Neste mês de setembro, a Assembleia Legislativa de Aleac (Aleac), chama a atenção da população acreana para as campanhas do Setembro Amarelo e Setembro Verde. Com ações voltadas para a conscientização sobre saúde mental e a importância da doação de órgãos, a Casa Legislativa busca sensibilizar a sociedade em geral sobre temas cruciais para o bem-estar e solidariedade da sociedade.
As referidas campanhas foram instituídas para alertar a população sobre dois assuntos importantes relacionados à saúde pública. O Setembro Verde marca o mês da doação de órgãos e sobre a prevenção ao câncer de intestino. Já o Setembro Amarelo refere-se à campanha digital que alerta sobre a depressão e a prevenção ao suicídio.
A intenção segundo o presidente do parlamento acreano, deputado Luiz Gonzaga (PSDB), é conscientizar a população sobre a importância das campanhas e promover um diálogo aberto e construtivo sobre saúde mental e solidariedade através da doação de órgãos, contribuindo para uma sociedade mais saudável e consciente.
“A Aleac reconhece a urgência de abordar essa questão da saúde mental de forma aberta e responsável. Assim como o Setembro Verde que foca na conscientização sobre a doação de órgãos. Realizamos ações importantes durante a campanha do Agosto Lilás e faremos o mesmo neste mês de setembro. Estamos comprometidos em utilizar nossa plataforma para trazer à tona questões relevantes e que impactam diretamente a vida de nossos cidadãos”, disse.
As ações da Assembleia Legislativa de Aleac durante o mês de setembro refletem a responsabilidade do órgão em abordar questões sensíveis e cruciais para a sociedade. O engajamento nas campanhas do Setembro Amarelo e Setembro Verde demonstra o compromisso de Aleac em promover a saúde mental e a solidariedade, construindo uma comunidade mais informada e empática.
Campanha Setembro Verde
Mesmo com o aumento gradativo de doação de órgãos no Brasil nos últimos anos, os índices ainda estão abaixo do esperado se comparado com outros países, como a Espanha por exemplo.
Segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Brasil registrou um crescimento de 24% entre 2012 e 2016. No entanto, a expectativa e trabalho da entidade são para que haja um crescimento continuado, em torno de 10% ao ano.
Em 2016, foram realizados 22.489 transplantes no Brasil, e esse número pode aumentar a partir do momento em que mais pessoas compreenderem esse processo simples, mas muitas vezes desconhecido por aqueles que querem ser doadores.
Essa é a intenção da campanha.
Setembro Amarelo
Outra mobilização que também merece atenção não só neste mês, mas continuamente, diz respeito à depressão e suicídio, visto que mais de 90% dos casos estão relacionados a transtornos mentais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Na América Latina, o Brasil é campeão quando se fala em depressão. Segundo dados do Ministério da Saúde, 6% da população (mais de 11 milhões de pessoas) sofrem com a doença. De acordo com a OMS, até 2020 a depressão será a doença mais incapacitante em todo o mundo.
Se por um lado as discussões relacionadas ao suicídio vêm ganhando mais espaço na sociedade e no âmbito da ficção, ainda é preciso avançar no entendimento dos aspectos médicos diretamente relacionados a esse problema.
Texto: Mircléia Magalhães/Agência Aleac Arte: Bruno Saucedo
Durante a 8ª edição do Festival do Feijão, realizada neste domingo (29), o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) e o prefeito Valdélio Furtado inauguraram a nova praça de esportes de Marechal Thaumaturgo. A obra, orçada em R$ 1,9 milhão, foi viabilizada por meio de emenda parlamentar destinada pelo senador.
Moderno e multifuncional, o espaço foi projetado para atender a diferentes faixas etárias e para promover o bem-estar da população. A estrutura inclui quadra de tênis, concha acústica, área para atividades físicas, playground, quiosque e espaço verde, reunindo esporte, cultura e lazer em um só local.
A inauguração marca um avanço na infraestrutura urbana do município ao valorizar os espaços públicos e fomentar a convivência social. A iniciativa reforça o compromisso das autoridades com o desenvolvimento local e a melhoria da qualidade de vida dos moradores.
“Tenho muito orgulho do meu trabalho municipalista. Meu compromisso é com as pessoas, com cada município do nosso estado. Esta praça é mais do que uma obra: é um espaço de encontro, de lazer e de dignidade para o povo de Marechal Thaumaturgo”, afirmou.
O prefeito, Valdélio Furtado, também destacou a importância da obra: “Essa praça representa um sonho antigo da nossa população. É gratificante ver um espaço tão bonito e completo sendo entregue ao nosso povo. Agradeço ao senador Petecão pelo apoio e parceria em mais essa conquista.”
Durante o Seminário Internacional TXAI Amazônia, realizado em Rio Branco entre os dias 25 e 28 de junho, a gestora ambiental Magaly Medeiros compartilhou sua visão sobre os caminhos da bioeconomia e o papel estratégico do Acre nas políticas públicas para a floresta em pé. Com longa trajetória no setor ambiental do Estado, Magaly atuou diretamente na construção e implementação do Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais (SISA) e do programa REM Acre, hoje referência replicada em outros estados como o Mato Grosso.
Atualmente à frente da Aripua Consultoria Socioambiental, empresa que atua com projetos ligados à sociobiodiversidade, Magaly participou do seminário como convidada e avaliou os debates com foco na valorização dos saberes tradicionais. “A principal mensagem que levo do TXAI é que a bioeconomia precisa ter um olhar atento para os saberes e a ciência dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. A floresta em pé não se sustenta sem políticas públicas consistentes”, afirmou.
Para Magaly, o seminário reforçou o protagonismo cultural e político dos povos da floresta. “Mostrou o valor da floresta em pé e evidenciou o protagonismo dos povos do Acre nesse processo”, destacou. Segundo ela, eventos como o TXAI são fundamentais para fomentar o pensamento crítico, especialmente ao criar espaços de escuta e troca entre diferentes visões e experiências: “O seminário propicia um espaço de diálogo para discutir e debater diferentes pontos de vista.”
Ao avaliar a relação entre conservação ambiental e dimensões sociais e culturais, Magaly apontou que o seminário abordou a biodiversidade de forma transversal, com maior ênfase no desenvolvimento da bioeconomia ancorado na ciência e na tecnologia, mas sem deixar de lado os conhecimentos dos jovens e dos povos tradicionais.
Magaly também prestigiou – Apresentação do Projeto Mamgap do povo Zoró apoiado pelo REM MT – Sala Casos de Sucesso / Foto: Cedida
Na entrevista, ela também ressaltou o papel do Estado na formulação de políticas sustentáveis. “O papel do Estado é essencial na construção de soluções sustentáveis. A experiência do REM Acre, por exemplo, foi fundamental para que o Mato Grosso pudesse replicar essa política com o REM MT. Hoje, essa iniciativa está avançando em projetos voltados à autonomia dos povos indígenas e ao fortalecimento das cadeias de valor”, explicou.
O TXAI Amazônia reuniu lideranças indígenas, gestores públicos, pesquisadores e representantes do setor privado para discutir caminhos viáveis para a bioeconomia na Amazônia Legal. Com foco nos saberes tradicionais, inovação e valorização dos territórios, o evento se consolida como espaço estratégico para pensar políticas de desenvolvimento regional baseadas na sociobiodiversidade.
No terceiro dia do Seminário Internacional Txai Amazônia, realizado no espaço e_Amazônia da Universidade Federal do Acre, o painel Uso da terra com sabedoria como base para a gestão territorial de terras protegidas e mitigação às mudanças climáticas propôs um diálogo profundo entre ciência, ancestralidade e política pública. Sob mediação do pesquisador Eufran Amaral (Embrapa), a roda de conversa reuniu o coordenador da Funai Jefferson Fernandes, o antropólogo indígena Daniel Iberê, o professor Valdinar Melo (UFRR) e a ambientalista Julie Messias, para responder a uma questão central: como o uso do território pode ser motor de transformação diante da emergência climática?
Jefferson Fernandes: política indigenista e instrumentos de gestão
Abrindo o painel, Jefferson Fernandes apresentou a estrutura e os desafios enfrentados pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), autarquia vinculada ao Ministério dos Povos Indígenas. Ele explicou que a Funai atua em cinco frentes principais: proteção e promoção dos direitos indígenas, administração do patrimônio indígena, produção de estudos e pesquisas, monitoramento de políticas públicas diferenciadas e fomento ao etnodesenvolvimento. Com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, disse Jefferson, os povos originários passaram a ter protagonismo na formulação das políticas que os afetam.
Um dos pontos centrais da fala foi a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), criada por decreto em 2012 e ainda em luta para ser transformada em lei. A política, segundo ele, é estratégica para assegurar a conservação, a sustentabilidade e o planejamento dos territórios indígenas — não como instrumentos burocráticos, mas como “planos de vida” construídos pelas próprias comunidades, respeitando seus tempos e saberes. Fernandes destacou que, apesar do aumento de recursos em decorrência da ADPF 709 (medida do STF durante a pandemia), o orçamento da Funai segue insuficiente para as múltiplas demandas da Amazônia. “Não há gestão de território sem demarcação. Sem terra garantida, não há política pública eficaz”, alertou.
Daniel Iberê: o mundo que insiste em replantar o mundo
A fala mais simbólica e comovente veio de Daniel Iberê, indígena Mbyá Guarani e antropólogo, que costurou imagens poéticas com críticas contundentes à exclusão dos povos indígenas dos processos de decisão. “Desde que a bota colonial pisou pela primeira vez o nosso solo, começou o nosso desviver”, afirmou. Para Iberê, não é possível falar de sabedoria no uso da terra sem compreender que os territórios são vivos, repletos de espiritualidade, história e afetos. Ele criticou a forma como licenças ambientais ignoram a presença dos espíritos dos lugares e ressaltou que os povos indígenas não são convidados a deliberar sobre as políticas que lhes dizem respeito.
Ao questionar a lógica da monocultura, da mineração e da mercantilização da natureza, Iberê alertou que a febre da Terra, nomeada como “emergência climática” pelo mundo não indígena, já ameaça o futuro de todos. “A pata do boi segue avançando sobre o nosso território. Semeiam desertos em monocultivos e dizem que há paz — uma paz triste de cemitérios.” Em tom de denúncia e esperança, afirmou que os povos originários seguem replantando a diversidade, mesmo diante da violência. “Não somos um galho da ciência europeia. Somos árvores inteiras, somos floresta.”
Valdinar Melo: o solo como fundamento da vida
Na sequência, o professor Valdinar Melo trouxe a perspectiva técnico-científica sobre o solo amazônico e sua diversidade. “Sem solo, não há vida. É do solo que vem a nossa carne, a nossa energia, o nosso pensamento”, disse. Com ampla experiência em pedologia e manejo, Melo alertou para a necessidade urgente de zonamentos mais detalhados, regionais e locais, que considerem os diferentes tipos de solo e clima existentes na Amazônia. “Não se pode planejar o uso da terra sem conhecer profundamente a paisagem.”
Ele defendeu a instalação de estações meteorológicas em comunidades tradicionais para fortalecer o monitoramento climático e a autonomia territorial. Também chamou atenção para o uso de resíduos orgânicos e minerais locais como alternativa à dependência de insumos importados, como o fosfato. Relatou experiências com compostagem de resíduos do açaí, madeira e piscicultura em Roraima, com o objetivo de produzir biofertilizantes adaptados às realidades locais. Em tom crítico, disse que “a chave do passado que nos trouxe até aqui quebrou” e que é preciso pensar em práticas conservacionistas, não como regra geral, mas adaptadas a cada território.
Julie Messias: pontes entre ancestralidade, mercado e políticas públicas
Fechando o painel, Julie Messias, diretora da Aliança Brasil de Soluções Baseadas na Natureza, defendeu a valorização dos chamados “territórios vivos” — espaços onde biodiversidade, modos de vida e saber tradicional formam um ecossistema dinâmico e interdependente. Para ela, os conhecimentos ancestrais já são tecnologias e precisam ser reconhecidos como tal. “Não podemos falar de inovação sem olhar para as práticas que já existem nas comunidades. A bioeconomia começa ali”, afirmou.
Julie trouxe números que ilustram o papel das terras indígenas na proteção da floresta: segundo o MapBiomas, essas áreas têm índice de desmatamento 20 vezes menor do que as propriedades privadas. Ela também destacou os entraves para o financiamento climático, especialmente a dificuldade das comunidades amazônicas em acessar os recursos internacionais. “Mais de 80% das associações estão inadimplentes. Como acessar editais com essa realidade?”, questionou. Por fim, apontou que o mercado de carbono e as políticas públicas precisam ser moldados com base em integridade, justiça climática e inclusão, sob risco de reproduzirem as desigualdades que dizem combater.
Um caminho que passa pelos territórios
O painel reafirmou que a resposta à crise climática não será encontrada apenas nos grandes fóruns internacionais, mas na escuta e no reconhecimento das vozes da floresta. Os caminhos apresentados pelos participantes não são homogêneos, mas convergem na necessidade de respeitar a diversidade biocultural, investir em governança territorial, e equilibrar tecnologia com ancestralidade. A Amazônia, disseram, não precisa ser reinventada — ela precisa ser respeitada. E isso só será possível se os que vivem nela forem os verdadeiros protagonistas de seu futuro.