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MEIO AMBIENTE

Dados apontam alta vulnerabilidade dos municípios do Acre a desastres hidrológicos

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Levantamento da plataforma Adapta Brasil mostra que 17 dos 22 municípios do Acre apresentam alta ou muito alta vulnerabilidade a desastres hidrológicos, como enchentes, enxurradas e alagamentos. O dado reflete um cenário recorrente no estado, que, entre 2023 e 2024, registrou cheias e secas em sequência, afetando milhares de pessoas.

De acordo com os dados, no índice de vulnerabilidade, 15 municípios estão na classificação “muito alto”, cinco em “alto” e apenas dois aparecem em níveis mais baixos. No índice de risco para inundações, enxurradas e alagamentos, 11 municípios estão em nível médio, cinco em baixo, cinco em alto e um em muito alto. Tarauacá é o único município que aparece no nível de risco muito alto.

No índice de capacidade adaptativa, que mede a capacidade dos municípios em lidar com esses eventos, o cenário também é de alerta. Dez municípios estão na classificação de “muito baixo”, seis em “baixo”, cinco em “médio” e apenas Rio Branco aparece no nível “alto”.

Cheias e secas em sequência

Em março de 2024, o Acre enfrentou uma das maiores enchentes de sua história. Dezenove municípios decretaram situação de emergência. Só em Rio Branco, o nível do Rio Acre chegou a 17,89 metros, o segundo maior já registrado na capital. Mais de 14 mil pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas, segundo dados da Defesa Civil.

Poucos meses antes, no segundo semestre de 2023, o estado enfrentou uma das piores secas da série histórica. Rios chegaram a níveis críticos, comprometendo o abastecimento de água em vários municípios. A estiagem prolongada gerou dificuldade de navegação, desabastecimento e aumento dos focos de queimadas.

Estudos relacionam impactos à crise climática

Pesquisas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) apontam que o aumento da frequência de eventos extremos no Acre está associado às mudanças climáticas. Estudos indicam que há um aumento da intensidade das chuvas em curtos períodos, intercalado com longos períodos de seca.

A redução da cobertura florestal também é apontada como fator que agrava a situação, reduzindo a capacidade de retenção de água no solo e aumentando a velocidade do escoamento das águas, o que potencializa enchentes e enxurradas.

Ações de resposta e prevenção

Diante do cenário, os governos estadual e municipais têm reforçado as ações de monitoramento e elaborado planos de contingência. Entre as medidas estão a instalação de sistemas de alerta, a ampliação do monitoramento dos rios e a adoção de protocolos para realocação de famílias em áreas de risco.

A Defesa Civil estadual também mantém acompanhamento permanente dos níveis dos rios e já articula, com o governo federal, apoio para ações emergenciais em caso de novos desastres.

Os dados do Adapta Brasil indicam que, mesmo com medidas emergenciais, o Acre enfrenta desafios estruturais para reduzir sua vulnerabilidade climática. A expectativa é que os eventos extremos se tornem mais frequentes nas próximas décadas, exigindo investimentos em infraestrutura, planejamento urbano e políticas públicas de adaptação.

MEIO AMBIENTE

Francisco Piyãko avalia 17 anos do Fundo Amazônia e projeta novos rumos

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O Fundo Amazônia, criado em 2008 e gerido pelo BNDES sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente, completou 17 anos em 2025 consolidando-se como o maior programa de financiamento de políticas públicas e projetos socioambientais voltados à conservação da floresta e ao fortalecimento das populações tradicionais. Nesse marco, a participação de lideranças indígenas foi central, entre elas a de Francisco Piyãko, coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ) e liderança Ashaninka da comunidade Apiwtxa, em Marechal Thaumaturgo (AC).

Participação no evento “Raízes e Rumos”

Durante a celebração dos 17 anos, em Manaus, nos últimos dias 12 e 13, Piyãko destacou a relevância do Fundo Amazônia como instrumento estratégico de proteção territorial. “Nós povos indígenas, seja aqui no Juruá ou em qualquer lugar onde a gente esteja, lutamos para manter os nossos direitos já conquistados. Não estamos inventando nada. E a gente tem que estar sempre atento, porque dá pra ver que tem muitos trabalhando pra tirar esse direito”.

O dirigente da OPIRJ sublinhou que o encontro foi também um espaço de avaliação: “Foi feito um trabalho de alinhamento, em olhar para o futuro. A partir dessas experiências, a gente foi olhando onde tem que mudar, onde tem que melhorar para ajustar cada vez mais. Esse programa ganha muita confiança hoje, tanto nos territórios quanto na esfera nacional e internacional”.

A trajetória do Fundo Amazônia com a Apiwtxa e a OPIRJ

A comunidade Apiwtxa, referência na luta pelo território Ashaninka, foi protagonista no acesso direto ao Fundo Amazônia. Entre 2015 e 2018, coordenou o Projeto Alto Juruá, com investimento de R$ 6,5 milhões, voltado ao manejo agroflorestal, monitoramento territorial e fortalecimento comunitário. A avaliação independente realizada pela GIZ mostrou que, durante sua execução, a taxa de desmatamento nas áreas apoiadas caiu em 64,6%, resultado muito acima da média dos demais projetos financiados no período.

A partir dessa experiência, a OPIRJ estruturou o projeto Gestão Territorial, retomado em 2023 após a reativação do Fundo, com foco na proteção e gestão de 13 Terras Indígenas da região. Em 2023, a parceria foi ampliada com a assinatura de contrato de R$ 33,6 milhões entre BNDES e OPIRJ, na presença das ministras Marina Silva e Sônia Guajajara e da presidenta da Funai, Joenia Wapichana.

“Esse é um projeto básico para a gente começar e dar para fazer muito trabalho nessas comunidades indígenas. A gente tem o desafio e o compromisso de fazer esse projeto andar de acordo com seu espírito”, afirmou Piyãko, ao lado de lideranças indígenas e autoridades federais.

Impactos e desafios

O Fundo Amazônia, segundo Piyãko, transformou-se em um caminho para a ampliação de recursos destinados diretamente aos territórios, durante o evento dos 17 anos, ele pontuou a necessidade de avanços também: “Tem um desafio muito grande que a gente colocou: como acessar de maneira direta esses recursos. Às vezes o programa é muito bem elaborado, mas a ponta tem dificuldade de acessar. Estamos nesse processo”.

Ele destacou ainda que os critérios de acesso — como capacidade técnica e compromisso com a causa ambiental — são fundamentais: “Tem que ter capacidade técnica e compromisso com a causa ambiental, com as populações tradicionais. Isso às vezes incomoda alguns porque querem ter o recurso, mas não têm o compromisso”.

Perspectiva histórica e política

No balanço, Piyãko reconheceu o Fundo Amazônia como o maior programa de impacto direto na proteção territorial: “É o maior programa que a gente teve nesses últimos tempos, que traz resultado, que impactou direto nos territórios para proteção, para manter a floresta de pé, fortalecendo as comunidades e as organizações locais, equipando o Estado e investindo em ciência e tecnologia”.

A trajetória, porém, não foi linear: o programa foi paralisado entre 2019 e 2022, durante o governo Bolsonaro, o que comprometeu a continuidade de projetos em curso. A retomada a partir de 2023 recolocou em pauta iniciativas indígenas de gestão ambiental e fortalecimento comunitário.

Avanço no Juruá

Francisco Piyãko lembrou que a história da comunidade Apiwtxa abriu o caminho para o protagonismo indígena no Fundo Amazônia. “A experiência da Apiwtxa mostrou que nós tínhamos condições de acessar diretamente esses recursos e transformar em resultados concretos para o território. Ali começamos com o Alto Juruá e provamos que era possível”, destacou.

Ele explicou que esse percurso levou à criação de um novo projeto, com a OPIRJ, tendo assim uma articulação regional capaz de ampliar o alcance das ações. “Hoje, com a OPIRJ, conseguimos avançar para as 13 terras indígenas do Juruá. Essa ligação entre o que fizemos na Apiwtxa e o que estamos fazendo agora com a OPIRJ é muito grande, porque mostra que não é um projeto isolado, mas uma construção coletiva para o futuro do nosso povo”, afirmou.

Para Piyãko, a consolidação desse processo representa um marco para todo o Vale do Juruá. “O tamanho disso é que agora não é só uma comunidade, mas uma região inteira fortalecida. O Fundo Amazônia nos permitiu dar esse salto e mostrar que o Juruá pode ser referência de gestão territorial e de sustentabilidade para a Amazônia”, concluiu.

O Projeto Gestão Territorial, coordenado pela OPIRJ com apoio do Fundo Amazônia, beneficia cerca de 11 mil pessoas. A iniciativa está estruturada em quatro eixos: fortalecimento institucional das organizações indígenas, aquisição de equipamentos e infraestrutura, promoção de atividades produtivas sustentáveis e valorização cultural. Entre as ações em andamento estão a capacitação de lideranças, a criação de planos de gestão territorial e ambiental, e o apoio a associações e cooperativas indígenas para ampliar sua capacidade de representação e de diálogo com instituições públicas e privadas.

Na prática, o projeto vem implementando sistemas agroflorestais, investindo em segurança alimentar e na recuperação de áreas degradadas, além de organizar estratégias de monitoramento para proteger os territórios contra invasões e pressões externas. Também promove estudos e pesquisas sobre o patrimônio cultural material e imaterial dos povos indígenas do Juruá, fortalecendo identidades e tradições locais. Com esse conjunto de medidas, o Gestão Territorial busca consolidar um modelo de desenvolvimento que alia proteção ambiental, autonomia comunitária e geração de renda sem abrir mão da floresta.

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MEIO AMBIENTE

Pesquisa da USP identifica microrganismos da Amazônia com uso agrícola e farmacêutico

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Um estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) identificou microrganismos de solos amazônicos com potencial para aplicação na agricultura e na indústria farmacêutica. A pesquisa foi realizada em parceria com a USP de São Carlos e a Simon Fraser University, do Canadá, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Contexto e objetivo

O trabalho foi desenvolvido pela bióloga Naydja Moralles Maimone, no Laboratório de Microbiologia Agrícola e Química de Produtos Naturais da Esalq-USP, sob orientação da professora Simone Lira. As amostras analisadas já estavam preservadas no Laboratório de Genética de Microrganismos e passaram por testes para identificar propriedades de interesse agronômico e medicinal.

Resultados da pesquisa

Duas linhagens de actinobactérias se destacaram. A Streptomyces sp. AM25 apresentou capacidade de promover o crescimento de plantas e inibir fungos que atacam culturas como soja, milho e tomate. A Streptantibioticus sp. AM24 produziu duas moléculas inéditas da classe das acidifilamidas, incluindo uma com modificação estrutural não registrada anteriormente em microrganismos.

A investigação utilizou técnicas de genômica e metabolômica para associar genes e compostos bioativos a funções específicas. O método permitiu mapear substâncias com potencial para o desenvolvimento de bioinsumos e de novos medicamentos.

Repercussão e próximos passos

Segundo os pesquisadores, a biodiversidade microbiana da Amazônia permanece pouco explorada e representa uma oportunidade estratégica para gerar soluções sustentáveis. A aplicação prática dos resultados depende de etapas de validação, parcerias com empresas e cumprimento da legislação sobre uso de recursos genéticos.

Importância do estudo

O levantamento reforça o papel da Amazônia como fonte de inovação científica e tecnológica, com impacto direto na segurança alimentar, na preservação ambiental e na descoberta de novos fármacos.

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MEIO AMBIENTE

Estudo aponta degradação acelerada na Amazônia e alerta para necessidade de frear pressões humanas

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Um levantamento conduzido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) indica que a floresta amazônica enfrenta um processo de degradação mais severo do que se estimava anteriormente. A pesquisa revisou quatro décadas de dados e aponta que o fenômeno, descrito como “efeito martelo” — resultante de pressões diretas como desmatamento, queimadas, exploração madeireira e fragmentação — já está em curso, mas pode ser revertido se houver redução imediata dessas ações.

Segundo o pesquisador Paulo Brando, da Universidade de Yale e associado ao Ipam, ao contrário do chamado “efeito dominó” climático — colapso abrupto e irreversível — o “efeito martelo” ainda permite recuperação, desde que as fontes de degradação sejam controladas.

O estudo foi divulgado em meio à sanção presidencial da nova lei de licenciamento ambiental, aprovada com 63 vetos. Apesar de dispositivos de proteção mantidos pelo governo, especialistas alertam que mudanças nas regras podem acelerar a liberação de grandes empreendimentos na Amazônia, aumentando a pressão sobre o bioma.

Dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima mostram que, entre agosto de 2024 e julho de 2025, a área sob alertas de desmatamento cresceu 4%, atingindo 4.495 km², com destaque para o avanço do uso do fogo, responsável por 15% da derrubada no período. O secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco, atribui o aumento às secas extremas e ao uso deliberado de incêndios como método de abertura de áreas.

A pesquisa identifica o “Arco do Desmatamento”, no sudeste da Amazônia, como a área mais vulnerável, onde cerca de 70% das terras convertidas viraram pastagens de baixa produtividade. Brando destaca que a maior parte da derrubada é ilegal, relacionada à grilagem, exploração madeireira clandestina e avanço sobre áreas protegidas, com impactos climáticos e sociais significativos.

O estudo reforça que 80% das áreas agrícolas do país dependem das chuvas originadas em terras indígenas amazônicas, que irrigam 18 estados e o Distrito Federal. Para conter o avanço da degradação, são recomendadas medidas como compromissos de desmatamento zero em cadeias produtivas, incentivo a sistemas agroflorestais, pagamentos por serviços ambientais e eliminação de subsídios a atividades destrutivas.

Brando conclui que a redução do desmatamento deve ser prioridade nas políticas ambientais, por ser a medida mais eficaz para evitar o colapso da floresta.

Foto: Fernando Martinho / Repórter Brasil

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