A Câmara Municipal de Rio Branco iniciou, na manhã de 1º de dezembro, o processo de análise da Lei Orçamentária Anual de 2026 durante audiência pública conduzida pelo vereador Márcio Mustafá, presidente da Comissão de Orçamento, Finanças e Tributação. O encontro, realizado no plenário da Casa, buscou discutir o Projeto de Lei Complementar nº 33/2025, que estima receitas e fixa despesas do Município para o próximo ano, reunindo parlamentares, gestores da Prefeitura, representantes de instituições e membros da sociedade civil.
A abertura do debate foi marcada pela fala de Mustafá, que destacou a função estratégica da LOA no planejamento municipal. “Aqui não tratamos apenas de números, mas de prioridades. Discutimos qual cidade queremos construir”, afirmou. Ele também reforçou o papel do Legislativo no processo e ressaltou que o orçamento precisa alcançar as comunidades e serviços essenciais.
O secretário municipal de Planejamento, Wilson Leite, apresentou os parâmetros técnicos da proposta e afirmou que o processo foi conduzido com transparência. “A gente traz e compartilha com toda a população os números de Rio Branco e como chegamos a esses valores”, disse. Ele reconheceu ainda o esforço das equipes técnicas envolvidas na elaboração da proposta. Na exposição subsequente, a diretora de Orçamento Municipal, Renata Costa, explicou a evolução das receitas e despesas, incluindo reduções aplicadas em estimativas anteriores. Segundo ela, a operação de crédito prevista para 2025, de R$ 175 milhões, foi reavaliada para R$ 67 milhões em 2026, e a receita patrimonial ficou abaixo do estimado no período anterior, exigindo ajustes.
O debate também recebeu contribuições da sociedade civil. Representando o Movimento Junino, Paulo Leopoldo Lima defendeu a inclusão do segmento no orçamento, lembrando o impacto econômico do setor e os custos envolvidos na manutenção das quadrilhas. “É um trabalho que movimenta costureiras, aderecistas, coreógrafos e empreendimentos comunitários”, afirmou.
Entre os parlamentares, surgiram preocupações relacionadas à participação popular, cultura, esporte e serviços essenciais. O vereador Fábio Araújo questionou o alcance da consulta pública, que não atingiu 1% da população, e apontou valores reduzidos nos fundos municipais. Zé Lopes relatou demandas por água, pavimentação e limpeza pública nas comunidades. Samir Bestene alertou para impactos da redução orçamentária sobre agricultura familiar, assistência social e investimentos. André Kamai destacou a baixa confiança da população no processo participativo e mencionou que o orçamento destinado à cultura se aproxima do valor gasto com decoração natalina no Município. Já Felipe Tchê chamou atenção para a queda nos investimentos, que passam de R$ 529 milhões em 2025 para R$ 375 milhões em 2026.
Em resposta aos questionamentos, o secretário Wilson Leite explicou limites legais e financeiros enfrentados pela gestão municipal. Ele citou a inadimplência na taxa de limpeza pública, que arrecadou R$ 9 milhões dos R$ 20 milhões lançados, e lembrou que 80% do orçamento está comprometido com despesas obrigatórias, como saúde, educação e folha de pagamento.
As discussões seguirão nas comissões permanentes e posteriormente em plenário até a votação final da LOA 2026.