Desde a reativação do Fundo Amazônia, em 2023, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mobilizou R$ 3,4 bilhões para financiar ações de conservação, recuperação e manejo de florestas no país . O volume representa o maior nível de investimentos já aplicado pelo banco nesse tipo de iniciativa e ocorre no contexto da estratégia brasileira de enfrentamento à mudança do clima e cumprimento das metas assumidas no Acordo de Paris. Segundo o banco, os recursos já garantiram o plantio de 70 milhões de árvores e geraram 23,5 mil empregos na economia florestal.
A retomada do Fundo Amazônia reorganizou o fluxo de financiamento para projetos de restauração e combate ao desmatamento, interrompido por quatro anos. O BNDES passou a apostar na bioeconomia como vetor de desenvolvimento e renda, conectando a agenda ambiental ao crescimento econômico. Para a diretora socioambiental do banco, Tereza Campello, a agenda florestal integra investimentos e atração de novos parceiros do setor privado. Em suas palavras, a atuação busca “criar confiança no país e atrair novos atores e investimentos”.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima afirma que o financiamento climático é decisivo para que o Brasil reduza entre 59% e 67% das emissões de gases causadores de efeito estufa até 2035, em comparação ao ano de 2005, meta prevista na Contribuição Nacionalmente Determinada. O secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco, afirma que o país só conseguirá atingir esse compromisso se avançar em duas frentes simultâneas: redução do desmatamento e ampliação de ações de restauração florestal.
Uma das linhas de atuação é o financiamento. Neste mês, o banco aprovou R$ 250 milhões para um projeto de restauração ecológica que prevê recuperar 24.304 hectares em áreas de proteção e reserva legal nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia. O projeto vai contribuir para regularizar mais de mil imóveis rurais em seis estados.
Outro mecanismo é o modelo de concessões florestais. O BNDES coordena 38 projetos, dos quais 24 já em execução . Nessas concessões, investidores assumem a recuperação de áreas e são remunerados pela venda de créditos de carbono. O diretor Nelson Barbosa explica que o objetivo é atrair investidores privados e ampliar a escala da restauração. Segundo ele, o modelo “tem potencial de proporcionar a escala necessária para a recuperação da Bacia Amazônica”. Um dos exemplos é a Floresta Nacional do Bom Futuro, que deve restaurar 12 mil hectares e proteger outros 78 mil hectares ao longo de 40 anos, com expectativa de receita de R$ 886 milhões.
O banco também opera com recursos não reembolsáveis, destinados mediante contrapartida. Em outubro, lançou nova chamada do programa Floresta Viva, que vai financiar projetos de restauração em 61 terras indígenas nos estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, com investimento previsto de R$ 10 milhões . As ações incluem apoio a sistemas agroflorestais e prevenção de incêndios.
Para dar transparência aos projetos, o banco lançou o site BNDES Florestas, que reúne informações sobre crédito, editais, concessões e programas de inovação com foco na restauração e na economia florestal.
As ações reforçam a estratégia de posicionar o país como referência em recuperação ambiental e bioeconomia e indicam que o Fundo Amazônia voltou a ser um instrumento de financiamento para metas climáticas e geração de renda baseada na floresta.