Recentemente, muito tem se falado sobre a aliança entre PL, PP e União Brasil em torno do nome de Tião Bocalom para as eleições de 2026. “A fotografia que saiu da reunião dessa aliança” mostra uma união sólida, com cada partido deixando na mesa seus interesses: PP e PL teriam candidatos ao Senado, enquanto o União Brasil o desejo é para governo. Essa união, claro, é um reflexo da “humildade” da direita em tentar construir uma frente única, evitando disputas internas que poderiam enfraquecer a coalizão.
Estamos em 2024 e, antes de 2026, as eleições municipais deste ano certamente mudará completamente essa “fotografia” política: as eleições municipais. Se Tião Bocalom for reeleito prefeito de Rio Branco, ele será um nome forte tanto para o Senado quanto para o governo em 2026. Por outro lado, se a oposição vencer, Marcus Alexandre (MDB) poderá emergir como um ponto de equilíbrio que não pode ser ignorado.
No entanto, essa aparente harmonia levanta questões importantes. A vice-governadora Mailza Assis, que deverá assumir o governo para que Gladson Cameli possa tentar retornar ao Senado, parece ser um ponto de interrogação nesta equação. Mailza não é uma figura política a ser subestimada; ela conquistou seu espaço no Senado e no governo com determinação e uma clara visão de onde quer chegar. Seria natural, então, que ela fosse considerada uma candidata forte ao governo.
“Ser candidata ao governo é o que me cabe”.
Vale lembrar que Mailza Assis foi uma das principais articuladoras para a eleição e candidatura de Bocalom pelo PP; como se diz na política, ela “bancou” sua candidatura. Foi boa senadora estando presente em todos os municípios e ainda desfruta dos resultados de suas ações e emendas até hoje. Mailza tem demonstrado habilidades de liderança e perspicácia política, construindo alianças e compartilhando o protagonismo. É difícil imaginar que ela se contentaria em ficar de fora da corrida ao governo em 2026. Nesta semana, em entrevista concedida ao jornalista Luciano Tavares, Mailza declarou: “Ser candidata ao governo é o que me cabe”. Seu histórico e seu perfil indicam que ela tem muito a oferecer, e a exclusão de seu nome pode representar um risco para a coesão da aliança.
O cenário político no Acre em 2026 é desafiador. Com todos os três atuais senadores com seus mandatos a prova, há uma possibilidade concreta de mudança de 2/3 do Senado, até 100% além da renovação dos oito deputados federais. Esse contexto exige uma estratégia bem articulada e inclusiva.
A “fotografia do momento” sugere uma união, mas também uma potencial fragilidade se Mailza Assis for deixada de lado. O Acre, com sua rica história de protagonismo político, deve refletir se abrir mão dessa liderança é realmente a melhor estratégia. A política é dinâmica, e as alianças de hoje podem ser questionadas amanhã.
Em 2026, a “humildade” e a união da direita serão testadas não apenas pela capacidade de manter a coesão interna, mas também pela habilidade de incluir e valorizar todas as suas “lideranças”.
A suposta “união” da nova direita no Acre para 2026 deverá enfrentar rachaduras evidentes com a exclusão potencial de Mailza Assis, ressaltando a fragilidade e as contradições dessa aliança, que parece mais interessada em preservar seus privilégios do que verdadeiramente representar a diversidade e as necessidades do estado.
Foto: Sérgio Vale / Vale Comunicação