O desmatamento em Unidades de Conservação (UCs) no Brasil caiu 42,5% em 2024, segundo o Relatório Anual do Desmatamento (RAD), produzido pela rede MapBiomas e lançado em 15 de maio de 2025. A queda ocorre após anos de altas consecutivas e reflete o segundo ano seguido de retração da supressão de vegetação nativa no país.
Foram desmatados 57.930 hectares dentro das UCs brasileiras no ano passado. Desse total, 4.577 hectares estavam em UCs de proteção integral — uma redução de 57,9% em relação a 2023. As UCs de uso sustentável somaram a maior parte da área desmatada, com 53.353 hectares, o que representa uma queda de 28%.
A APA Triunfo do Xingu, no Pará, foi a UC com maior área desmatada em 2024 (6.413 hectares), seguida pela APA Serra da Ibiapaba (6.145 ha) e pela APA da Chapada do Araripe (5.965 ha).
Em Terras Indígenas, o desmatamento também caiu: foram 15.938 hectares perdidos, o que equivale a 1,3% do total desmatado no país em 2024 e representa uma redução de 24% em relação a 2023. Dois terços das Terras Indígenas brasileiras não apresentaram nenhum registro de desmatamento. A TI Porquinhos dos Canela-Apãnjekra, no Maranhão, liderou o ranking de áreas desmatadas entre as TIs, com 6.208 hectares.
A queda do desmatamento foi observada em todos os biomas brasileiros, com exceção da Mata Atlântica, que manteve o mesmo patamar de 2023. O total de área desmatada no país foi de 1.242.079 hectares — redução de 32,4% em relação ao ano anterior. O Cerrado permaneceu como o bioma mais afetado, com 652.197 hectares desmatados, seguido pela Amazônia (377.708 ha), Caatinga (174.511 ha), Pantanal (23.295 ha), Mata Atlântica (13.472 ha) e Pampa (896 ha).
Apesar da tendência de queda na maioria dos estados da Amazônia Legal, o Acre foi exceção. Em 2024, o estado registrou um aumento de 30% na área desmatada, indo na contramão da média regional. Ainda assim, a região da Amacro — que inclui partes do Acre, Amazonas e Rondônia — apresentou queda de 13% no desmatamento, com 89.826 hectares registrados em 5.753 alertas.
Segundo o MapBiomas, mais de 97% da vegetação nativa suprimida no país nos últimos seis anos foram motivadas por pressões da agropecuária. Na Amazônia, 99% da área desmatada por garimpo desde 2019 estão concentradas nesse bioma.