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Cultura

Cinema ambiental ganha espaço e reforça debate sobre crise climática na América do Sul

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A Mostra Ambiental do Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito (Cinesur), realizada no Mato Grosso do Sul, reforçou a visibilidade do cinema voltado às questões ambientais e indígenas. Realizado durante a semana do Dia Mundial da Conservação da Natureza, o evento reuniu 47 produções de vários países da América do Sul que abordam temas como desastres naturais, impactos socioambientais, mudanças climáticas e os saberes dos povos originários.

Entre os destaques está o documentário Kopenawa: Sonhar a Terra-Floresta, dos diretores Tainá de Luccas e Marco Altberg, que traz depoimentos do xamã Davi Kopenawa Yanomami sobre o território indígena, os impactos da exploração e a importância da floresta para o futuro da humanidade. O filme integra uma trilogia produzida por Altberg, que também dirigiu obras sobre Ailton Krenak e Cacique Raoni.

A curadora da Mostra Ambiental, Elis Regina Nogueira, destacou que os filmes exibidos refletem a urgência de questões ambientais atuais, como enchentes no Sul do Brasil e a seca no Pantanal. Segundo ela, o cinema tem contribuído tanto para denunciar os problemas como para apontar caminhos de resistência. “Os filmes mostram destruição, mas também exemplos de resiliência e soluções inspiradas em formas de vida indígenas”, afirmou.

A produção Rua do Pescador Nº 6, dirigida por Bárbara Paz, também integrou a mostra. O documentário retrata a realidade da Ilha da Pintada, em Porto Alegre, e os impactos das enchentes históricas na vida da comunidade. A cineasta considera que os registros audiovisuais sobre desastres ambientais devem se multiplicar, diante da intensificação das mudanças climáticas.

O professor Marcelo Ikeda, da Universidade Federal do Ceará, defende que o cinema ambiental contribui para ampliar o debate sobre cidadania e modos de vida. Para ele, mais do que preservar recursos naturais, as obras propõem uma nova forma de relação entre seres humanos, natureza e tempo. “O cinema pode estimular uma visão mais integrada e crítica sobre a crise ambiental”, argumentou.

A edição 2025 do Cinesur recebeu filmes de diversos formatos e países, com temáticas recorrentes sobre mineração, contaminação pelo agronegócio, escassez de água e exploração de petróleo. A curadoria apontou que esses assuntos refletem a situação enfrentada por muitos territórios da América do Sul.

Com o crescimento do número de festivais dedicados ao meio ambiente, o Cinesur tem se consolidado como espaço para difusão de produções audiovisuais comprometidas com a denúncia e a reflexão sobre os desafios climáticos contemporâneos.

Foto: © Diego Cardoso/Fotografando Bonito
Com informações da Agência Brasil

Cultura

Literatura indígena ganha espaço na Flip e amplia alcance de vozes amazônicas

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A 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) destacou a presença de autoras indígenas e da Amazônia, com participação ativa na programação paralela promovida pelo Sesc Santa Rita. A iniciativa reforçou o papel da literatura como ferramenta de expressão, memória e resistência de povos originários.

Entre os destaques esteve a escritora e professora Sony Ferseck, do povo Macuxi, que fundou a primeira editora independente de Roraima voltada à publicação de autores indígenas. Criada em 2019, a Wei Editora tem como foco obras bilíngues e narrativas oriundas da tradição oral. Ferseck compartilhou experiências com o projeto Panton Pia’, voltado à escuta de anciãos indígenas. A partir desses relatos, a editora viabilizou publicações que permitiram a esses narradores se reconhecerem como autores.

Durante a mesa “Pluralidades editoriais e a criação literária”, a autora destacou os desafios enfrentados no estado, como a limitação de gráficas e a dificuldade de acesso ao mercado editorial. Ela também ressaltou a importância da impressão sob demanda para viabilizar pequenas tiragens e permitir que os livros circulem de forma sustentável. Segundo Ferseck, esse modelo tem sido fundamental para fazer com que histórias antes restritas ao ambiente comunitário cheguem a outros públicos.

A programação também contou com a participação da poeta acreana Francis Mary, reconhecida por seu engajamento com temas ambientais e sociais. Inspirada por lideranças como Chico Mendes, sua obra traz uma perspectiva crítica sobre a preservação da floresta e a defesa de direitos coletivos.

Outra atração foi a artista visual Paty Wolff, que abordou o papel das ilustrações como forma autônoma de narrativa. Nascida em Rondônia e residente em Mato Grosso, a artista participou do evento “Narrativas visuais para todas as idades”, voltado à discussão sobre as múltiplas linguagens da literatura.

Encerrando a programação, a multiartista Aliã Wamiri Guajajara, com origens nos povos Guajajara e Timbira, apresentou reflexões sobre o cruzamento entre expressões artesanais e tecnologia digital. Com atuação nas áreas de artes visuais, performance e curadoria, a artista defendeu o protagonismo indígena como elemento transformador da cena cultural brasileira.

A presença dessas autoras reafirma a relevância de iniciativas que valorizam narrativas locais e fortalecem a diversidade na produção literária nacional. A participação indígena na Flip aponta caminhos para uma literatura mais inclusiva e conectada às múltiplas realidades do país.

Com informações da Agência Brasil

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Cultura

Filme “Ainda estou aqui” lidera premiação do Grande Otelo 2025

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O filme “Ainda estou aqui”, dirigido por Walter Salles, foi o principal destaque da 24ª edição do Prêmio Grande Otelo, considerada a maior premiação do audiovisual brasileiro. A cerimônia, realizada na noite de 30 de julho, na Cidade das Artes Bibi Ferreira, no Rio de Janeiro, reuniu profissionais do setor e celebrou produções nacionais em diversas categorias.

O longa recebeu os troféus de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator (Selton Mello), Melhor Atriz (Fernanda Torres), Melhor Roteiro Adaptado e outras dez categorias técnicas. A obra é inspirada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e retrata episódios da história política recente do Brasil, centrando-se na trajetória de Eunice Paiva e Rubens Paiva.

Em um dos momentos de destaque da noite, Fernanda Torres compartilhou sua experiência ao interpretar Eunice Paiva, figura central na narrativa. A atriz comentou sobre o impacto pessoal do papel e a identificação com o contexto vivido por sua personagem. Selton Mello, premiado por sua atuação como Rubens Paiva, também destacou o significado político e emocional da produção.

O diretor Walter Salles, ao receber o prêmio de Melhor Direção, dedicou a conquista ao crítico e pensador de cinema José Carlos Avellar, falecido em 2016. Salles também ressaltou a parceria com o músico Warren Ellis, responsável pela trilha sonora do filme, que venceu na categoria de Melhor Trilha Sonora.

Além de “Ainda estou aqui”, outros trabalhos também foram reconhecidos na premiação. O documentário “3 Obás de Xangô” e a animação “Arca de Noé”, ambos dirigidos por Sérgio Machado, receberam prêmios em suas respectivas categorias. O longa infantil “Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”, de Fernando Fraiha, foi agraciado como Melhor Filme Infantil.

Entre as séries, foram premiadas “Senna” como Melhor Série de Ficção e “Falas Negras” como Melhor Série Documental. No segmento de curtas, os vencedores foram “Helena de Guaratiba” (ficção), “Você” (documentário) e “A Menina e o Pote” (animação). O Voto Popular consagrou o documentário “Milton Bituca Nascimento”, dirigido por Flavia Moraes.

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Cultura

Professor do Acre é finalista do Prêmio Jabuti Acadêmico com obra sobre reservas extrativistas

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O professor Anselmo Gonçalves da Silva, do Instituto Federal do Acre (Ifac), campus Xapuri, foi selecionado como finalista do Prêmio Jabuti Acadêmico 2025 na categoria Geografia e Geociências. Ele concorre com o livro Que é Reserva Extrativista? Uma homolo-crítica conceitual, resultado de sua tese de doutorado na Universidade de Coimbra.

A publicação analisa o conceito original das reservas extrativistas criado pelo movimento seringueiro na década de 1980 e como esse modelo foi incorporado às políticas públicas ao longo das décadas. A pesquisa também aborda a realidade atual das reservas no Acre, estado que abriga algumas das primeiras áreas desse tipo no país, como as Reservas Chico Mendes, Alto Juruá, Cazumbá-Iracema, Riozinho da Liberdade e Alto Tarauacá.

Durante o trabalho de campo, Gonçalves entrevistou moradores de diversas reservas extrativistas, reunindo relatos sobre os desafios enfrentados atualmente. Entre os temas levantados estão as restrições ambientais, conflitos com órgãos de gestão e dificuldades econômicas. Segundo o autor, a proposta não é questionar a validade do modelo, mas estimular o debate sobre o resgate de sua concepção original, com foco nas demandas dos povos da floresta.

Natural de Magé (RJ), o professor se mudou para o Acre em 2006, após ser aprovado em concurso público. Atuou como gestor de políticas públicas e, posteriormente, como analista ambiental no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), onde acompanhou comunidades da Reserva Extrativista Chico Mendes. Essa vivência contribuiu para a construção da crítica presente na obra, que reflete sobre os rumos da institucionalização das reservas no Brasil.

A premiação é organizada pela Câmara Brasileira do Livro em parceria com a SBPC e a Academia Brasileira de Ciências, e tem como objetivo reconhecer produções científicas e técnicas de relevância nacional. A cerimônia será realizada em 5 de agosto, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.

Ao comentar a indicação, Gonçalves afirmou que o reconhecimento nacional da obra representa uma valorização da produção científica feita a partir da realidade amazônica. “É uma conquista coletiva. A pesquisa foi feita no Ifac, nas reservas, com base nas experiências do território”, declarou.

Com informações do G1 Acre

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