dedicada à pesquisa e gestão para o desenvolvimento regional, em parceria com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), o Governo do Estado do Acre, suas secretarias e 25 instituições locais.

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