Teve início nesta sexta-feira (3) o II Festival da Macaxeira e Agronegócio de Rio Branco, realizado no Horto Florestal. O evento, promovido pela Prefeitura de Rio Branco em parceria com a Acisa, segue até domingo (5) com ampla programação cultural, gastronômica e de valorização da agricultura familiar.
A abertura contou com o concurso Rainha da Produção, que premiou Ana Gabrielly Nunes como vencedora, e marcou também o lançamento do Festival de Música Gospel, atraindo grande público.
Segundo o prefeito Tião Bocalom, o festival reforça a integração entre campo e cidade. “É um espaço para valorizar o produtor rural e celebrar a cultura acreana”, afirmou.
A programação segue até domingo, com shows regionais, feira gastronômica, oficinas técnicas, exposição de produtos agrícolas e o tradicional concurso da maior macaxeira. No encerramento, haverá o sorteio de uma motocicleta entre os visitantes.
Com entrada gratuita, o Festival da Macaxeira consolida-se como um dos principais eventos culturais e de incentivo à produção rural em Rio Branco.
A Mostra Cultural Digital Memórias Musicais da Amazônia estreia no canal do Baquemirim no YouTube com uma série de vídeos que registra trajetórias, repertórios e práticas de mestres da música do Acre. A produção reúne depoimentos, apresentações e relatos sobre processos criativos e contextos socioculturais ligados às tradições musicais do estado.
O episódio inaugural apresenta Osmar do Cavaquinho, 87 anos, músico cuja obra circula entre cumbia, choro, samba, forró e xote. Com mais de cinco décadas de atuação, ele é autor de composições presentes no repertório popular acreano, como Beijo Ardente e Muchatita, e tem o cavaquinho como instrumento central de sua produção.
O segundo episódio registra a trajetória de Zenaide Parteira, cantora e compositora, filha de seringueiros e descendente Kampa (povo Ashaninka). Com mais de 700 composições e o álbum Mulher Vagalume (2021), Zenaide ampliou seu alcance nacional em 2025 ao gravar É No Balanço Dela com Geraldo Azevedo, colaboração que aproximou referências tradicionais e circuitos contemporâneos.
No terceiro episódio, o foco é Nilton Bararu, músico formado em ambiente familiar de instrumentistas e no curso de música do SESC nos anos 1980. Integrante do grupo Som da Madeira, Nilton mantém um repertório que inclui marchinhas, baião e valsas amazônicas.
O quarto vídeo acompanha José Pinheiro de Freitas, conhecido como Mestre Zé Bolo, do povo Nawa. Sua produção aborda histórias dos seringais, experiências de luta por terra e registros de memórias dos povos originários.
O quinto e último episódio apresenta Francisco “Saraiva” Soares, de Xapuri, cuja trajetória reúne a prática familiar do cavaquinho, a vivência nos seringais e o retorno à atividade musical em Rio Branco a partir da década de 1980.
A Mostra integra o Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura e do Governo Federal, em ação conjunta com a Prefeitura de Rio Branco, Fundação Garibaldi Brasil, Instituto Nova Era e Baquemirim, com produção da Aruê!. O projeto também realizou o Encontro de Saberes Tradicionais — Práticas Musicais na Amazônia Acreana, em 28 de outubro de 2025, no auditório da EMAC, com mediação da antropóloga Sarah Almeida (IPHAN-AC). No evento ocorreu o lançamento do livro Escolas de Baques — Estudos de Música Amazônica, de Alexandre Anselmo.
A escritora Beatriz Barroso Cameli lança nesta segunda-feira, 24, em Brasileia, a biografia Orleir Cameli – Um homem à frente de seu tempo, obra produzida com apoio da Fundação Elias Mansour (FEM) e dedicada à trajetória do ex-governador do Acre e liderança histórica do Vale do Juruá. O lançamento ocorre no Centro Cultural Sebastião Joaquim Dantas Barroso e integra uma programação que passará por quatro municípios do estado.
A agenda inclui ainda uma noite de autógrafos em Rio Branco no dia 26, às 19h30, no Centro Cultural do Tribunal de Justiça do Estado do Acre. Segundo o documento, Beatriz Cameli apresenta a obra como resultado de uma pesquisa sobre a vida do ex-governador, articulando memória familiar, história regional e o processo de ocupação do Acre. A biografia aborda períodos como o Ciclo da Borracha, o avanço dos regatões, o papel dos sírio-libaneses na formação econômica da Amazônia e as origens da família Cameli nos altos rios do Juruá.
O livro dedica espaço também à contribuição de famílias nordestinas na formação social do estado, destacando a presença dos Messias e as alianças familiares que marcaram a história de Cruzeiro do Sul. A narrativa acompanha o percurso de Orleir e de seus irmãos desde o nascimento no seringal, passando pelo trabalho junto aos pais Marmud e Marieta, até a formação do grupo empresarial da família. Beatriz relata que o ex-governador “tinha compromisso com seu povo e sua terra”, descrevendo ainda o encontro do casal no Peru, a união e a mudança para o Acre.
A obra aborda a entrada de Orleir Cameli na política, sua eleição para a Prefeitura de Cruzeiro do Sul e, mais tarde, para o governo do Acre, mencionando os desafios enfrentados ao longo da gestão. O documento destaca que o livro reconstrói esse período sem revanchismo, ressaltando a relação do ex-governador com a população e com sua base política. Após a saída da vida pública, o texto registra sua atuação como empresário e sua dedicação a ações filantrópicas. Também descreve o impacto de sua morte, as homenagens e a memória preservada por familiares e moradores do Acre.
Além dos lançamentos em Brasileia e Rio Branco, a programação inclui eventos em Sena Madureira, no dia 28 de novembro, no auditório Professora Francisca Souza da Silva, e em Tarauacá, no dia 29, no Teatro Municipal José Potyguara.
O grupo Moças do Samba apresenta na quarta-feira, 19, às 19h30, o espetáculo Grandes Mestres na Usina de Arte João Donato, em Rio Branco, com entrada gratuita e retirada de ingressos a partir das 18h30. A apresentação ocorre na véspera do Dia da Consciência Negra e destaca por que o coletivo escolheu reverenciar nomes que estruturaram o samba e influenciaram gerações.
O espetáculo homenageia Pixinguinha, Noel Rosa, Adoniram Barbosa, Lupicínio Rodrigues, Cartola e Arlindo Cruz, reunindo interpretações que retomam composições marcadas por diferentes momentos da música brasileira. O grupo, formado por Carol Di Deus, Narjara Saab e Sandra Buh, criou a proposta após discussões internas sobre a presença feminina no samba e o papel das artistas na manutenção desse repertório. Segundo Narjara Saab, produtora cultural e uma das criadoras da montagem, a motivação surgiu do desejo de aproximar o público do legado desses compositores e evidenciar como essas obras dialogam com o presente. “Celebrar esses mestres, especialmente na véspera da Consciência Negra, é reconhecer que nossa voz hoje dialoga com suas trajetórias”, afirmou.
A apresentação reforça a importância da data ao destacar a contribuição negra para a formação cultural do país. O grupo afirma que o espetáculo convida o público a reconhecer a continuidade histórica que atravessa o samba e a relação entre memória, identidade e produção musical. “Estamos muito felizes em estrear um novo trabalho e em uma data tão emblemática”, disse Narjara Saab, ao ressaltar o sentido simbólico da estreia.
O evento marca também a abertura de uma nova fase do Moças do Samba, que busca ampliar o diálogo com o público por meio de espetáculos cênicos-musicais que combinam performance, narrativa e repertório clássico. A expectativa das integrantes é que a montagem gere novas conexões com diferentes públicos e fortaleça ações culturais voltadas ao reconhecimento do samba como patrimônio brasileiro.