A 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) destacou a presença de autoras indígenas e da Amazônia, com participação ativa na programação paralela promovida pelo Sesc Santa Rita. A iniciativa reforçou o papel da literatura como ferramenta de expressão, memória e resistência de povos originários.
Entre os destaques esteve a escritora e professora Sony Ferseck, do povo Macuxi, que fundou a primeira editora independente de Roraima voltada à publicação de autores indígenas. Criada em 2019, a Wei Editora tem como foco obras bilíngues e narrativas oriundas da tradição oral. Ferseck compartilhou experiências com o projeto Panton Pia’, voltado à escuta de anciãos indígenas. A partir desses relatos, a editora viabilizou publicações que permitiram a esses narradores se reconhecerem como autores.
Durante a mesa “Pluralidades editoriais e a criação literária”, a autora destacou os desafios enfrentados no estado, como a limitação de gráficas e a dificuldade de acesso ao mercado editorial. Ela também ressaltou a importância da impressão sob demanda para viabilizar pequenas tiragens e permitir que os livros circulem de forma sustentável. Segundo Ferseck, esse modelo tem sido fundamental para fazer com que histórias antes restritas ao ambiente comunitário cheguem a outros públicos.
A programação também contou com a participação da poeta acreana Francis Mary, reconhecida por seu engajamento com temas ambientais e sociais. Inspirada por lideranças como Chico Mendes, sua obra traz uma perspectiva crítica sobre a preservação da floresta e a defesa de direitos coletivos.
Outra atração foi a artista visual Paty Wolff, que abordou o papel das ilustrações como forma autônoma de narrativa. Nascida em Rondônia e residente em Mato Grosso, a artista participou do evento “Narrativas visuais para todas as idades”, voltado à discussão sobre as múltiplas linguagens da literatura.
Encerrando a programação, a multiartista Aliã Wamiri Guajajara, com origens nos povos Guajajara e Timbira, apresentou reflexões sobre o cruzamento entre expressões artesanais e tecnologia digital. Com atuação nas áreas de artes visuais, performance e curadoria, a artista defendeu o protagonismo indígena como elemento transformador da cena cultural brasileira.
A presença dessas autoras reafirma a relevância de iniciativas que valorizam narrativas locais e fortalecem a diversidade na produção literária nacional. A participação indígena na Flip aponta caminhos para uma literatura mais inclusiva e conectada às múltiplas realidades do país.
A Academia Latina da Gravação anunciou nesta quarta-feira (17) os indicados à 26ª edição do Grammy Latino, cuja cerimônia será realizada em 13 de novembro na MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas. O Brasil se destacou com nomes consagrados e novas vozes, refletindo a diversidade da produção musical do país.
Liniker recebeu sete indicações, incluindo as principais categorias da premiação: Gravação do Ano, com a música Ao Teu Lado, Álbum do Ano, com Caju, e Canção do Ano, com Veludo Marrom. Também concorrem artistas como Juliane Gamboa e Sued Nunes, presentes na lista de Melhor Artista Revelação, e Milton Nascimento em parceria com a norte-americana Esperanza Spalding na categoria Melhor Canção em Língua Portuguesa.
Entre os indicados, figuram ainda Marina Sena, com duas nomeações em Canção em Língua Portuguesa e Álbum Pop Contemporâneo, e Djonga, em Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa e Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa. A lista também inclui Maria Beraldo, BaianaSystem, Yamandu Costa, Hamilton de Holanda, Alcione, Mart’nália, Zeca Pagodinho, Ana Castela, Chitãozinho & Xororó, Luedji Luna, Rubel, Dora Morelenbaum e Rachel Reis.
O Grammy Latino, criado em 2000, contempla 60 categorias neste ano, incluindo três novas: Mídias Visuais, Melhor Música para Mídias Visuais e Melhor Canção de Raízes. Além das categorias gerais, a premiação mantém segmentos dedicados à música em língua portuguesa, como Melhor Álbum de Samba/Pagode, Melhor Álbum de MPB e Melhor Álbum de Música Regional ou de Raízes Brasileiras. Desde sua criação, tornou-se um espaço importante de reconhecimento da pluralidade musical brasileira, que volta a se destacar em diferentes gêneros na edição de 2025.
O projeto Diálogos Percussivos, liderado pelo percussionista e pesquisador João Gabriel Brito, encerra a circulação pelo Acre com um show gratuito no dia 26 de setembro de 2025, às 19h, na Usina de Arte João Donato, em Rio Branco, como etapa final das ações realizadas com apoio do Programa Rouanet Norte (Ministério da Cultura) e patrocínio da Caixa.
Após passar por nove municípios — Sena Madureira, Manoel Urbano, Tarauacá, Xapuri, Epitaciolândia, Brasiléia, Assis Brasil, Porto Acre e Senador Guiomard —, a apresentação de encerramento reunirá, no palco da Usina de Arte João Donato (Rua das Acácias, 1155, Distrito Industrial), João Gabriel Brito e os músicos Arthur Miúda, Denilson Carneiro, Nilton Castro e Paulinho Nobre. O repertório inclui homenagens a Hermeto Pascoal, João Donato, Luiz Gonzaga e Waldir Azevedo, compositores centrais na formação de ritmos brasileiros e referência para a proposta do projeto.
De caráter formativo e de circulação, Diálogos Percussivos combina show instrumental e atividades pedagógicas. Em Rio Branco, está previsto para 30 de setembro o workshop Vivências Percussivas com alunos da Escola de Música do Acre (EMAC), ministrado por João Gabriel Brito, com foco em percussão popular aplicada a ritmos brasileiros. “A iniciativa buscou promover a escuta, a valorização e a compreensão da percussão na música brasileira, oferecendo oportunidades de aprendizado prático e de intercâmbio entre músicos, estudantes e comunidades”, afirma o proponente.
Todas as ações do projeto são gratuitas e priorizam espaços públicos. A etapa de Rio Branco contará com recursos de acessibilidade, incluindo acessibilidade arquitetônica e atitudinal, interpretação em Libras, programas em Braille e audiodescrição do ambiente. O show de encerramento será transmitido ao vivo no canal de YouTube do proponente, e o registro em fotos e vídeos das etapas anteriores está sendo disponibilizado on-line para ampliar o alcance do conteúdo. A produção é da Percussão Acre, em parceria com AcreAtiva Produções e Eita Pau Produções, com realização do Ministério da Cultura; os créditos informam a Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e o patrocínio da Caixa.
A circulação pelo interior do estado e o encerramento em Rio Branco indicam desdobramentos para a rede local de formação musical, com intercâmbio entre artistas e estudantes e uso dos materiais registrados em atividades pedagógicas. A combinação de apresentação pública, oficina e transmissão on-line tende a ampliar o acesso a repertórios e instrumentos de percussão, conectando escolas, grupos e iniciativas culturais do Acre.
‘Eu Capitu’ encerra temporada no Acre com oficinas gratuitas e sessão especial para estudantes
A passagem da peça pelo Acre não foi apenas cultural, foi um grito de alerta e um abraço de solidariedade na luta contra a violência de gênero em todo o país.
Após emocionar e provocar profundas reflexões nas noites de sábado e domingo, 13 e 14, o aclamado espetáculo “Eu Capitu” se despede do público acreano nesta segunda-feira, 15 de setembro, com um ato final de arte e esperança. A passagem da peça pela capital acreana foi marcada por plateias lotadas e a recepção calorosa que demonstrou o quanto Rio Branco se abriu para a urgência da mensagem.
Com uma sensibilidade que se desdobra entre o lúdico e o real, “Eu Capitu” não se contenta em apenas recontar Machado de Assis. Ele se apropria de sua obra para dar voz a uma mulher que a sociedade tentou silenciar, e a tantas outras que continuam a sofrer.
Ao unir o universo literário à crueza da violência de gênero, o espetáculo convida a plateia a desvendar as entrelinhas e a se posicionar diante de um problema que nos cerca. A passagem da peça pelo Acre não foi apenas cultural, foi um grito de alerta e um abraço de solidariedade na luta contra a violência de gênero em todo o país.
Atividades formativas
Em vez de uma simples despedida, o grupo optou por um gesto de semeadura. A programação desta segunda-feira, 15, é dedicada à formação de novos olhares e à democratização do acesso à cultura.
Das 9 às 13h, o palco é dedicado aos bastidores, com duas oficinas especiais realizadas na Universidade Federal do Acre (UFAC), para um público que se inscreveu previamente.
A Oficina Petrobras Eu Outra, é ministrada por Miwa Yanagizawa, que propõe a busca da construção de fricções entre narrativas pessoais e ficcionais a partir de objetos afetivos escolhidos pelas participantes. Miwa Yanagizawa é atriz, diretora de teatro, fundadora do AREAS Coletivo, assina a direção do espetáculo Eu Capitu. Entre seus trabalhos, estão “Nastácia”, de Pedro Brício, obra a partir do romance “O Idiota”, de Fiódor Dostoiévski, que recebeu o Prêmio Shell e Prêmio APTR de melhor direção do ano de 2019, “Plano sobre queda”, dramaturgia realizada em colaboração do coletivo com Emanuel Aragão e “Breu”, de Pedro Brício, que recebeu Prêmio Questão de Crítica de Melhor Direção e Iluminação e Prêmio APTR de Melhor Cenografia e entre outros.
A segunda atividade formativa é para quem busca aprender sobre produção executiva e planejamento de projetos culturais: a Oficina Petrobras da Ideia ao Projeto. Conduzida pelo produtor e gestor cultural, Felipe Valle, a oficina aborda os passos essenciais para a criação e elaboração de um projeto, desde a concepção até a execução.
Já à tarde, o ciclo se fecha com uma sessão exclusiva do espetáculo, um presente para o futuro. Às 15h, a Usina de Arte João Donato será preenchida pela presença de estudantes da rede pública e de projetos sociais, jovens que terão a oportunidade de mergulhar na história de Ana e Capitu. A escolha de encerrar a temporada com essa sessão especial não é por acaso, é um convite para que as novas gerações reescrevam a própria história, livres das amarras da violência e do silêncio.
“Eu Capitu” foi aprovado na Seleção Petrobras Cultural e conta com recursos através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura. A peça já foi apresentada em Brasília, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte e São Luís, com lotação máxima, e depois de Rio Branco segue para Porto Velho, Salvador, Fortaleza e Manaus.
Ficha Técnica
Direção Artística: Miwa Yanagizawa / Texto: Carla Faour / Diretora Assistente: Maria Lucas / Idealização e Direção Geral: Felipe Valle / Direção de Produção: Bárbara Galvão (Pagu Produções Culturais) / Coordenação de Projeto: Trupe Produções Artísticas / Elenco: Juliana Trimer e Mika Makino / Direção Sonora, Trilha Original e Preparação Vocal: Azullllllll / Direção de Arte: Teresa Abreu / Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni / Produção Executiva: Bem Medeiro / Produtora Assistente: Natalia Dias / Produção Local: Sacha Alencar / Assistente de Produção Local: Brenn Souza / Design Gráfico e Fotografia: Daniel Barboza / Assessoria de Imprensa: Maria Meirelles / Produtora Associada: Pagu Produções Culturais / Realização: Trupe Produções Artísticas / Patrocínio: Petrobras